William: «O pensamento mesquinho impede que o futebol português dê o salto»

26 set 2000, 18:22

Pronto para voltar aos relvados, o central brasileiro falou ao Maisfutebol Preocupado com a perda de competitividade dos nossos clubes, William constata que a qualidade é pior do que era quando abandonou o Benfica. Ansioso por regressar à competição, o central brasileiro confessa que o coração mandou neste regresso a Guimarães

Ansioso pelo regresso à competição, William é um dos trunfos de Paulo Autuori no Guimarães 2000/2001. Defesa-central com provas dadas no futebol português, o brasileiro não vê a hora de regressar ao grandes palcos. Esse dia ainda não chegou, por força de uma lesão que o perseguiu neste início de época, mas William está seguro de que em breve poderá concretizar o desejo do regresso. 

«Sinto-me cada vez melhor. Espero que em breve possa jogar com uma certa regularidade. Há cerca de 15 dias, voltei a treinar nas melhores condições e espero estar à disposição do treinador o mais breve possível. Sinto saudades de competir. Quem sabe se não será já no sábado? Na jornada seguinte, há um jogo nas Antas. Esses é que são jogos bons, daqueles que os futebolistas gostam», confessa William. 

Em declarações públicas recentes, Paulo Autuori revelou que pretende experimentar um sistema de três centrais, no qual William se afigura como o elemento ideal para ocupar o vértice principal desse triângulo. Questionado sobre essa hipótese, o jogador não quis pronunciar-se sobre tácticas ou esquemas de jogo: «Como futebolista, sou apenas um praticante. Os treinadores é que escolhem as tácticas, eles é que têm de perceber disso. Só tenho que respeitar e tentar pôr em prática a missão que me foi atribuída». 

William deixou Guimarães há 10 anos. Chegou à cidade-berço com apenas 20 anos, depois de duas épocas no Nacional. A temporada que viveu na cidade minhota projectou-o para o Benfica, clube que representou durante cinco épocas. Depois de sair da Luz, rumou a Bastia, de onde seguiu para Compostela, onde esteve durante quatro anos.  

No regresso à cidade-berço, William vê muitas mudanças: «O Guimarães de hoje é completamente diferente. É um clube muito mais estruturado, com condições excelentes, que só os grandes clubes podem ter. Falando da equipa, ainda é relativamente cedo para fazer juízos. Houve muitas contratações, muitos jogadores novos, há que ter tempo para adaptações, para integrações. Isso passa-se em todos os plantéis do mundo». 

Pressão é coisa que não assusta o central brasileiro. Ele está habituado a ela ¿ e sabe que em Guimarães exige-se muito: «Os sócios são exigentes. E com razão, em todo o mundo é assim. Mas os jogadores são profissionais e têm que ultrapassar essa exigência. Isso é importante, porque nós somos exigentes connosco próprios e queremos alcançar um objectivo. Por isso, é normal que as pessoas também o queiram». 

Um forte motivo chamado... Paulo Autuori 

Um dos grandes motivos que levou William a decidir regressar a Guimarães chama-se... Paulo Autuori. O treinador do Vitória está directamente ligado ao percurso e William ¿ orientou-o no Nacional, no Guimarães e no Benfica. «O Paulo foi sempre um lutador. Sempre com o seu estilo de muito diálogo com os futebolistas e de mostrar facetas do futebol ligadas totalmente à vida do dia-a-dia, tentando, antes de tudo, que os futebolistas compreendam o que devem fazer. É fundamental defendermos uma ideia e saber que ideia vamos defender, para estarmos todos unidos em torno dela. Independentemente de ganharmos ou não, é fundamental estarmos com o treinador até à morte». 

A identificação com Autuori foi, por isso, um dos seus argumentos para voltar a Guimarães: «Teve um grande peso na minha decisão de voltar, sim. Tinha mais um ano de contrato no Compostela e gostava muito de lá estar. Santiago é uma cidade encantadora, onde há tudo e onde tenho muitos amigos. Mas Guimarães foi o sítio onde quase tudo começou para mim: sucessos, insucessos, casamento... É voltar um pouco ao começo, o que também é importante». 

O regresso a Portugal é, assim, um regresso sentimental ¿ tem a ver com razões do coração e essas, muitas vezes, valem mais do que as razões racionais. Puxando pela memória, William recorda os seus melhores tempos no futebol português: «Cheguei ao Nacional da Madeira com 18 anos. Fui para o Guimarães dois anos depois e cheguei ao Benfica com 21 anos, bastante cedo. Tive alguma sorte na forma como as coisas me aconteceram. No Benfica, joguei com grandes valores. Fui campeão no primeiro ano e fiz todos os minutos do campeonato».  
 

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