Leixões à procura de um regresso ao passado

27 nov 2000, 19:48

Vitória em Coimbra fez recordar bons velhos tempos Os tempos de glória estão cada vez mais distantes, mas a vitória de ontem em Coimbra provou que o Leixões ainda pode dar um ar da sua graça. O grande capital do clube de Matosinhos está na formação: não é por acaso que vários jogadores que estão agora na I Liga saíram das escolas do clube leixonense...

Uma vitória a fazer lembrar os bons velhos tempos. O Leixões está bem longe dos seus dias mais felizes, é certo, mas o triunfo de ontem em Coimbra recolocou o clube leixonense nas atenções dos adeptos de futebol.  

Um duelo Académica-Leixões pode já não ser o que era. Chegou a constituir um clássico entre duas equipas com um grande historial, antes de ambos os clubes terem perdido a aura de um passado não muito distante. O Leixões, sobretudo, está arredado da divisão principal há vários anos e não se antevêem tempos dourados, pelo menos no futuro mais próximo. Mas não foi por acaso que a partida de ontem para a Taça de Portugal foi uma das que mais expectativas gerou. O triunfo dos leixonenses por 2-1, em Coimbra, aponta para a imprevisibilidade que sempre acompanha esses encontros.  

Em conversa com o Maisfutebol, António Pinto, o treinador do Leixões, revela o seu maior desejo em relação à próxima eliminatória da Taça: «Gostava que nos calhasse um grande, no nosso estádio. Seria óptimo para a receita e seria também um prémio para estes jogadores». 

Entre os três clubes englobados nesse desejo, António Pinto nutre uma ligeira preferência pelos dois de Lisboa: «O Benfica ou o Sporting talvez atraíssem mais gente, dado que têm muitos adeptos no Norte do país. O F.C. Porto é um clube muito próximo geograficamente, os adeptos do Leixões que querem vê-lo podem ir às Antas. Um jogo com Benfica ou Sporting talvez fosse mais interessante».  

António Pinto considera ter sido «justa» a vitória da sua equipa em Coimbra. O Leixões chegou a estar a perder, mas conseguiu dar a volta: «Previmos que a Académica iria entrar ao ataque e isso verificou-se. Acabaram por chegar ao golo com alguma naturalidade. Tivemos que alterar a estratégia e foram os jogadores que entraram que marcaram os golos que nos deram a qualificação». 

Longe dos grandes palcos 

A equipa de Matosinhos milita na Zona Norte da II Divisão B, encontrando-se no quinto posto, com 17 pontos, a sete do líder Vizela. Uma posição não muito confortável para quem, como o Leixões, tem a pretensão de subir à II Liga: «É essa a nossa meta. Sabemos que não vai ser fácil, porque há muitos candidatos e só sobe um. Claramente, houve três ou quatro equipas que apostaram mais forte do que nós: o Moreirense, o Vizela, o Famalicão, o Esposende...» António Pinto explica, por isso, que é impossível prometer o que quer que seja, muito menos apontar uma data para o regresso do Leixões ao escalão principal. 

E isto porque a empresa de tentar subir à II Liga é uma das mais difíceis de concretizar no panorama dos quadros competitivos do futebol português. Há 20 clubes na Zona Norte (mais dois que na I e II Liga) e só sobe uma equipa. António Pinto discorda do modelo: «Torna-se ingrato para muitos clubes. Há o perigo de uma equipa se destacar muito cedo, o que leva a que várias equipas que lutavam pela subida façam muitos jogos sem objectivos. Isso dá azo a salários em atraso e outro tipo de problemas muito comuns à II Divisão B». Que solução, então, poderá ser encontrada? «Não sei, não me compete a mim responder a isso. O que sei é que deve ser feito um estudo muito aprofundado sobre esse problema, de modo a ser encontrado um modelo mais justo».  

A verdade é que, pelo menos durante esta época, vigorará o sistema de só um subir. E um dos maiores adversários do Leixões nessa luta é o Moreirense, equipa que assinou ontem uma das maiores surpresas da Taça, ao bater o Vitória de Guimarães. Moreirense e Leixões encontram na próxima jornada, em Moreira de Cônegos: «Vai ser um jogo muito emocionante. Admito que o Moreirense é favorito, está muito moralizado, mas pode ser que a surpresa, desta vez, sejamos nós a fazê-la...» 

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