Sonhos de Rafael desenhados na areia

28 ago 2000, 17:40

Avançado do Paços de Ferreira começou no futebol de praia Ao serviço da selecção brasileira de futebol de praia, teve o Mundo a seus pés. Somou títulos e momentos de glória, mas a possibilidade de jogar na Europa foi mais forte. Rafael chegou ao Paços de Ferreira na época passada, experimentou momentos difíceis, mas o golo frente ao Aves abre-lhe o futuro de esperança.

As palavras podem ser discretas, mas a forma como joga não passa despercebida. Rafael envolve a bola com uma subtileza invulgar e depois liberta-a com a sagacidade de um veterano. E ainda tem tempo para marcar golos, capazes de erguer estádios de paixão. Ontem foi um dos heróis da segunda jornada, ao obter o primeiro golo do Paços de Ferreira, na vitória frente ao Aves (2-0). Num salto ao estilo de Mário Jardel ludibriou os defesas e colocou a bola no fundo das redes. Sem espinhas. 

Mas a verdadeira história do avançado pacense não se fecha num só jogo. Aqui vai: Rafael foi profissional de futebol de praia durante dois anos (de 97 a 99) e, ao serviço da selecção brasileira, coleccionou viagens, títulos e horas de fama. Sagrou-se campeão mundial no Uruguai, na Malásia e venceu a Copa América do Sul. Pequenos retalhos da vida de um dianteiro, que de repente se sentiu atraído pela possibilidade de jogar na Europa. 

«Andava sempre com a casa às costas. Era capaz de estar dois meses em competição e depois parava outro tanto tempo. Sentia que podia render ainda mais, para não falar no aspecto financeiro. Jogar na Europa era o meu grande sonho, até que surgiu uma oportunidade. No início da época passada, o meu empresário colocou-me à experiência no Paços de Ferreira e acabei por ficar», afirmou ao Maisfutebol, num exercício espontâneo para quem as recordações ainda se mantêm bem presentes. 

Sorte e azar... 

Tudo corria bem, quando Rafael contraiu um nódulo no tendão rotuliano, que o afastou da competição durante a primeira volta do campeonato da II Liga. «Foi mau, um momento muito triste», recorda, não conseguido disfarçar um longo suspiro. «Só regressei em Fevereiro, mas o clube esteve sempre ao meu lado, assim como a minha esposa e o meu empresário. Isso já pertence ao passado», completa, dando a entender que prefere mudar de assunto. 

E, quase sem se dar conta, conduz o diálogo para o golo de ontem, frente ao Aves, e escapa a todas as perguntas. De um minuto para o outro, o seu estado de espírito sofre uma enorme mutação, ao mesmo tempo que as sílabas se rebuscam na felicidade de quem já superou os problemas. O futuro abre-se aos seus pés, num clique de magia. 

«Aquele golo foi dedicado à minha filha que vai nascer. Antes do jogo, disse isso à minha mulher e, felizmente, cumpri a promessa. Neste momento, o meu grande objectivo é ajudar o Paços de Ferreira a fazer uma boa época. Depois, quero dar o salto e jogar numa equipa mais ambiciosa», concretiza Rafael, 26 anos, um golo e um rol de esperanças.

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