Mário Silva, o Lizarazu de Nantes

18 jul 2000, 20:02

«Vinda para França foi uma grande prenda» Em conversa com Maisfutebol, o lateral-esquerdo dá conta dos primeiros passos no seu novo clube. Mesmo longe da forma ideal, já recebe elogios da imprensa francesa

Qualquer semelhança entre Mário Silva e Bixente Lizarazu é pura coincidência. Será mesmo? A Imprensa francesa não poupa elogios ao novo reforço do Nantes, que foi baptizado com o apelido do internacional francês. Uma dura responsabilidade para um jovem de 23 anos, ainda em fase de adaptação à cidade e ao clube com o qual rubricou contrato por quatro temporadas. Mas o ex-jogador do Boavista não está deslumbrado com a sua nova alcunha, nem sequer intimidado. Vedetismos à parte, numa conversa via telefone com o Maisfutebol: 

«O Lizarazu é um grande jogador. É evidente que estou muito orgulhoso por ser comparado a ele, mas eu sou eu. Acho que temos características diferentes e só espero atingir o seu nível no campeonato francês», afirma Mário Silva com a simplicidade que lhe é reconhecida. Mas sobre este assunto, o jovem reforço não se alargou muito, ao contrário dos outros temas abordados.  

No entanto, nem tudo é um mar de rosas. Para já, uma grande contrariedade: o idioma. O mais recente reforço do Nantes está a ter alguns problemas de adaptação, simplesmente porque ainda não domina a língua francesa. Há uma semana que vive num hotel ¿ ainda não arranjou casa ¿ e o seu dia-a-dia é construído com a ajuda de um professor de francês contratado pelo clube. 

«Estou a ter alguns problemas de adaptação, mas isso é normal. O idioma tem sido um grande obstáculo, que só será superado com o tempo. Aliás, já me disseram que os primeiros meses são difíceis e para não pensar muito no assunto. Tanto eu como a minha esposa estamos a aprender intensamente a língua francesa com a ajuda de um professor, que nos acompanha para todo o lado. Só espero ser um bom aluno durante as próximas duas semanas», desabafou. 

«Ainda não estou no meu melhor» 

Mário Silva confessou ao Maisfutebol que tinha uma ideia errada sobre os franceses: «Pensei que fossem antipáticos e frios, especialmente com os estrangeiros mas isso não corresponde à verdade. Bem pelo contrário. As pessoas com quem tenho tomado contacto são profissionalizadas e muito prestáveis, sempre prontas a ajudar. Tanto os dirigentes como os jogadores convidam-me para ir jantar a casa deles. Noto que estão todos a fazer esforços para me integrarem o mais depressa possível». 

Mas das palavras do ex-defesa do Boavista também se compreende que a paciência é a sua grande máxima: no saber esperar está o ganho. No próximo sábado, o Nantes defronta o Mónaco, de Costinha, num encontro a contar para a Supertaça francesa, e Mário Silva não está obcecado com a sua estreia, pois precisa de melhorar os índices físicos. 

«Sinto que ainda não estou no meu melhor. Os meus colegas estão noutro patamar físico, se calhar porque estão a trabalhar há mais tempo. Gostava muito de jogar no sábado, mas sei que ainda não estou bem. No Nantes, a concorrência é como no Boavista, difícil. Na minha posição actua um jovem de 19 anos com valor, mas conto com a titularidade. Só espero não ter lesões», afirmou. 

A pergunta era óbvia, mas Mário Silva fez questão de dissipar todas as dúvidas: O Nantes é melhor do que o Boavista? «São clubes semelhantes porque lutam sempre por um objectivo europeu. Depois, ambos apostam na juventude e em jogadores formados nas escolas. A política desportiva é idêntica. Sinto que o Nantes está no top do futebol francês, já ganhou um campeonato e as duas últimas edições da taça. As pessoas são extremamente profissionais e simpáticas», reforçou, não poupando elogios aos responsáveis que o têm ajudado na sua integração. 

«Benfica? Só pelos jornais» 

Muito se falou do interesse do Benfica no actual defesa-esquerdo do Nantes, mas Mário Silva desconhece qualquer aproximação. «Essa pergunta tem de ser feita ao presidente do Boavista. Tudo o que sabia era pelos jornais e estou perfeitamente à vontade para falar nisso. Nunca ninguém, tanto do Boavista como no Benfica, falou comigo sobre isso. A única proposta concreta foi do Nantes, que acabou por ser uma grande prenda para mim, depois de ter sofrido uma lesão grave em que se questionou a minha continuidade no futebol», referiu, aludindo ao traumatismo sofrido no rim. 

No seu coração há sempre um cantinho para o Boavista, clube que o fez nascer para o futebol. A distância entre Nantes e a cidade do Porto pode ser enorme, mas Mário Silva não pára de pensar no clube axadrezado. «Vou mandar um fax ao Boavista para desejar a todos um futuro ainda melhor do que o passado, quando fazia parte da equipa. Faço-me entender? Nos últimos cinco anos, conquistámos uma Taça de Portugal, uma supertaça e garantimos o acesso à Liga dos Campeões. Eu estava nessas equipas, mas espero que os próximos tempos ainda sejam melhores», finalizou.

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