Listas PSD: Paulo Rangel e Rui Rio procuram entendimento

2 dez 2021, 23:01
Rui Rio festeja vitória nas diretas do PSD (José Coelho/Lusa)

A CNN sabe que os dois adversários já falaram ao telefone e ficaram de voltar a conversar para tentar um sinal de união do partido para o combate das legislativas. Mas primeiro ainda falta a guerra das listas de deputados e a direção nacional vê “provocação” nas indicações das distritais

As listas para deputados não estão fechadas e a aposta da direção nacional do PSD é guardar o jogo bem guardado até ao limite. Nada dizer, oficialmente, até à reunião da comissão política que antecipa a do conselho nacional, ambas no próximo dia 7, terça-feira, em Évora. Até para prevenir concertação de estratégias que possam levar a que a lista seja chumbada. 

Segundo apurou a CNN, de fontes que estiveram envolvidas em ambas as candidaturas, Paulo Rangel e Rui Rio já falaram, “longamente”, depois da noite de sábado e ainda devem voltar a conversar antes de se encontrarem terça-feira no Conselho Nacional. Não é ainda certo o alcance do entendimento que pode daí resultar, mesmo depois dos discursos apaziguadores de um e de outro, na noite de sábado, e tendo em conta que é preciso unir esforços para as legislativas. Alguns conselheiros nacionais acreditam que Paulo Rangel pode garantir uma quota mínima - e sublinham "mínima'' - de deputados que a direção nacional não indicasse por sua iniciativa. Contando que não estejam nas “linhas vermelhas” de Rui Rio. E por linhas vermelhas, entendam-se todos os que o líder social-democrata considera que foram desleais, alguns deputados que já se auto-excluíram - como Margarida Balseiro Lopes e Pedro Rodrigues - a presidentes de distritais e concelhias que foram nas anteriores listas, mas que entretanto apoiaram Paulo Rangel, casos do Porto e Gaia, por exemplo.

Os apoiantes do eurodeputado estão a contar com a intervenção de Rangel para garantir que não são excluídos. Do outro lado, fontes da direção nacional acreditam que os resultados dos últimos conselhos nacionais, desfavoráveis a Rio, dificilmente seriam repetíveis depois da reeleição no sábado, porque poucos se atreveriam a afrontar, cara a cara, a estratégia que foi legitimada nas diretas. Mesmo entre os apoiantes de Paulo Rangel, existe a ideia de que as maiorias formadas nas duas últimas reuniões já não existem tal como estavam antes; a divisão interna, que permanece, pode expressar-se mais facilmente nas listas aos órgãos nacionais do partido, no congresso que será daqui a duas semanas.

No meio da informação e contrainformação que sempre circula por estes dias, a direção nacional do PSD fez saber hoje que está “incrédula” com os nomes que estão a ser propostos pelas distritais, nomeadamente de Lisboa e do Porto. É a expressão usada por mais do que uma fonte ligada ao processo para descrever a reação aos nomes, quase todos apoiantes de Paulo Rangel, “como se não se tivesse passado nada no sábado”. 

A vitória de Rui Rio não se reflete em nenhuma das indicações apresentadas por estas estruturas e as listas finais não vão, provavelmente, assemelhar-se em nada, ou quase nada, aos nomes agora sugeridos.

Nomes novos, independentes e a recompensa aos “competentes e leais”

No Porto, em concreto, a lista que a distrital enviou é quase igual à de há dois anos, dizem fontes da direção do PSD, reforçando que é inaceitável que alguns dos principais apoiantes de Paulo Rangel não retirem consequências.

A assembleia distrital para aprovação das listas foi particularmente tensa, com pedidos de demissão da comissão política distrital ou - no mínimo - que anunciasse que saíria após as legislativas, segundo relatos de militantes presentes. Muitas das intervenções criticaram não apenas o apoio público da distrital, declarado sem ouvir as bases, mas sobretudo os termos do comunicado que afirmava que Paulo Rangel era o único candidato capaz de liderar, unir e galvanizar o partido. Os militantes não perdoaram, Rui Rio ainda menos.

Não será por isso uma surpresa que nem Cancela Moura (da concelhia de Gaia) e nem Alberto Machado, da distrital, possam esperar manter-se como candidatos a deputados, tal como Carla Barros, dos TSD, que também apoiou Rangel.

Ao contrário, há nomes que não constam das indicações feitas e que quase garantidamente lá constarão: caso de Hugo Carneiro (secretário-geral adjunto), de Catarina Rocha Ferreira e de Paulo Rios Oliveira, que devem repetir-se nas listas de deputados. Basta pensar no que sugeriu o próprio Rui Rio, em entrevista à CNN, quando prometeu escolher os que foram competentes e leais. Hugo Carvalho, que foi cabeça de lista há dois anos no Porto (Rio foi número dois), pode desta vez liderar a lista de Viseu, sua terra natal.

O objetivo do presidente reeleito do PSD será também, segundo fonte próxima do processo, tentar incluir igualmente nomes “novos e frescos”, e alguns independentes até, da academia e do mundo empresarial, que possam eventualmente ser “pescados para o governo”. Se o PSD lá chegar.

Decisão sobre coligação com CDS ainda em aberto

A convocatória do Conselho Nacional do próximo dia 7, marcado para Évora, inclui a votação de uma "eventual proposta sobre participação em coligação eleitoral de âmbito nacional" e essa parece ser a vontade de Rui Rio, mesmo que a maior parte da Comissão Política Nacional já tenha sinalizado que não aprova.

Os líderes dos dois partidos chegaram a ter uma reunião marcada para o final de outubro, que foi adiada, e ficaram, sabe a CNN, de falar “nos próximos dias”.

 

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