Benfica-Beira Mar, 4-1 (crónica)

27 ago 2000, 22:15

Aveirenses enjoaram no «carrossel» da Luz Jupp Heynckes arriscou e ganhou. O Benfica jogou com três centrais e tudo lhe saiu bem, inclusive a hora a que os golos iam entrando na baliza do Beira Mar. O quintento do meio-campo encarnado baralhou por completo os homens de António Sousa, incapazes de uma reacção que pudesse estragar a reconciliação da equipa com o público da Luz. Será este o verdadeiro Benfica?

Vencer, convencer e ter prazer. Rima, provavelmente soa mal, mas é o resumo perfeito daquilo que o Benfica fez ao final da tarde de hoje (domingo) no Estádio da Luz, em jogo que terminou com vitória de 4-1 dos encarnados sobre o Beira Mar. 

Jupp Heynckes, que ninguém assume mas todos pressentem ter a cabeça a prémio em função dos maus indicadores da pré-temporada, desta vez ousou e levou a melhor. 

Na hora de atribuir os louros será fácil afirmar que foram os jogadores os únicos responsáveis pelo sucesso. Foram os maiores, claro que sim, mas convém sublinhar que o treinador do Benfica foi arrojado na implementação de um sistema novo, com três defesas-centrais, e ganhou assim algum espaço de manobra para gerir a equipa nos próximos tempos. 

Parte dos motivos que levaram à exibição categórica e à vitória concludente dos encarnados reside também no lado aveirense. O Beira Mar não foi bem uma equipa. Andaram onze jogadores a tentar dar, provavelmente, o seu melhor, mas o facto é que pouca comichão fizeram aos donos da casa. 

O Benfica entrou em campo, então, com três defesas-centrais e Fernando Meira logo à frente, pronto para o que desse e viesse na hora de ajudar Paulo Madeira, Marchena e Ronaldo. Não foi preciso muita coisa, logo o ex-vimaranense ficou com espaço para olhar para a frente. 

Meira não necessitou, todavia, de se estender muito. É que uns metros adiante começou cedo a funcionar um «carrossel» eficaz que deixou baralhados os homens de Aveiro. Poborsky, Calado, Maniche, Chano e Sabry mexiam-se bem e trocavam constantemente de posições sem que houvesse por isso descompensações perigosas no miolo do Benfica. 

A vontade de provar que na Luz, afinal, também mora uma equipa a ter em conta não levou os encarnados a mostrar ponta de desespero ou precipitação. 

Pelo contrário, eles divertiram-se a jogar futebol. E quando se está motivado a fazer aquilo de que se gosta tudo fica mais fácil. Aos 17 minutos Sabry abriu as primeiras páginas do seu livro e a Luz sorriu. 

Marcar antes dos 20 minutos frente a equipas que entram em campo preparadas para se defender é, normalmente, uma grande ajuda. O Benfica aproveitou-a e continuou a enredar o Beira Mar numa teia de passes e desmarcações constantes. O 2-0 surgiu com naturalidade e quando os jogadores foram para as cabinas também o público estava já descansado. 

Descontrair é perigoso. Os jogadores do Benfica devem ter recordado isso no balneário durante o intervalo e prepararam-se a contento para a esperada reacção do Beira Mar. 

Ela chegou, muito por força do entusiasmo do recém-entrado Rui Dolores, mas depressa foi manietada. Em jeito de contra-ataque, a aliança checo-egípcia entrou de novo em acção e ofereceu o golo a Maniche, que apareceu no sítio certo para fazer o 3-0. Uma vez mais na hora a que dava mais jeito - estavam jogados 11 minutos da segunda parte e os aveirenses perceberam de vez que nada havia a fazer senão honrar a camisola. 

Óscar fê-lo um bocadinho melhor que os companheiros e aos 65 minutos teve o prémio de consolação: bateu um livre da esquerda, Enke atrapalhou-se com dois beira-marenses que se lhe atravessaram à frente e, sem que a bola tocasse em alguém, deixou-a entrar na baliza. 

Nada que não se resolva em tarde de inspiração. 3-1 era pouco para deixar expresso no livro de registos a superioridade encarnada e Van Hooijdonk percebeu isso. Aos 71 minutos ensaiou, aos 72 minutos concretizou. De livre directo, descaído para o lado esquerdo, rematou para longe do alcance de Avelino, vítima inocente do desacerto do Beira Mar, e fechou a contagem. 

Isidoro Rodrigues, regular no uso do apito e muito esclarecido na aplicação da lei da vantagem, contribuiu para o regresso das tardes felizes ao Estádio da Luz. 

Os jogadores do Benfica gostaram do que fizeram e o público agradeceu. A equipa de António Sousa tem muito para rever, depois de ter sofrido oito golos em dois jogos...

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