José Sócrates critica Costa: "Quem quer maioria absoluta talvez devesse começar por não desmerecer a única que o PS teve"

21 jan 2022, 22:09

Já questionado sobre se Rui Rio seria um bom líder, o antigo governante responde assim: "Perdoe-me, tenha dó". Uma entrevista CNN Portugal

Em entrevista à CNN Portugal, José Sócrates afirmou que quem "quer uma maioria absoluta talvez devesse começar por não desmerecer a única que o Partido Socialista teve na história", referindo-se a 2005 - quando o próprio Sócrates se tornou primeiro-ministro, sucedendo a Santana Lopes.

Reconhecendo que "as maiorias absolutas são muito difíceis", José Sócrates diz que António Costa, ao pedir a maioria absoluta, "está no fundo a responder à questão da governabilidade". "Talvez fosse melhor começar por não, digamos, pôr em causa a história do PS, que teve um momento muito importante em 2005. Nessa altura tivemos um grande projeto e um grande programa, que depois teve as vicissitudes da crise internacional de 2008", disse, destacando que tem acompanhado "com muito interesse" a campanha eleitoral.

Já sobre 2011, ano em que foi chumbado o PEC IV e, posteriormente caiu o seu Governo, José Sócrates não sente que tenha responsabilidade na necessidade de pedir ajuda externa para o país. A responsabilidade, argumenta, está na direita, que se juntou à esquerda para "deitar abaixo o Governo do Partido Socialista". 

"Estava a lutar firmemente para fazer aquilo que todos os países estavam a fazer, a lutar firmemente para não sermos forçados a pedir ajuda", afirmou, sublinhando que "tinha conseguido um acordo - um acordo com o Banco Central Europeu, com a Comissão Europeia e com o Conselho Europeu". Um acordo que a "Assembleia da República deitou abaixo". 

Esta sexta-feira, o ex-ministro de Sócrates, Teixeira dos Santos, contou à Rádio Observador que a decisão de pedir ajuda externa coincidiu com a altura em que a relação entre ambos se deteriorou. "O resultado foi a direita ir para o Governo. O que, na altura, a direita queria era ajustar contas com as políticas sociais e com o estado social", reflete o antigo primeiro-ministro.

Sócrates vai votar em Costa, já sobre Rio: "Perdoe-me, tenha dó"

Sócrates não escondeu que irá votar em António Costa, mas não foi claro sobre se crê que o atual primeiro-ministro é um bom líder para o futuro do país. Disse, em vez disso, que estará ao lado "daqueles com quem sempre esteve". "Vou votar para a reeleição, gostaria que esses meus amigos tivessem sucesso". "Eu gostava que não tivéssemos surpresas. Estamos a ter umas eleições disputadas. É o que é", constatou. Já questionado sobre se Rui Rio seria um bom líder, o antigo governante responde assim: "Perdoe-me, tenha dó".

O ex-governante sublinhou que não se sente magoado com o Partido Socialista e realçou que continua a falar com dirigentes socialistas, até porque muitos deles são seus amigos. "Na política, como noutras atividades, que são muito exigentes e violentas, as amizades são muito fortes", afirmou, explicando que um regresso ao partido não está nos seus planos imediatos. "Não penso  voltar à política."

Sócrates referiu ainda que não tem "uma questão pessoal" com António Costa e voltou a atribuir a sua saída do Partido Socialista a ofensas feitas pelo partido "à sua dignidade". No entanto, separa as águas: "Uma coisa é o PS, outra é a sua direção. Não sou do Partido Socialista, não pertenço ao Partido Socialista, mas eu sou socialista".

O antigo governante, arguido no processo Marquês, disse várias vezes durante a entrevista que não se queria debruçar sobre os temas da campanha, justificando que aquilo que fosse dito "poderia ferir a sensibilidade de algumas pessoas de quem respeita muito". "Quero que as disputas políticas se façam seguindo as regras que a democracia política. Não quero ser um condutor de banco de trás."

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