O árbitro que queria ser ponta-de-lança

16 jan 2002, 00:00

Compaixão «desvirtua» resultados em Inglaterra Uma equipa estava a ser goleada e o árbitro decidiu fazer um golo «para ajudar». Foi aplaudido, mas também suspenso e por isso resolveu deixar o apito. Alguém quer um avançado?

Enquanto em Portugal se trocam argumentos sobre a isenção dos árbitros, os ingleses ficaram a saber que a parcialidade do homem do apito pode não ser mais do que um acto de compaixão. Veja-se o caso do britânico Brian Savill, que, ao olhar para um marcador que registava 18-1, decidiu dar uma mãozinha às vítimas de serviço. Resultado: suspensão. 

Então a história começa assim. Era uma vez um jogo da Taça Bromley a 22 de Setembro de 2001, que colocava frente-a-frente o Earls Colne e o Wimpole 2000, equipas modestas, embora em níveis bem diferentes, como ficou comprovado. Ora a dez minutos do final, o Wimpole, atraiçoado pela sua falta de inspiração, perdia por 18-1 e o árbitro resolveu ajudar. 

Brian Savill aproveitou o descuido (natural) dos jogadores e marcou. «Foi apontado um canto, o avançado do Wimpole cabeceou e a bola veio ter comigo», contou. Mas a história não acaba aqui, é que o juiz ainda admite que, talvez, quem sabe, tivesse marcado com o braço. «Parei com o peito, ou com o braço, já não sei bem, e depois rematei para a baliza», declarou à radio da BBC, no final do encontro. 

Nas bancadas, o público ficou entre o entusiasmo e a surpresa, como recorda o árbitro. «Fui até ao meio-campo a festejar e as cerca de 25 a 30 pessoas que estavam a assistir olhavam para mim, umas espantadas, outras a aplaudir e a rir», lembra. E, pelo meio, houve ainda um aperto de mão de um avançado do Wimpole e um convite do treinador para jogar na semana seguinte. 

A história até podia ter um final feliz, não fosse a Associação de Futebol onde o árbitro estava inscrito ter decidido suspendê-lo. Brian Savill não gostou e vai daí decidiu terminar a sua carreira como juiz. Clubes, do que estão à espera?

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