Beira Mar-F.C. Porto, 1-1 (crónica)

7 out 2002, 23:46

Dragão transformado em caranguejo O F.C. Porto podia ter goleado (marcou cedo), mas baixou os braços ao contrário do Beira Mar.

Pode parecer ironia, mas é a verdade: este resultado nem foi mau para o F.C. Porto. O empate acaba por ser o suficiente para os azuis e brancos manterem a liderança no campeonato, deixando o Benfica, o Belenenses e o V. Guimarães perdidos na segunda posição. Este é um dos aspectos mais importantes do jogo, porque o ponto averbado parece ter caído do céu para quem teve alguns problemas na segunda parte e deixou-se dominar pelo Beira Mar. Esta é uma porção dos factos, mas há mais...

É estranho o que se passou na equipa portista. Marcou aos dez minutos, na fase em que os dois adversários se olhavam olhos nos olhos, mas depois parece ter ficado a viver à sombra do remate certeiro de Derlei. Uma atitude que saiu muito cara e parece ter dado um grande ânimo ao Beira Mar, um conjunto organizado, coerente e com um meio-campo onde o músculo combinou com a técnica. E não só. Houve também velocidade e muito, muito querer.

Depois do golo, o F.C. Porto entrou em queda e só parou quando Ricardo Sousa empatou (64 m), graças a um livre de grande execução técnica. O dragão parece ter-se transformado em caranguejo, isto é, em vez de andar para à frente na busca do segundo golo, recuou e acabou por sofrer na pele a raça de um adversário com sede de pontuar. Não houve milagres. Nem a entrada de Tiago após o intervalo deu a tal força que o meio-campo portista precisava.

Deco apagado

Não foi só a atitude do F.C. Porto que chamou a atenção dos espectadores. Muitas vezes, esta equipa funciona porque há um jogador que tem chama nas chuteiras e transforma-se quando os colegas precisam. Esta noite, Deco apenas jogou o suficiente ¿- provavelmente por causa da marcação cerrada de Sandro ¿- e isso é muito pouco para quem precisa tanto dele. O brasileiro só se soltou quando o Beira Mar tinha chegado empate. Tarde de mais, embora tenha tido uma oportunidade para marcar, que só não deu golo porque Paulo Sérgio fez uma sensacional defesa para canto.

Mas há mais carências nos dragões. Por exemplo, Ricardo Costa foi adaptado a lateral direito e foi a equipa de Aveiro quem mais beneficiou com isso. Atacou muito por aquele lado, forçou jogadas e fez com que o pequeno benjamim visse o cartão amarelo cedo de mais. E isso serviu de mote para novos lances por aquele flanco, até que José Mourinho foi obrigado a fazer alterações para estancar o grande poder do adversário. Isto logo ao intervalo.

Aproveitar as fraquezas

O Beira Mar cedo se apercebeu desta fraqueza (e não só) e explanou todo o seu futebol pelos flancos. Foi assim que a defesa do F.C. Porto abriu e os centrais se viram em apuros. Mas a sorte até foi madrasta com a formação da casa, porque o avançado Zezinho esteve nitidamente desinspirado e as melhores jogadas não eram concretizadas. Se não, a história podia ter sido outra.

No entanto, há que ressalvar a atitude do Beira Mar. Sofreu cedo, mas não se deixou abater pelo golo a frio de Derlei. A prova disso é a exibição conseguida na segunda parte, em que esteve mais perto do segundo tento do que a equipa portista. Teve mais tempo a bola em seu poder e soube criar muitos calafrios. Quem pensou que os azuis e brancos pudessem golear, enganou-se nitidamente.

O árbitro pareceu não ter sido muito coerente no capítulo disciplinar. Houve alturas que parece ter sido muito rigoroso, outras em que perdoou cartões amarelos. Nem sempre teve o desafio na mão.

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