Miklos Fehér: mais uma tragédia ao serviço do desporto

26 jan 2004, 01:08

Futebolista está agora perto de gente com o coração grande

A morte de Miklos Fehér, jogador do Benfica com apenas 24 anos, no jogo deste domingo à noite com o Vitória de Guimarães, encontra paralelo no ano de 1973, no Estádio das Antas, aquando do jogo entre o F.C. Porto e o Vitória de Setúbal, na 13ª jornada. Na altura, a 13 de Dezembro, ao minuto 13, a morte encontrou Pavão. O jogador portista caiu de bruços e não mais se levantou.

O médico portista à altura, Joel Santana, pressentiu o pior. «Era um homem que não fazia fitas. Portanto, tive logo a percepção de que era grave. Entrei no relvado e reparei que estava em estado de coma. Levei-o de imediato para o Hospital de São João. Tentou-se tudo. Fizeram-lhe electrochoques, mas era uma hemorragia cerebral. Hora e meia depois tinha falecido. Podia ter sido rotura de um vaso sanguíneo, talvez em virtude de uma cabeçada na bola», contou o responsável médico.

Há bem pouco tempo, em França, na Taça das Confederações, o drama voltou a abater sobre o futebol. O jogador dos Camarões, Marc-Vivien Foé, caiu inanimado no relvado durante o encontro com a Colômbia. Tudo seria tentado, mas o futebolista de 28 anos não voltaria a acordar. «Marc-Vivien Foé, vítima de um mau-estar, foi transportado para o bloco médico do estádio para ser sujeito a reanimação cardíaca, durante 45 minutos. Isso não foi suficiente e acabou por falecer», relatou o médico da FIFA, Alfred Muller.

Ainda em Portugal, na década de 80, Navalho, um jovem formado nas escolas do Benfica e então no Atlético, conheceu igualmente a morte em campo. No dia 1 de Maio do ano passado, o jogo entre o Alvorense e o Beira Mar, final da Taça do Algarve, ficou marcado pela morte do árbitro Nuno Mendes horas depois do final da partida. O juiz sentiu-se mal ainda nas cabinas após o apito final.

 

Gente de coração grande também cai

Em 1989, no decorrer de uma partida entre as selecções da Nigéria e da Angola, de qualificação para o Mundial, o nigeriano Samuel Okwaraji, com 24 anos, foi abalado por um ataque cardíaco. Faltavam dez minutos para o final da partida. A autópsia revelou que o jogador possuía um coração maior que o normal e alta pressão arterial.

Em Novembro de 1990, David Longhurst, avançado de 25 anos do York City teve uma paragem cardíaca durante um jogo. Os exames revelaram que o jogador sofria de uma rara doença coronária. Também em Inglaterra, mas se recuarmos ao ano de 1942, Andy Ducat, um jogador de futebol e cricket encontrou a morte no campo.

Entre 1999 e 2001, morreram outros quatro jogadores romenos, sendo que as causas nunca foram explicadas de forma explícita.

Noutras modalidades, para além do futebol, situações como a desta noite já aconteceram com alguma frequência. Aquela que estará certamente mais fresca na memória dos portugueses, será a que vitimou o jogador de basquetebol, Paulo Pinto. Considerado por muitos como um dos melhores basquetebolistas portugueses, o jogador de 28 anos sofreu uma paragem cardíaca durante o encontro entre o Aveiro Basket e o Benfica. Durante um desconto de tempo, quando ainda estavam decorridos apenas oito minutos do encontro, Paulo Pinto desmaiou, tendo sido de imediato assistido pelo médico do Benfica. Chegou ao hospital de Aveiro, já sem vida.

Adeus Manuel Abreu

A 26 de Fevereiro de 1997, o desporto em geral e o ciclismo em particular ficaram de luto quando, aos quilómetro três de um normal treino por uma estrada secundária, Manuel Abreu, da equipa Maia, caiu da bicicleta. Foi transportado para o hospital de Guimarães, mas a morte seria confirmada. Perdeu-se um dos mais conhecidos ciclistas portugueses que no ano anterior tinha ficado em terceiro na Volta a Portugal.

Ainda no ciclismo, duas das mortes mais famosas em corrida foram motivadas pelo consumo de estimulantes. Knut Jensen teve um colapso durante uma corrida das Olimpíadas, em 1960, e Tommy Simpson, campeão do Mundo de 1965, que morreu durante o Tour de França.

No atletismo, Jim Fixx, para muitos o pai da revolução do jogging morreu enquanto praticava desporto. Exames posteriores demostraram que sofria de altos níveis de colesterol.

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