De 2001 para 2002: quadradinhos de história

31 dez 2001, 17:15

Cinco acontecimentos nacionais

Um século¿ ou quase. Noventa e oito anos mais tarde, depois dos primeiros rabiscos de uma história aos quadradinhos, depois do pelado «atravessado» do Bessa, depois do relvado e da SAD, o título. Depois do Belenenses, vencedor de um campeonato que já não terá muitas testemunhas vivas, o Boavista, equipa a que se reconheceu equilíbrio e coesão como principais atributos, juntou o seu nome à breve lista de campeões portugueses. Com surpresa, mas cativando uma impensável simpatia, directamente proporcional à aversão ao F.C. Porto, o único opositor que poderia negar-lhe a condição de ilustre. 

Na última jornada da primeira volta, no voltar de página, o Boavista assumiu o primeiro lugar, que sempre soube preservar. Aconteceu no Bessa, justamente com o F.C. Porto por adversário. Martelinho marcou, ainda os portistas discutiam a natureza de uma falta, e vincou a irreversível troca de posições. 

Brio e brilho confundiram-se no acumular de jornadas, foram praticamente sinónimos. A terrível eficácia quase resumia o encanto boavisteiro, que, entretanto, desistira de deslumbrar. As exibições cederam, invariavelmente, prioridade aos resultados. Jaime Pacheco impunha-o e assumia-o, desenhando um meio-campo impermeável a surpresas, elevando Petit à condição de herói, e concedendo liberdade ilimitada aos desequilibradores. 

Eliminado nos quartos-de-final da Taça UEFA, aos pés do Liverpool, o F.C. Porto despertou demasiado tarde para a Liga. Desde então, venceria todos os jogos até ao final do campeonato, o que se revelaria insuficiente. Na última jornada, o Boavista foi goleado (4-0) nas Antas, mas era já campeão. Por um ponto... Fernando Santos também já assumira a perda, detectando as razões nos jogos disputados em casa. O empate sem golos com o Belenenses foi o «acidente» lembrado mais vezes. E, com ele, o penalty desperdiçado por Alenitchev, mais a repetição, ensaiada por... Alenitchev. 

A festa acontecera na penúltima jornada, a meia-dúzia de quilómetros a Oeste das Antas. Precisamente no Bessa. Frente ao Aves, que já não tinha como evitar a despromoção, Silva, por duas vezes, e Whelliton libertaram as bancadas de uma inevitável tensão. Afinal, fazia-se história, uns metros mais abaixo, sobre o relvado. Justo, escreveu-se na altura. No mínimo, o Boavista fora a equipa mais equilibrada. Ao F.C. Porto restou a consolação da conquista da Taça de Portugal.

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