Nelo Vingada (Marítimo): «Goleada não foi um K.O.»

25 set 2002, 00:48

Treinador não dormiu nada bem as últimas duas noites O treinador dos verde-rubros não dormiu nada bem as últimas duas noites.

O desaire sofrido por 5-0 frente ao Setúbal está bem vivo na memória dos adeptos madeirenses, dos jogadores e do treinador do Marítimo, Nelo Vingada. Este líder que tem conseguido excelentes resultados à frente da equipa, não escondeu que nos últimos dias viveu o seu pior momento na Madeira.

«Confesso que não dormi bem as últimas duas noites. Desde que cheguei aqui, foram as piores», revelou. E continuou: «As razões são claras. O resultado a exibição e ainda por cima também não passei muito bem da minha garganta. Assim, só hoje é que saí à rua». 

E sem qualquer rodeio, o treinador do Marítimo continuou a falar sobre o que lhe ia na alma. «Não é fácil para mim, para os jogadores, para os adeptos, para a SAD, foi um dia muito difícil. Foi um rombo, mas não foi um K.O. E vamos levantar a cabeça e sarar esta ferida, recuperando a nossa auto-estima e o orgulho», disse. E concluiu: «Saiu-nos tudo mal nesse dia e até nem havia motivos para tal, pois não houve desvios em termos de formação da equipa. Apenas um jogador estava numa posição adaptada. Só por ser futebol é que se pode explicar o sucedido e o resultado de 5-0.»

Mensagens de apoio e levantar a moral com o Porto

Nelo Vingada falou hoje abertamente e sem rodeios após um desaire a que não está nada habituado. E mesmo numa hora pouco agradável, não faltaram mensagens de apoio.

«Quero aqui agradecer as muitas mensagens que recebi, por pessoas amigas, colegas de trabalho, dando-me alento nesta hora complicada», revelou.

Agora, para levantar a moral, o Marítimo tem pela frente um adversário chamado F.C. Porto e logo nas Antas. «Levantar a moral frente ao Porto é sempre complicado. São favoritos e não temos a obrigação de vencer. Mas sempre digo que temos de lutar pela vitória para, no final, estarmos de consciência tranquila. Isto obriga-nos a apelar a tudo», afirmou antevendo desde já um encontro difícil.

Mudar a equipa sem castigos

No final do encontro frente aos sadinos, Nelo Vingada foi claro: «Temos que mudar muita coisa». E agora? O treinador dos madeirenses não fugiu ao tema: «Vamos mudar alguma coisa, mas não quer dizer que os jogadores que possam não vir a jogar sejam os responsáveis pela derrota. Se assim fosse teríamos de mudar a equipa quase toda e se calhar o treinador. Até porque sou o chefe da equipa».

Assim, «não vai haver castigos, mas sim mudanças que vêm na sequência lógica». E ficou claro que vai recorrer a jogadores que não têm vindo a ser utilizados.

Sobre a sua possível saída, Nelo Vingada falou que a afirmação que fez foi feita num contexto de futuro. E explicou: «Não coloquei o lugar à disposição. Quando falei, fi-lo numa forma de futuro, com um determinado prazo. Pois, se mudarmos a estratégia, os jogadores, é obvio que se pode questionar o treinador¿. E concluindo: «Não é a primeira vez que digo isto aqui na Madeira».

Conversa agradável com Carlos Pereira

Após a partida, o técnico «verde-rubro», que vive perto do estádio, foi a pé para casa (como sempre). Com o presidente fora, só ontem é que os dois dialogaram. E em seu ver, «foi uma conversa bem agradável e revelou-se de um grande positivismo e visão optimista».

E quanto aos «brinca na areia» de Alberto João Jardim, Nelo Vingada achou «legitimo que quando as coisas correm mal, quem é adepto e com grande importância no capital da SAD possa demonstrar o seu desagrado». Quanto a «brincadeiras»: «Houve erros imperdoáveis e impossíveis de acontecerem e em algumas alturas exagerámos um pouco no individualismo, mas não foi o jogador A, B ou C. Os jogadores merecem a minha confiança».

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