Boavista-Santa Clara, 1-0 (crónica)

25 set 2002, 01:01

Objectivo cumprido Ainda não é um Boavista de luta, mas a exibição no segundo tempo é interessante. O Santa Clara eclipsou-se.

Este ainda não foi o Boavista dos bons velhos tempos, mas o objectivo fulcral deste desafio acabou por ser conseguido: regresso às vitórias depois de uma preocupante derrota com o Maccabi Telavive, a contar para a primeira eliminatória da Taça UEFA. E «preocupante», porque os ecos do desaire atingiram repercussões sintomáticas junto dos adeptos, cuja ira foi esvaziada junto do treinador perante as câmaras de televisão à chegada a Portugal.

O caminho a percorrer até aos níveis mais desejados ainda é considerável, porque a exibição dos axadrezados foi muito oscilante. Na primeira parte, o conjunto de Jaime Pacheco tanto assinou lances interessantes como se deixou manipular pelo Santa Clara; tanto fez pressão no meio-campo como perdeu clarividência no ataque; tanto tinha o jogo na mão como o deixava escapar, tal e qual areia fina pelos dedos.

Só no segundo tempo tivemos uma equipa na verdadeira acepção da palavra, isto é, com autoridade para jogar como tanto gosta: pelos flancos, em velocidade e a estrangular as iniciativas do adversário logo à nascença. Mas para que assim fosse, os açorianos abdicaram praticamente de jogar. Eclipsaram-se de uma forma muito estranha e perderam o controlo e as rédeas do encontro. Sem explicação. Sem qualquer tipo de lógica.

A estrelinha... da sorte

Para que esta vitória fosse uma realidade, a estrelinha também brilhou no céu escuro da cidade do Porto. A estrelinha na hora certa e no momento exacto, quando o Boavista carregava no acelerador, logo após o intervalo. Se Sanchez permitiu a defesa de Jorge Silva na marcação de uma grande penalidade, o pistoleiro Silva marcava o único golo do desafio na jogada logo a seguir. Foi um golo cirúrgico que surgiu numa altura crucial, precisamente quando a equipa da casa se mostrava empenhada em conquistar os três pontos.

Do outro lado era estranho o eclipse do Santa Clara no segundo tempo, ainda para mais porque o treinador Manuel Fernandes apostou claramente num extremo (Vítor Vieira) para mexer com as alas e alimentar o poder goleador de Ceará. Mais: colocou no terreno Kali para dar consistência ao meio-campo, mas saiu tudo ao contrário. Passes falhados, situações de perdas de bola e uma defesa a começar a dar sinais de nervosismo, especialmente por intermédio de Sérgio Nunes que nunca conseguiu acompanhar o irrequieto Silva.

Polémicas à parte

Houve muitos protestos em relação ao árbitro. Todos eles dos responsáveis do Santa Clara, que não gostaram quando Lito agarrou Duda em plena grande área e Jacinto Paixão assinalou grande penalidade a favor do Boavista. A falta é nítida e o lance foi bem ajuizado. Mas dúvidas parecem a haver quando Éder terá agarrado Ceará perto da pequena área. É um lance confuso e mesmo as imagens da televisão são pouco esclarecedoras, por isso o benefício da dúvida deve ser dado ao juiz de Évora.

Por último a expulsão de Sérgio Nunes. Limpa. Agarrou Cafú quando este se isolava para a baliza à guarda de Jorge Silva.

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