E.Amadora-Sp.Braga, 0-1 (crónica)

25 ago 2000, 23:26

Ingratidão dos céus Ingrato para Semedo, que estava a fazer a melhor exibição do jogo até perder a bola e originar o golo dos bracarenses, e ingrato para os adeptos, que depois de 70 minutos pobres estavam finalmente a ver futebol até a chuva decidir pôr um ponto final no jogo.

Semedo, jovem extremo do Estrela da Amadora que fez diante do Sp.Braga o seu primeiro jogo a titular na I Liga, depois de ter sido contratado ao Casa Pia, vai ter dificuldades em esquecer esta noite. 

Depois de 70 minutos em muito bom plano, tentou aplicar uma das suas fintas estonteantes, daquelas que tantas dores de cabeça estavam a dar a José Nuno. Só que não foi uma finta como as outras. O facto de estar a meio do seu meio campo tirou-lhe espaço para juntar a velocidade à técnica e as consequências provaram ser bem maiores que qualquer perda de bola junto da área adversária. 

Luís Filipe ficou com a bola, o extremo do Sp.Braga lançou Feher e o húngaro rematou contra Raul Oliveira, atraiçoando Tiago e fazendo o único golo da noite. 

Uma lição para Semedo, mas também uma prova da ingratidão dos céus. O ex-casapiano estava, realmente, a ser o melhor da noite, enquanto Feher levava 25 minutos de uma segunda parte desastrada, até finalmente conseguir meter a bola na baliza. 

Mas a ingratidão dos céus não se ficou pelo castigo a Semedo. Os grandes castigados foram os espectadores - os poucos espectadores, é verdade, mas os que vieram não têm culpa. Ao fim de três minutos promissores - Semedo obrigou Quim a defesa com os pés e do outro lado Feher rematou ao poste - o jogo caiu na monotonia que começa a ser habitual nos relvados portugueses. 

Só em cima do intervalo a emoção voltou, com um golo anulado a Feher, por fora-de-jogo que deixou muitas dúvidas. 

Enfim, no segundo tempo o jogo lá animou um bocado, com o Estrela da Amadora, finalmente, a portar-se como equipa que queria vencer. 

Só que Manuel Cajuda, treinador do Sp.Braga, tinha decidido guardar uma arma importante para a última meia hora: Luís Filipe. E foi o internacional esperança português que fez a assistência para Feher marcar. 

Os adeptos lá viram um golito e a esperança renasceu, mas até aí os céus foram ingratos. Quando a coisa, finalmente, animava, com os rápidos contra-ataques do Sp.Braga a fazerem crer que o segundo golo era uma questão de tempo e o Estrela animado com a entrada de Djalma, e depois dos melhores dez minutos do jogo, começa a chover. 

Chover talvez seja pouco para descrever o que aconteceu na Reboleira - parecia mais uma tempestade tropical, a obrigar as pessoas a procurarem refúgio. Os jogadores pareceram ter vontade de fazer o mesmo, não puderam, coitados, mas os últimos cinco minutos do jogo serviram apenas para amadorenses afogarem as almas e bracarenses lavarem as esperanças, que isto de estar à frente da I Liga não é todos os dias.

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