Destaques do Portugal-Alemanha Começou como lateral-direito ofensivo, mas o jogo permitiu que se soltasse para explorar todo o flanco. Três golos foram o resultado.
Sérgio Conceição - É já por direito próprio uma das figuras do Campeonato da Europa, ao conseguir o primeiro hat-trick da competição num jogo em que curiosamente começou num papel de lateral ofensivo que não lhe é desconhecido mas onde já não era utilizado há muito tempo. Felizmente as circunstâncias do jogo permitiram libertá-lo para aquilo que faz melhor, a exploração do flanco direito, sempre em velocidade e com os olhos na baliza. Oportuno no primeiro golo, no segundo arriscou na saída de um belo drible e foi feliz e no terceiro explorou com frieza a autoestrada que se abria à sua frente. E agora, Humberto?
Costinha - Depois daqueles loucos três minutos com a Roménia, tempo para uma confirmação em full-time. Não marcou mas na primeira vez que foi titular mostrou argumentos que fazem compreender a vincada preferência de Humberto Coelho. Fazendo dupla com um regressado Paulo Sousa, que demonstrou a lucidez de sempre mas alguma falta de ritmo, fez o essencial do trabalho de sapa a meio-campo e para além de recuperar muito jogo mostrou sempre ideias claras no momento de soltar a bola.
Capucho - Pareceu durante a primeira parte estar deslocado no esquema que Humberto Coelho montou. Nesse período esteve pouco em jogo, falha que compensou com uma segunda parte notável, que foi subindo de tom à medida que Portugal ia cavando espaços no meio-campo alemão. Terminou como o maestro dos contra-ataques, com um soberbo túnel a marcar a despedida internacional do senhor Matthaus.
Defesa - Para além da revolução na equipa, Humberto surpreendeu com um esquema em que compatibilizava os três centrais, talvez receando o poder físico dos alemães na luta da grande área. As circunstâncias do jogo permitiram o regresso à normalidade, mas de uma forma ou de outra impressionou a solidez do bloco, especialmente na zona central. Beto, que terminou a defesa-direito sem quebra de rendimento, confirmou a propensão para grandes exibições com a Alemanha. Fernando Couto e Jorge Costa, que terminam a primeira fase sem qualquer cartão, estão decididamente entre as melhores duplas deste Europeu.
Matthaus - Após 20 anos e 150 jogos de carreira internacional, foi um monumento do futebol europeu que se despediu dos grandes palcos em Roterdão. O facto de o ter feito tarde demais e enquadrado naquela que é seguramente a pior Selecção que alguma vez conheceu não apaga a importância do lugar de Matthaus na História mas revela bem até que ponto o actual futebol alemão confunde tradição com decadência.
