O renascer dos «bebés» do Leixões

19 jun 2001, 10:47

Equipa matosinhense disputa a fase final do Campeonato Nacional de Juniores

A presença na fase final de juniores, dez anos depois, marca o renascer de uma escola com tradições na formação em Portugal: a mítica escola dos bebés do Leixões. Pelo Estádio do Mar, em Matosinhos, passaram várias gerações de talentos, nomes com história no futebol nacional. Nascidos para a competição no clube matosinhense, projectados para o estrelato nos grandes clubes.  

Mas recue-se até ao início. Início esse que se situa na década de 40, altura em que o Leixões começou a dar cartas nas camadas de formação. A consequência foi o título de campeões nacional de juniores, único até à data, corria a temporada de 1941/42. Num jogo realizado no Campo das Salésias, com o Carcavelinhos como adversário - que antes eliminara o Benfica - o Leixões do mestre Inocêncio Rato, que antes eliminara a Académica de Coimbra, tornava-se campeão, ao vencer a partida com o Carcavelinhos por 5-2. Curiosamente, numa segunda-feira, dia do Senhor de Matosinhos... 

A denominação de bebés do Leixões viria, contudo, mais tarde, na década de 60, numa altura em que o Leixões contava nas fileiras da sua equipa principal com vários elementos provenientes das escolinhas, jogadores jovens, que tinham percorrido os diversos escalões até atingirem a equipa principal. Por isso mesmo, o jornalista Alfredo Farinha, também ele uma figura incontornável do desporto nacional, decidiu, em jeito de homenagem, baptizar a equipa como os bebés do Leixões. O nome ficou. E o jeito para criar talentos também. 

Apesar de não conseguir conquistar títulos na categoria, o Leixões continuou a sua marcha triunfal noutro plano não menos importante, durante as décadas de 60, 70 e 80, batendo-se com os grandes do Porto e de Lisboa, na tarefa de projectar talentos. Jogadores que mais tarde seguiam para clubes de maior dimensão. Nomes como Chico Faria (Sporting), Praia, Raúl Machado, Jacinto, Folha e Fonseca (Benfica), Albertino e Tibi (Porto), Barbosa e Eliseu (Boavista), que entraram para a galeria de honra do futebol nacional.  

O renascer de uma tradição 

A capacidade de formar futebolistas prolongou-se até aos finais da década de 80, início dos anos 90, quando o Leixões participou, pela última vez até esta época, na fase final do campeonato nacional de juniores. Faziam parte dessa equipa o médio Ricardo Nascimento e o lateral-direito Alexandre, que seguiram para o Bessa, o avançado Fangueiro, hoje em Guimarães, e o defesa-central Sérgio Nunes, actualmente no Benfica. 

Contudo, a última década, coincidindo com a queda da equipa principal para as divisões inferiores no final dos anos 80, precipitou o declínio das camadas de formação do Leixões, arredadas durante dez anos da fase final de juniores, impotentes para competir em plano de igualdade com as escolas do F.C. Porto e do Boavista. Se, no que se reporta aos primeiros, a superioridade sempre foi relativamente evidente, já em relação aos do Bessa nem sempre assim foi, na medida em que o surgimento do Boavista como um colosso da formação em Portugal coincidiu, curiosamente, com a queda do Leixões.  

Esquecido este período menos positivo da história da formação matosinhense, renasce a velha mística. Obra da nova direcção, no poder há um ano, que, sob a presidência de José Manuel Teixeira, não se poupou a esforços na árdua tarefa de devolver ao clube as glórias antigas conseguidas no plano da formação. A aposta, que passa por fornecer aos cerca de 400 jovens que por lá sonham ser futebolistas todas as infra-estruturas que permitam um trabalho de qualidade, tem dado frutos. A equipa está na corrida final ao título de campeã nacional de juniores e promete repetir a dose nas próximas épocas.... 
 

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