Formação do Leixões volta a dar frutos

19 jun 2001, 10:52

António Manuel, treinador de juniores do clube, é também um produto das escolas matosinhenses

António Manuel, o actual treinador do plantel júnior do Leixões, é, também ele, um produto das escolas do clube matosinhense, emblema do qual saiu para representar o Boavista. Hoje, tem em mãos a tarefa de conduzir as camadas de formação, a nível do escalão júnior, às glórias do passado. Algo que se torna um sonho quase épico, quando a luta - desigual dadas as disparidades económicas - é travada com clubes como o F.C. Porto e o Boavista, escolas de formação por excelência, aos quais se juntam o V.Guimarães e o Sp. Braga.  

«Os juniores do F.C. Porto, do Boavista, e outros que eu conheço, são juniores que treinam às 15 horas, são juniores pagos, quase profissionais. Os meus treinam a partir das 20, quando vêm da escola ou do trabalho, não ganham nada e, antes da entrada da nova direcção, ainda tinham de o fazer em condições que não se coadunam com as exigências de hoje em dia», refere o técnico, em conversa com o Maisfutebol. 

Além do mais, existem as contingências de se tratar de um clube cuja equipa principal disputa uma divisão inferior, quando as outras são históricos da I Liga. «O facto de termos caído na II Divisão B terá afastado alguma juventude, porque se estivéssemos numa I Liga teríamos mais jovens a prestar provas e jovens de maior qualidade. Esse terá sido um dos factores para a redução da competitividade do Leixões», revela António Manuel. E adianta, nostálgico: «Antigamente eram às centenas aqui para prestar provas. Hoje em dia, isso não acontece e, pior, ouço muitos jovens dizer que preferem ir jogar para o Leça, algo que aqui há uns anos era impensável». 

Contudo, o futuro é de esperança. «O Leixões, com o trabalho que esta direcção está a fazer, com uma aposta forte nas infra-estruturas do futebol juvenil, tem muito a ganhar com as camadas jovens». Por isso, o treinador não tem reservas em afirmar que «nos próximos anos vão despertar grandes valores para o próprio Leixões e mesmo para o futebol nacional». E conclui: «É o renascer dos bebés». 

Aposta que está a dar frutos 

Mais cedo do que os responsáveis esperavam, os frutos do trabalho empreendido estão a ser colhidos já está época. Além de participar na fase final do campeonato de juniores, sete bebés serão promovidos à equipa principal. Castanho, Hugo Ramalho, China, Ricardo Jorge, Jorge Gonçalves, Jorge Vilaça e Daniel são juniores em quem o clube muito confia para o futuro. Os três primeiros já esta época estiveram integrados no plantel principal. Quando se lhe dá a palavra, os jovens jogadores destacam o trabalho que está a ser feito a nível da formação como sendo a principal razão para o êxito desta temporada. 

«A nível de condições não tinhamos o mínimo exigível, muitas vezes queríamos treinar e não tinhamos campo para o fazer, precisávamos de esperar até às 9 horas da noite para treinar e a maior parte das vezes fazíamo-lo em campos pelados. Este ano já foi melhor e esperamos que nos próximos ainda melhore mais», adianta Castanho, médio de 19 anos. 

Hugo Ramalho, defesa de 18 anos, corrobora as palavras do seu colega e sublinha a importância da nova política do clube no ressurgimento deste êxito. «Este ano, o Leixões apostou bastante nas camadas jovens e fez bem. O presidente trouxe outros objectivos para o futebol juvenil que não existiram nos anos anteriores e, se continuarmos todos a remar para o mesmo lado, acho que podemos recuperar a velha mística do passado». 
 

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