Sucesso do Senegal: Bruno Metsu, o único francês feliz do mundial

17 jun 2002, 00:34

Uma história de êxitos num curto espaço de tempo Como explicar a campanha do Senegal? Um dos segredos chama-se... Bruno Metsu.

Um francês com sucesso em África. Bruno Metsu, 48 anos, é o seleccionador do Senegal. O líder de uma equipa que está a dar nas vistas no Oriente. O técnico gaulês protagonizou a primeira grande surpresa da prova, ao bater, no jogo inaugural do mundial-2002, o campeão do Mundo em título, a França, por 1-0.

Gosta de futebol de ataque e, para já, o seu grande trunfo parece ser a arte de aproveitar o imenso potencial que tem à sua disposição. Nos quatro jogos que já disputou nesta fase final do Campeonato do Mundo, o Senegal mostrou um futebol bonito, alegre, fantasista, tudo qualidades associadas ao melhor do futebol africano.

Compensando os fracassos de África do Sul, Tunísia, Camarões e Nigéria, que ficaram pelo caminho logo na primeira fase, o Senegal tem sido o abono de família da representação africana. E que abono. Deixou pelo caminho a França e o Uruguai (apesar de os sul-americanos terem recuperado, em 45 minutos, de uma desvantagem de 0-3 para 3-3) e, neste domingo, voltou a surpreender, ao eliminar a Suécia, que foi só a vencedora do grupo da Morte, o tal que obrigou os argentinos a chorarem o fracasso.

Fantasia sim, ingenuidade não

Bruno Metsu é o mentor deste surpreendente Senegal. Como jogador, chegou a ser internacional esperança, ultrapassando, ao longo de toda a sua carreira, mais de quatro centenas de partidas. Mas é como treinador que chega a altos patamares. Treinou o Lille, o Sedan, o Nice, Valenciennes, passando mesmo pelo Valência, actual campeão espanhol.

Mas depois veio a aventura africana. Chegou a treinar a Guiné, mas foi no país vizinho, o Senegal, que encontrou o seu grande projecto. Levou o Senegal à fase final do Campeonato do Mundo, deixando para trás selecções como a Argélia, o Egipto e... Marrocos, para mal do nosso Humberto Coelho.

Metsu é adepto de um futebol que respeita os conceitos africanos, tentando uma saudável junção de fantasia com pragmatismo. A ideia é aproveitar a criatividade e imprevisibilidade homens como El Hadji Diouf (para muitos o melhor jogador do continente africano), Fadiga ou Camara, mas sem cair na ingenuidade tantas vezes acusada pelas selecções africanas na hora da verdade.

21 dos 23 jogadores da selecção senagalês que estão no mundial jogam no campeonato francês. Metsu conhece-os bem e sabe potenciar as capacidades de cada um. O segundo lugar na CAN (na altura ainda sob o comando técnico do alemão Peter Schnittger) foi o primeiro aviso de um êxito que está agora a rebentar. Os resultados estão à vista: o Senegal já tem lugar assegurado nos quartos-de-final. Quem sabe se não vai chegar ainda mais longe?

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