Espanha-República Checa, 1-0 (crónica)

13 jun 2016, 16:38

Piqué contra a tradição

Desta vez a Espanha entrou a ganhar, o que já não acontecia desde o Euro-2008, mas precisou de 87 minutos a chocar contra um muro checo, até Iniesta, melhor jogador do Euro 2012, desatar o nó com um cruzamento perfeito para a cabeçada de Piqué, num golo escrito em catalão. Uma vitória justa do bicampeão europeu que, embora sem a exuberância de outros tempos, mandou praticamente em todo o jogo, diante de uma República Checa que jogou quase sempre em contenção.

Confira a FICHA DO JOGO

Começamos pelo fim, com o lance de Iniesta que permitiu à Espanha chegar à vitória. Juanfran muda de flanco, Jordi Alba recebe e abre para Iniesta, com espaço, cruzar com conta e medida para a entrada de Piqué, junto ao segundo poste, fugir aos centrais checos e cabecear para as redes. Um golo que permite à equipa de Vicente del Bosque entrar na competição a vencer, o que não conseguiu no Mundial-2010, no Euro-2012 e no Mundial-2014.

Voltamos ao princípio para dizer que De Gea foi mesmo titular, apesar do escândalo que rebentou a meio da semana, com a acusação de abuso sexual, num caso que remonta há quatro anos. A verdade é que Ilker Casillas, que tinha sido o dono da baliza nas últimas sete fases finais de grandes torneios [com três vitórias da Espanha], começou o jogo no banco. Menos surpreendente foi a titularidade de Nolito que já tinha convencido toda a gente com a boa temporada que fez no Celta, reforçada nos últimos jogos de preparação.

Mas foi a República Checa, muito bem organizada em campo, com o experiente Rosicky ao comando, que entrou melhor no jogo, a jogar com objetividade e a conseguir profundidade. A Espanha, apesar de jogar com dois extremos e com dois laterais que também já foram extremos, não conseguia explorar os corredores e afunilava o jogo para a zona central, onde acaba por ser asfixiado pelos checos, implacáveis nas marcações na zona de construção.

Foram precisos quinze minutos para a Espanha libertar-se das amarras e autoproclamar-se dona da bola, chegando ao intervalo com uma percentagem de posse de bola superior a setenta por cento, mas com escassas oportunidades de golo. Fabregas está longe de ser Xavi no apoio a Iniesta, mas David Silva e Nolito acabaram por procurar terrenos mais interiores, permitindo as subidas de Juanfran [grande jogo] e Jordi Alba pelas alas. Foi sobre a direita que a Espanha contruiu a primeira verdadeira oportunidade, aos 16 minutos. Grande passe de Juanfran, Davi Silva cruza de primeira e Morata também remate de primeira para defesa apertada de Petr Cech. O guarda-redes do Arsenal estaria em destaque até ao intervalo, quase sempre por antecipação, anulando quase todos os lances de ataque dos espanhóis.

Espanha com mais de setenta por cento de posse de bola

Diante de uma República Checa cada vez mais recuada, a Espanha foi circulando a bola à procura de brechas para rematar, mas até ao intervalo teve de optar demasiadas vezes pelos pontapés de longe, insuficientes para surpreender a bem organiza defesa checa. O intervalo chegou a dizer que era preciso mais intensidade e a verdade é que a Roja correspondeu. Logo a abrir a segunda parte, duas oportunidades flagrantes a anunciar que os checos iam ter mais dificuldades para continuar a jogar em reação à iniciativa espanhola. Os checos ainda ensaiaram dois ou três saídas rápidas em contra-ataque, mas eram os bicampeões que mandavam efetivamente no jogo.

Vicente del Bosque foi o primeiro a mexer, trocando Morata pela maior experiência no jogo aéreo de Aduriz numa primeira fase, lançando depois Thiago Alcántara para o lugar do apagado Cesc Fabragas [grande corte na área espanhola antes de sair]. A verdade é que a Espanha pressionava cada vez mais alto e a República Checa, cada vez mais recuada, já não conseguia responder. A três minutos surgiu o tal golo a compensar a maior iniciativa da Espanha que, ainda assim, ainda passou por um calafrio no final, com um remate de Darida a obrigar De Gea a aplicar-se para segurar esta vitória que permite à Espanha seguir com a Croácia no topo da classificação do Grupo D.

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