Gil Vicente: Nandinho, um jogador que já teve os pés algemados

10 jul 2002, 22:58

Quer relançar a carreira depois de ter estado na prateleira no V. Guimarães Nandinho esteve uma época e meia sem jogar no V.Guimarães, mas quer relançar a carreira em Barcelos.

De pés algemados. Nandinho viveu uma situação caricata no V. Guimarães. De ídolo dos adeptos e de pedra nuclear nos saudosos anos de Quinito, transformou-se numa figura prescindível num plantel marcado pela concorrência. Depois de ter brilhado intensamente, mão traiçoeira colocou-lhe uma má profecia no currículo. A chegada de Paulo Autuori, em 2000/01, significou um recuo nas ambições do rápido extremo. Acabaram os raids mortíferos e a capacidade de fazer fintas cegas aos adversários. Quebrava o génio de um jogador que explodiu no Salgueiros e passou na sombra pelo Benfica. Agora, quer passar uma esponja no passado. Está de alma e coração no Gil Vicente. Para relançar a carreira.

Jura a pés juntos que as suas qualidades mantêm-se intactas, após de uma época em branco e de uma outra, a anterior, com aparições esporádicas nos relvados: «Isto é como andar de bicicleta, nunca nos esquecemos», começou por explicar ao Maisfutebol na apresentação do clube de Barcelos à Comunicação Social. «Ninguém perde qualidades nem a criatividade, apenas a condição física. Mas isso acabar por ser recuperado em competição», completou na hora de rasgar horizontes numa temporada que se espera de sucesso a todos os níveis: «Quero relançar a minha carreira», expressou.

Na época 2001/02, Nandinho teve uma má notícia: a equipa técnica liderada por Paulo Autuori não contava com ele no esboço do novo plantel. Treinava à parte juntamente com Rego e Costa. As perspectivas eram medonhas e o jogador só tinha como único conforto o excelente calor humano transmitido pelos sócios. Muitas vezes era aplaudido, apesar de treinar sozinho, em horários diferentes dos restantes colegas. Álvaro Magalhães ainda o recuperou, utilizando-o como defesa direito, uma forma de esconder a evidência de um grupo de trabalho caracterizado por alguns desequilíbrios entre sectores: «Já tirava tão proveito de uma finta como de um corte», disse na altura.

A chegada de Augusto Inácio, a meio dessa temporada, originou nova interrupção na carreira. Até hoje. Em suma, época e meia completamente em branco. Agora, está no Gil Vicente e só pensa em erguer-se do chão, levantar a cabeça e colocar uma esponja no passado: «Isso aconteceu, não por vontade própria, mas porque fui obrigado. Foi tempo perdido. A nossa carreira é curta e há coisas que nos ultrapassam», recordou numa breve viagem ao passado, sem apontar o dedo a ninguém. «Não tenho mágoa nenhuma. Gosto muito do V. Guimarães, não saí magoado com o clube, uma grande instituição, mas unicamente com as pessoas», completou, preferindo acabar de uma vez por todas com as assombrações. «Não queria mais falar disso, porque já rolou muita tinta». Compreende-se.

Emblema novo, vida nova. Ambições ao alto para relançar a carreira no Gil Vicente: «Há que encarar o presente e o futuro com optimismo. Quero ajudar o clube a atingir os objectivos», adiantou, considerando ser possível chegar aos tão badalados nove primeiros lugares traçados pelo presidente. «Pretendo fazer uma grande época, não só em termos pessoais, como em termos colectivos. É certo que já tenho 29 anos, mas ainda tenho muitos anos pela frente», sublinhou o novo extremo da equipa de Barcelos, um homem de rosto lavado. «É importante jogar bom futebol, ganhar jogos, porque têm posto muito em causa o valor dos jogadores portugueses e o valor do futebol que se pratica cá. Temos de dar uma bofetada às pessoas que estão a denegrir o futebol português», finalizou, considerando que não estava a fazer nenhuma crítica.

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