Defesa do Benfica assume vocação ofensiva O defesa chileno Escalona sabe que os adeptos do Benfica não o conhecem. Um problema que quer resolver rapidamente. Ontem fez o primeiro jogo com a camisola do Benfica, o primeiro de muitos, espera.
Escalona fez ontem diante do Linfield o seu primeiro jogo com a camisola do Benfica, tornando-se na grande atracção da equipa. Num encontro em que os encarnados não mostraram ainda os argumentos que serão necessários para uma candidatura séria ao título português, o defesa-esquerdo chileno acabou por sobressair da mediania, fazendo uma primeira parte de bom nível.
O ex-jogador do Torino admite que quebrou no segundo tempo, como aconteceu com toda a equipa, mas considera os primeiros 45 minutos uma boa indicação para o futuro. «Fisicamente ainda não estou no meu melhor. Há quase seis meses que não jogava, mas tinha muita vontade e creio que as coisas correram bem. Senti-me um pouco cansado no final, falta-me um pouco mais de trabalho, mas no início do campeonato já estarei pronto. A primeira parte foi muito boa, chegámos aos 3-0, mas na segunda creio que a máquina baixou de produção. Esperamos poder aguentar todo o jogo com o nível dos primeiros 45 minutos.»
Assumida tendência ofensiva
Escalona é um nome novo para os adeptos do Benfica. A curiosidade em redor deste lateral-esquerdo de 20 anos (faz 21 no dia 14 deste mês), que jogou desde os 11 anos até Janeiro passado no Colo-Colo, do Chile, seguindo-se uma experiência de seis meses no Torino, de Itália, é enorme.
O defesa já começou a mostrar-se diante do Linfield mas espera fazer ainda mais. «Quando vim estava consciente de que ninguém me ia conhecer. Vou mostrar quem sou a jogar», promete - mas confirma já algumas das indicações que ontem deixou em campo.
«Gosto muito de subir no terreno. Quando era mais novo jogava a extremo-esquerdo e sempre gostei de atacar, sem esquecer a responsabilidade defensiva.» Agora Escalona é defesa de corpo e alma e considera que nessa posição também há vantagens atacantes: «O avançado é muito marcado, eu posso aparecer vindo de trás e surpreender em velocidade».
Surpresa pela juventude
O plantel do Benfica é constituído por muitos jogadores jovens, algo que Escalona não esperava quando decidiu rumar a Portugal. «Fiquei surpreendido quando vi os meus companheiros. Senti-me mais integrado, há muitos jogadores da minha idade.»
A experiência de seis meses no Torino não correu bem e o chileno quase não chegou a jogar. Apesar disso, Escalona diz que a aventura italiana ajudou-o muito e aponta várias razões para o insucesso. «É verdade que em Itália tive problemas, o defesa-esquerdo era o capitão, o Lentini, e eu não tive oportunidades. Ainda para mais cheguei em Janeiro, com a equipa feita, e o treinador não apostou nos jovens.» Um problema que, acredita, não se vai repetir em Portugal. Até porque Heynckes não tem alternativa e terá mesmo de apostar nos jovens.
Apesar da juventude da equipa, Escalona não considera que a falta de experiência vá impedir o Benfica de lutar pelo título. «É melhor assim. O Paulo Madeira trará essa experiência, o treinador também e com as ganas da juventude podemos conseguir grandes coisas.»
Adaptação sobre rodas
A adaptação ao Benfica e a Portugal tem corrido de forma suave. Escalona destaca o companheirismo dos colegas sul-americanos e de Marchena e Chano. «O facto de haver muita gente a falar espanhol tem ajudado, mas também já me entendo melhor com os colegas portugueses», admite.
«Tenho-me sentido muito bem no clube e ontem em campo também estive muito confortável. Receberam-me muito bem, nota-se o carinho das pessoas pelo clube. Fiquei admiradíssimo por ver tantas pessoas num treino. E onde quer que a gente vá há sempre alguém do Benfica», acrescentou, fascinado com a grandeza da instituição.
As primeiras impressões da equipa também são positivas. «Pelo que vi no jogo anterior e pelo encontro de ontem com o Linfield vê-se que é um conjunto que troca bem a bola, embora ontem a tenhamos perdido algumas vezes depois de a recuperarmos», admitiu.
Encantado em Portugal
Para o lugar de defesa-esquerdo Escalona terá a concorrência de Rojas, com Sérgio Nunes, defesa-central que também faz o lugar, à espreita. «É normal, tem de haver sempre dois ou três jogadores para a mesma posição. Já tive concorrência no Colo Colo e no Torino e é bom que o treinador tenha opções.»
O objectivo, claro, é «ganhar a titularidade no Benfica e ser visto por Nelson Acosta, o seleccionador do Chile», para que possa «cumprir um dos sonhos» de infância, «jogar na Selecção principal».
Outro dos sonhos de Escalona era jogar na equipa senior do Colo Colo. Conseguiu-o. Outro ainda era jogar na Europa. Depois do Torino, tem a oportunidade de vingar no Benfica. E agora, o que sonha o chileno? «Estou tranquilamente a conhecer Portugal, o povo encanta-me, a equipa também, depois o futuro logo se vê.»
