Anfiteatro romano no Alentejo

Conteúdo Patrocinado
26 jan 2023, 11:54

“A nova realidade patrimonial transfronteiriça: descobrimento e valorização do Anfiteatro de Ammaia”. Um projeto apoiado apoiado pela Fundação “la Caixa” e o BPI, através do Programa Promove – Dinamização de Regiões Fronteiriças.

Ammaia, a cidade romana do Alentejo

Perto da bonita e tranquila vila de Marvão, em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, encontramos as ruínas da cidade romana de Ammaia, numa zona de beleza ímpar. Afirmando a sua imponência patrimonial, representa o mais importante vestígio da sua época, presente na região do norte alentejano. Cidade imperial romana fundada no século I d.C. e habitada até meados do século VI, Ammaia chegou a ser pujante no Império Romano, a avaliar pelos vestígios encontrados nas escavações.  

O local foi classificado como Monumento Nacional em 1949, mas a cidade luso-romana permaneceu incógnita até inícios da década de 1990, altura em que se começou a compreender a importância e relevância daquilo que estava soterrado no Vale da Aramenha. As ruínas da cidade estiveram abandonadas até finais de 1994, quando começaram as primeiras escavações arqueológicas sistemáticas. Três anos depois, foi criada a Fundação Cidade de Ammaia, proprietária dos terrenos onde se encontra a maioria das ruínas. A coordenação científica dos trabalhos arqueológicos, em parceria com a Universidade de Lisboa, e da a Faculdade de Letras e o Centro de Arqueologia da ULisboa (UNIARQ), impulsionou o processo de investigação, conservação, valorização e divulgação deste património.

 

A descoberta do Anfiteatro de Ammaia

A redescoberta da cidade imperial romana, permitiu observar um conjunto monumental que inclui um complexo termal e o Fórum, centro da vida política, económica, social e religiosa desta unidade urbana que terá sobrevivido durante seis séculos. A questão sobre a existência de edifícios lúdicos desta urbe, deu origem a uma nova campanha de escavações arqueológicas.
“Já conhecíamos a cidade romana e estávamos interessados em saber dos seus edifícios lúdicos, teatro e anfiteatro. Nesse sentido, tínhamos um programa de colaboração entre a Fundação Cidade de Ammaia, a Fundación de Estudios Romanos / Museo Nacional de Arte Romano de Mérida e a Universidade de Lisboa, com o apoio do Município de Marvão” conta Carlos Fabião, arqueólogo e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A intervenção da equipa luso-espanhola de arqueólogos aplicou técnicas geofísicas não invasivas (geo-radar, magnetómetro e resistividade elétrica) que permitiram fazer uma radiografia do terreno, e descobrir o que durante séculos se escondeu nas suas imediações: o quinto anfiteatro encontrado até agora na antiga província romana da Lusitânia. Não seria um edifício monumental como os de Mérida ou Conímbriga, mas modesto e parcialmente edificado com madeira, semelhante aos já conhecidos em Bobadela (Oliveira do Hospital) e Cáparra (Cáceres).
“Isso vê-se na sua dimensão e no facto de as suas bancadas não serem de pedra, mas de madeira”, explica Carlos Fabião, arqueólogo e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ligado a Ammaia desde 2013. “Comparado com outros do mundo romano, é modesto, mas tenho a certeza de que é o anfiteatro com a vista mais bonita de toda a Lusitânia”, acrescenta.

O anfiteatro de Ammaia terá estado em funcionamento 400 anos. Não se sabe exatamente quando foi construído, mas sabe-se que, sendo muito conotados com os martírios de cristãos, estes recintos se tornam malditos quando o império se converte ao cristianismo, ao longo do século IV. O que é hoje visível permite-lhes dizer já que o anfiteatro, construído junto à cerca muralhada da cidade, mas do lado de fora, teria uma entrada triunfal e um anel a acompanhar praticamente toda a arena, ambos em alvenaria. A bancada de onde o público assistia aos combates seria de madeira e assentava no dito anel em pedra e na encosta, onde terá funcionado uma pedreira.

É naquela zona raiana que os arqueólogos trabalham agora para determinar, com maior certeza, a configuração deste recinto que deverá vir a ser parcialmente reconstruído.  A sua forma elíptica imperfeita continua a intrigar os arqueólogos: “Não percebemos ainda por que escolhem eles este sítio para construir o anfiteatro se, em qualquer outro, podiam ter desenhado uma oval perfeita”, admite Carlos Fabião. “Também há reparações e reconstruções que não conseguimos datar. O objetivo principal de todo este trabalho foi o de conhecer toda a história deste anfiteatro. Agora queremos devolvê-lo à sua função primitiva como espaço de espetáculos da cidade romana de Ammaia adaptado aos dias de hoje” remata Carlos Fabião, arqueólogo e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Neste contexto, o projeto de escavação e conservação da Fundação Ammaia candidatou-se ao Programa Promove, uma iniciativa da Fundação "la Caixa", em parceria com o BPI e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que visa dinamização de regiões fronteiriças as regiões do interior do país.


Vencedor do Programa Promove lançado em 2019

O projeto de escavação e conservação designado “A nova realidade patrimonial transfronteiriça: descobrimento e valorização do Anfiteatro de Ammaia” venceu o Programa Promove lançado em 2019. 
“O apoio do Programa Promove permitiu-nos alavancar para proceder às escavações do anfiteatro romano e de toda a área do complexo lúdico.
Ao mesmo tempo, permite-nos pensar no futuro e na sua transformação para ser usufruído pela população da região e seus visitantes. Surgiu até a ideia de adaptar o Festival Internacional de Música de Marvão ao espaço do anfiteatro romano.

É bastante importante para a Fundação da Ammaia como para o concelho de Marvão porque coloca-nos numa posição estratégica em termos de património cultural capaz de potenciar o setor económico, turístico e social da região” afirma Joaquim de Carvalho, diretor do Parque Arqueológico da Cidade da Ammaia.
 

A Fundação Cidade de Ammaia

A fundação da Ammaia será provavelmente uma das primeiras organizações no nosso país que surgiu com a missão de salvaguardar e preservar as ruínas de "um monumento nacional esquecido", a Ammaia. Para além de ser a instituição que coordena os trabalhos arqueológicos da cidade romana também convida os mais curiosos a uma visita ao Museu Cidade que se situa no seu edifício. No seu interior, encontra-se exposta uma parte do imenso espólio recolhido nos trabalhos de escavação arqueológica realizados na área da cidade romana. Aqui está patente ao público uma exposição permanente que contém diversos elementos da cultura material romana, divididos por diversos temas: Epigrafia, O Quotidiano Ammaiense, Atividades Económicas e Arquitetura. A visita estende-se ao exterior pelo percurso do Campo Arqueológico onde poderá observar um conjunto monumental que inclui a Porta Sul, as termas, o Fórum e o Templo, desta unidade urbana que terá sobrevivido durante seis séculos.


Programa Promove  - Implantação em Portugal

A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no CaixaBank. A Fundação ”la Caixa” mantém o seu compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais nos próximos anos, quando todos os seus programas estiverem implementados e a funcionar em pleno.

FLC

Mais FLC