Trata a dor de garganta com chá e sopa quentes? Acha que o frio faz pior? Este artigo promete mudar algumas ideias

3 dez 2023, 18:00
Inverno (pexels)

O tempo invernoso está de regresso. E, com ele, a garganta pode começar a dar sinais de inflamação ou dor. E se lhe disséssemos que o alívio pode estar precisamente no frio?

Tocou sem querer na boca do fogão ou no ferro de engomar. O que faz a seguir? Coloca a mão em água fria, para aliviar a dor. Então, porque trata as dores de garganta com sopas ou chá quentes? Foi assim que fomos ensinados, dirá.

Talvez seja altura de mudar. Ou, pelo menos, para pensar neste assunto de uma forma diferente. Porque, quando a garganta está inflamada, há uma coisa que funcionará melhor: o frio.

“Optar por bebidas quentes quando se tem uma inflamação na garganta é contraproducente. Se temos uma inflamação, o que devemos fazer é colocar uma substância que seja anti-inflamatória. Aquilo que é anti-inflamatório é o frio. O quente é pró-inflamatório”, sintetiza Leonel Luís, otorrinolaringologista no Grupo Lusíadas.

Mas calma, não vá a correr para o congelador para tirar cubos de gelo. É que o frio, quando é em demasia, não vai ajudar a melhorar a sua garganta. “Se pegarmos em água fria e colocarmos num copo com gelo, significa que a água já vai estar demasiado fria”, aponta o especialista.

Se o quente pode queimar, o gelo também. No caminho da cura nada de extremos: nem muito quente, nem muito frio. Não se esqueça que “as mucosas são ainda mais sensíveis do que a nossa pele”.

Aqui fica uma dica de Leonel Luís. “Gargarejar com água fria quando temos a garganta inflamada é bom. Se tivermos uma lesão na gengiva, bochecha ou língua, fazer isto também vai ter um efeito anti-inflamatório, reduzir a inflamação e a dor.”

“E não é um benefício exclusivo da água fresca. O chá de camomila frio, por exemplo, também é um excelente anti-inflamatório tópico, quando temos uma vulgar faringite”, refere.

(Unsplash)

Difícil de engolir

Vítor Sousa, otorrinolaringologista também no Grupo Lusíadas, explica que o frio, ao contrário da ideia perpetuada pela maioria, “pode, até, ajudar a reduzir a inflamação mais rapidamente, na medida em que baixa a temperatura corporal e ajuda a diminuir a sensibilidade à dor”.

“As temperaturas frias, mas não geladas, não são prejudiciais, mas as temperaturas mornas ou pouco quentes são mais agradáveis e menos traumáticas para a mucosa. O frio é mais agressivo para os cílios das células da mucosa faríngea, podendo agravar as queixas e atrasar a recuperação das células lesadas. Em resumo, é melhor optar por alimentos macios e líquidos numa temperatura morna ou ligeiramente quente”, esclarece.

Quando a garganta não está nos melhores dias, diz, é necessário apostar em alimentos com efeitos calmantes, como o mel ou infusões de limão ou gengibre. “Como a ingestão é diminuída pela dor, o mel tem também a vantagem de trazer algum aporte de energia, necessária para ajudar a vencer a doença”, justifica.

Já a nutricionista Beatriz Vieira, a trabalhar no mesmo grupo, lembra que a dor de garganta pode tornar mais difícil o ato de engolir. Daí que deva preferir alimentos de “consistência mole e/ou pastosa ou de alimentos líquidos”.

Como ingerir carne ou o peixe pode custar mais, esta especialista deixa uma dica para não ter perdas de proteína na sua dieta: pode adicioná-los à sopa ou caldos e triturar tudo. Está lá tudo, só que disfarçado. A mesma lógica pode ser adotada para frutas e legumes, que podem ser consumidos cozidos ou em puré.

“Devem ser evitados alimentos que favorecem o refluxo, nomeadamente alimentos mais ácidos, tais como os citrinos, alimentos com um elevado teor de gordura e condimentados”, bem como “bebidas com gás, álcool ou cafeína”, adverte.

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