Amostras com “potencial para descobertas inovadoras", que deviam estar a -80º, perderam-se para sempre
O funcionário de limpeza de um laboratório em Nova Iorque, Estados Unidos, achou irritantes os barulhos oriundos do frigorífico usado pelos investigadores e decidiu desligá-lo. A consequência foi a perda das amostras e do trabalho de investigação das últimas duas décadas.
Por causa disso, o laboratório do Rensselaer Polytechnic Institute, situado no edifício Cogswell processou a empresa de limpeza Daigle Cleaning Systems Inc. Alegam que a companhia não deu a formação adequada ao funcionário e pede um milhão de euros de indemnização.
Apesar das explicações sobre como resolver o barulho do frigorífico, o eletrodoméstico foi desligado da corrente e as amostras, que deviam estar a -80º, perderam-se para sempre.
O caso remonta a 2020 e está agora a ser julgado em Nova Iorque. Segundo a BBC e a Sky News, dias antes de o frigorífico ser desligado, apareceu um aviso que dizia que a temperatura ia subir três graus. O aumento poderia ser problemático, mas o cientista à frente do laboratório determinou que “as culturas de células, amostras e investigação não estavam a ser prejudicadas”.
Enquanto esperavam a reparação, que as restrições covid impediram que acontecesse de imediato, foi colocado um cartaz no equipamento: “Este frigorífico está a apitar enquanto é reparado. Por favor, não mexer ou desligar. Não é necessário limpar.” E acrescentava: “Pode premir o botão de alarme/teste durante 5-10 segundos se quiser desligar o som.”
As precauções, que pretendiam evitar uma subida de temperatura de três graus, não foram entendidas pelo funcionário, que, por ouvir “barulhos irritantes”, desligou o frigorífico “comprometendo, destruindo, tornando impossível de salvar o trabalho de mais de 20 anos de pesquisa”, diz o processo judicial, citado pela BBC.
A empresa alega que o funcionário acreditava que estava a desligar o alarme e não o frigorífico.
Entre ser desligado e os investigadores perceberem o sucedido, passaram-se muitos graus centígrados, 50 mais precisamente.
O funcionário em causa acredita que não fez nada de mal e que estava apenas a ajudar. A empresa declinou comentar o caso.
O laboratório em questão trabalha a fotossíntese e, segundo a acusação, a investigação “tinha potencial para fazer descobertas inovadoras” no que diz respeito à energia solar, lê-se na queixa.