Ainda não se sabe onde nem quando se irá realizar o funeral de José Eduardo dos Santos. Para Fernando Jorge Cardoso, esta questão está a ser utilizada pela família do antigo presidente de Angola num jogo político que pode influenciar o resultado das eleições
José Eduardo dos Santos sempre funcionou como elemento aglutinador da família Dos Santos. Mas agora, após a morte do ex-presidente angolano, a situação mudou. “Não vai haver uma família para lá do funeral de Estado de José Eduardo dos Santos”, argumenta Fernando Jorge Cardoso em entrevista à CNN Portugal, do mesmo grupo da TVI.
O especialista em estudos africanos e docente na Universidade Autónoma de Lisboa admite que a realização das cerimónias fúnebres em Luanda poderá trazer consequências políticas para o atual presidente João Lourenço: “por mais bem organizado que esteja, vai ter seguramente pessoas a gritarem por José Eduardo dos Santos e, de certa maneira, a atacarem o regime de João Lourenço”.
Com eleições marcadas para 24 de agosto, Fernando Jorge Cardoso acredita que Angola poderá, pela primeira vez, assistir a uma mudança no poder, das mãos do MPLA para a UNITA e seus aliados. “O MPLA e João Lourenço estão, pela primeira vez, com o risco de perder as eleições. A maioria absoluta irá perder”, defende.
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