F.C. Porto-Marítimo, 1-0 (destaques)

28 set 2002, 20:03

Deco vale por dois Deco voltou a sobressair, marcando um golo soberbo que entregou mais uma vitória à equipa das Antas.

Deco

É proibido uma equipa entrar em campo com 12 jogadores. Está nos regulamentos internacionais que tutelam o futebol, mas o F.C. Porto parece encolher os ombros à regra mais básica da modalidade. Apresenta-se ao público com uma unidade a mais. E ninguém faz nada. Ninguém pune os dragões. Deco, pura e simplesmente, vale por dois e não adianta arranjar desculpas. A combinação perfeita com a bola, a técnica refinada e a capacidade de finta são ímpares. Um único corpo foi capaz de escrever esta vitória, num lance só ao alcance do mais inspirado génio. Num metro quadrado de relva, tirou Zeca e Pepe do caminho e rematou para o fundo da baliza. De longe. De raiva. De fazer levantar o estádio. Uma colher de açúcar num jogo muito azedo.

Derlei

Ele dá outra forma às jogadas. Se Deco é um virtuosista, Derlei é mais prático, joga mais em força, incute outra raiva, mantendo intactas características interessantes de emotividade. Depois de ter estado afastado por castigo, regressou de corpo e alma, deu que fazer a Albertino, trocou as voltas de Márcio Abreu e foi dos jogadores que mais tentou o remate. Por várias razões: o F.C. Porto jogou muito (e bem) pela asa esquerda; e porque os seus olhos têm uma apetência natural pela baliza. Se continuar assim, será muito complicado César Peixoto garantir um lugar no onze.

Alenitchev

Ele não tem culpa. Por muito bom que seja, por muitas qualidades que tenha nos pés, estará sempre a uma distância considerável de Deco. Motivo: o que o brasileiro faz de bom é sempre servido em excesso. Mas isso é outra história. Quando os dois estão lado a lado, a poucos metros de distância, há uma tendência natural para o russo abdicar da sua capacidade técnica e reforçar o meio-campo em termos de força, de resistência e de poder de choque. A linha média do F.C. Porto até funcionou e ninguém parece ter notado a falta Maniche, ausente por castigo, mas esperava-se um pouquinho mais dele em termos técnicos.

Paulo Sérgio e Van der Gaag

O Marítimo é uma fotocópia que resiste ao tempo. O defeso pode ser agitado, podem entrar e sair jogadores, mas os princípios são os mesmos de outrora: defender bem, povoar o espaço e cortar as linhas de passe. A equipa madeirense estava talhada para defender do primeiro ao último minuto e os centrais estiveram em destaque, não só por respeitarem a filosofia do treinador mas sobretudo pela eficácia evidenciada em cada lance. Paulo Sérgio e Van der Gaag combinaram bem, obrigaram Jankauskas a recuar no terreno e afugentaram muitos lances perigosos, especialmente o brasileiro. Esteve muito bem na antecipação.

Wénio, Zeca e Pepe

Se a defesa do Marítimo funcionou, o mesmo não se pode dizer do meio-campo. Três jogadores de força, talhados para estancar o poder criativo do adversário mas que estiveram mal porque nunca atingiram um nível satisfatório. A barreira humana não funcionou e a prova disso foi a naturalidade como Deco tirou Zeca e Pepe do caminho no lance do golo. Dois dribles e o mesmo número de nós cegos nas pernas. Sentiu-se a falta de um criativo, mais do que isso foi a inexistência de alguém capaz de fazer passes longos para a frente de ataque, composta por avançados muito rápidos. Ninguém assumiu esse risco.

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