F.C. Porto-Marítimo, 1-0 (crónica)

28 set 2002, 20:42

Jogo fraco ou uma nova definição do futebol Foi um jogo fraco, pontuado por mais um momento deslumbrante de Deco, que voltou a resolver.

A definição mais bonita do futebol é considerá-lo como um espectáculo que encanta as massas. E o golo é o elemento essencial para a alegria do povo. Sem eles é difícil sobreviver, por isso que não os procura ou, muito menos, que não os consegue marcar nunca vai conseguir sentir a alegria do jogo.

Mas existem várias outras interpretações, que vão fazendo com que o futebol seja um pouco diferente a casa desafio que passa. Na vitória desta noite do F.C. Porto sobre o Marítimo (1-0), viram-se duas versões do mesmo espectáculo: a que ataca e a que joga na expectativa. Os madeirenses apenas pontuaram uma vez nas Antas, há mais de vinte anos, mas são tradicionalmente um adversário duro de roer para os dragões. Assim o foi quase sempre e hoje só não foi tão complicado, porque Deco decidiu resolver o jogo ainda antes dos primeiros 15 minutos.

Nelo Vingada entregou o jogo ao adversário, fez aquilo que noutras circunstâncias o permitiu brilhar, mas não pode levar muitas alegrias para casa, essencialmente porque os seus jogadores não terão interpretado na perfeição o estilo de jogo que pretendia cultivar. A táctica fazia adivinhar um sistema naturalmente defensivo, com intenções de contra-ataque através de três jogadores bem rápidos na frente. Eram as armas possíveis para combater um F.C. Porto hiper-moralizado e a consciência afectada pela derrota sofrida na semana passada com o Setúbal nos Estádios dos Barreiros.

Muita luta e poucas oportunidades

Não foi um jogo bonito aquele a que assistiram as mais de trinta mil pessoas que fizeram questão em festejar o 109º aniversário do F.C. Porto. Houve poucos momentos de fulgor e apenas o pormenor deslumbrante de Deco, que aos 11 minutos tirou Pepe, o seu «polícia» durante grande parte do encontro, e Zeca da frente e rematou de fora da área, rasteiro, para um grande golo. Já tinha valido a pena levar os miúdos aos Estádio.

Esperava-se mais do Marítimo, que nunca escondeu a vontade de empatar nas Antas, mas nem mesmo em desvantagem mostrou argumentos suficientes para ultrapassar um adversário cada vez mais mecanizado, que aposta num «onze» que será difícil de demover. Mesmo que haja jogadores a sair por castigo, quando regressam têm lugar assegurado. Assim aconteceu com Pedro Emanuel e Derlei e assim sucederá com Maniche, que regressará à equipa a tempo de ser titular com o Benfica.

Na quinta vitória consecutiva (quarta no campeonato), o F.C. Porto não foi brilhante, muito por culpa de um Marítimo que não deixou jogar, que foi super-rigoroso na defensiva, nomeadamente através dos centrais Paulo Sérgio e Van der Gaag, os melhores madeirenses, que nem sempre foram tão bem auxiliados pelo meio-campo. Surgiram poucas oportunidades de golo, para os dois lados. Deco e Derlei foram tentando avolumar a vantagem, mas raramente deram trabalho a Nélson. O Marítimo esteve, por duas vezes, muito perto de alcançar o seu objectivo e curiosamente através dos seus centrais, que, de facto, foram os únicos a segurar a bandeira da Madeira, revelando-se totalmente recuperados do descalabro sofrido com o Setúbal.

O árbitro Paulo Baptista esteve à imagem do jogo: fraco. Complicou na primeira parte, não dando cartões a entradas duras, o que o levou a ser injusto após o intervalo. Nem sempre seguiu um critério uniforme na marcação de faltas, mas viu um dos seus auxiliares não assinalar (bem) um golo que os portistas reclamavam, após cabeceamento de Capucho, que Nélson defendeu em cima da linha; e teve de aceitar uma má decisão do auxiliar do outro lado, que assinalou mal um fora-de-jogo a Gaúcho, já na parte final do encontro, que podia permitir o empate.

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