A contabilidade final vai ser importante para a distribuição do poder na Câmara dos Representantes, onde os Republicanos têm a maioria mínima de 218 lugares e os Democratas garantiram pelo menos 211 assentos
Os nove mandatos conquistados pelo Partido Republicano na Califórnia deram o 'empurrão' que faltava para o controlo da Câmara de Representantes, numa ocasião em que o estado de pendor democrata ajudou à vitória republicana.
Com novos mapas que reorganizaram os distritos do Congresso pela Califórnia, os Republicanos conseguiram alguns assentos chave que tinham margens renhidas e ainda podem conquistar mais, com várias corridas ainda por declarar.
A vitória do Republicano Mike Garcia no 27º distrito, que abrange partes do vale de São Fernando, Antelope e Santa Clarita no condado de Los Angeles, deu aos Republicanos o controlo da câmara baixa do Congresso.
Este é um distrito em que a maioria dos eleitores registados é Democrata (41,7%) e que votou de forma esmagadora em Joe Biden em 2020, mas que ofereceu a Garcia uma reeleição folgada contra a democrata Christy Smith. Há dois anos, a diferença entre ambos tinha sido de pouco mais de 300 votos.
Garcia, um ex-piloto militar que combateu no Iraque, foi eleito pela terceira vez após a primeira vitória numa eleição especial em maio de 2020. O congressista prometeu “lutar contra a inflação, baixar custos, manter seguras as famílias da Califórnia, e assegurar que os Estados Unidos se mantêm como a melhor nação que o mundo alguma vez viu”.
Também no sul da Califórnia, no 45º distrito a Republicana Michelle Steel triunfou sobre Jay Chen com 53,2% dos votos e no 41º o republicano Ken Calvert venceu Will Rollins com 51,6%.
Há ainda quatro corridas por declarar na Califórnia que vão ser determinantes para o tamanho da maioria Republicana na Câmara de Representantes. Uma delas opõe o congressista lusodescendente David Valadão ao democrata Rudy Salas, no 22º distrito, uma corrida onde os democratas injetaram milhões para tentarem virar o assento.
Valadão, um de apenas dez republicanos que votaram a favor do ‘impeachment’ de Donald Trump após a invasão do Capitólio, sobreviveu às primárias Republicanas num distrito situado no vale central da Califórnia, com um forte pendor agrícola e onde há uma grande comunidade luso-americana, sobretudo de origem açoriana.
Após um grande investimento das campanhas (cerca de 30 milhões de dólares), Valadão está bem posicionado para manter o assento nas intercalares, com 52,8% dos votos numa altura em que estão apurados 67% dos boletins.
Mais renhida é a margem entre o Republicano John Duarte (50,4%) e o democrata Adam Gray (49,6%) no 13º distrito, com menos de 900 votos a separarem os candidatos e 91% da votação contabilizada. Também no vale central, este distrito tende a votar Democrata, mas é considerado ‘battleground’, podendo cair para um lado ou para o outro.
Está também por declarar o vencedor no 3º distrito, no norte da Califórnia, com o Republicano Kevin Kiley à frente (52,3%) do democrata Kermit Jones (47,7%), mas ainda apenas 60% dos votos apurados. Kiley foi apoiado por Donald Trump e aparece posicionado para captar o assento nesta região mais rural e conservadora.
Se vencerem estas três corridas, os Republicanos passarão a ter 12 mandatos pela Califórnia, mais um que em 2020 e mais cinco que em 2018. Nesse ano, em plena presidência Trump, os Republicanos tinham perdido sete representantes no estado mais populoso da nação.
Os democratas deverão ficar com 40 assentos, menos dois que em 2020 e menos seis que em 2018, se confirmarem a vitória no 34º distrito, onde vão à frente. O mapa do estado passou de 53 a 52 distritos com o redesenho, a primeira perda de sempre, que adveio do recenseamento de 2020.
A contabilidade final vai ser importante para a distribuição do poder na Câmara dos Representantes, onde os Republicanos têm a maioria mínima de 218 lugares e os Democratas garantiram pelo menos 211 assentos. Estão por determinar, além das corridas na Califórnia, o 3º distrito do Colorado e o 1º do Alasca.