Laboratório austríaco vai analisar possíveis restos mortais de estudantes mexicanos desaparecidos

Agência Lusa , MM
28 set 2023, 08:00
México

Mais de 40 estudantes de Ayotzinapa desapareceram há nove anos e as múltiplas versões da investigação causaram controvérsia. Apenas três vítimas foram identificadas até agora

O Governo do México anunciou que um laboratório austríaco vai analisar restos mortais que podem pertencer a alguns dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos há nove anos, e cujas múltiplas versões da investigação causaram controvérsia.

Este anúncio, feito na quarta-feira, surgiu um dia depois de uma manifestação na Cidade do México, liderada por familiares dos desaparecidos, que exigem justiça.

Apenas três vítimas foram identificadas até agora, por peritos da Universidade de Innsbruck.

"Temos outros restos mortais à espera de identificação", disse o vice-ministro dos Direitos Humanos, Alejandro Encinas, em conferência de imprensa.

Dois conjuntos de restos mortais, dos mais de 120 descobertos, estão a aguardar análise genética no laboratório austríaco, disse Encinas, que dirige a Comissão da Verdade nomeada pelo governo.

Os peritos da Procuradoria-Geral do México vão também efetuar análises genéticas noutros restos mortais, acrescentou.

Encinas indicou que 132 suspeitos foram interrogados em relação com o caso, incluindo 41 membros do cartel de droga Guerreros Unidos, 71 agentes da polícia, um antigo procurador-geral, 14 membros do exército e cinco outros funcionários públicos.

Os estudantes de Ayotzinapa desapareceram a 26 de setembro de 2014, depois de terem viajado para Iguala, no estado de Guerrero, de onde seguiam, em vários autocarros, para participarem numa manifestação na Cidade do México.

A versão oficial estabeleceu que foram detidos pela polícia, em conluio com criminosos, e entregues ao cartel Guerreros Unidos, que os matou.

A interceção das comunicações do cartel pela Agência Antidroga dos Estados Unidos indicou que os estudantes foram confundidos com membros de um cartel rival e os autocarros que tinham sequestrado continham drogas, armas ou dinheiro, disse Encinas.

No ano passado, a comissão da verdade descreveu o caso como um "crime de Estado", sublinhando que o exército era parcialmente responsável, quer diretamente, quer por negligência.

A 26 de julho, a comissão terminou as investigações iniciadas em 2015, afirmando que o exército se tinha recusado a entregar informações sensíveis, tornando "impossível continuar" o trabalho.

Especialistas independentes e familiares acusaram o governo do Presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, de não ter transmitido todas as informações que possui sobre o caso, alegações que o chefe de Estado voltou a negar na terça-feira.

"Se consideram que há informações que estamos a esconder, eu digo-lhes: não é verdade", afirmou.

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