Braço direito na Europa do major Carvalho, o "Escobar brasileiro", foi traído por causa de uma megaoperação da Polícia Judiciária em fevereiro
É considerado, aos 38 anos, o maior traficante português de sempre. Por associação a grandes cartéis da Colômbia e ao major Carvalho, o “Escobar brasileiro”, de quem era, de resto, o braço direito na Europa. Só lida com cocaína, ao mais alto nível, e sempre na sombra, longe da notoriedade, por exemplo, que teve no nosso país Franquelim Lobo, mas numa dimensão sem precedentes no mercado nacional. Ruben Oliveira, o “Xuxas”, foi agora preso pela Polícia Judiciária.
Considerado um “padrinho” do tráfico, tem tatuadas no corpo imagens dos dois mais famosos barões da droga, Pablo Escobar e El Chapo. Foi traído por causa de uma megaoperação da PJ em fevereiro passado, apelidada de “Exotic Fruit”.
A Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes apreendeu 3,5 milhões de doses de cocaína provenientes da América Latina, que chegaram a Portugal por via aérea dissimuladas em caixas com sete toneladas de fruta tropical, nomeadamente papaias, e prendeu na altura cinco homens, dois portugueses e três estrangeiros. O caso resultou ainda na apreensão de bens, dinheiro e documentos, e, daí, resultaram provas de que o dono da droga era o major Sérgio Carvalho, ex-oficial da Polícia Militar brasileira – numa operação, com vista à distribuição por outros países europeus, coordenada por Ruben Oliveira. Era o princípio do fim para “Xuxas”.
O major Carvalho foi apanhado na última semana na Hungria, onde se escondia com identidade falsa. Quanto a “Xuxas”, depois da operação da PJ em fevereiro, e da captura de colaboradores, também fugiu de Portugal. Geria as operações à distância nos últimos meses, mas regressou na última semana para visitar familiares ao bairro dos Olivais, em Lisboa, onde acabou localizado e capturado pela PJ, que emitiu mandados de detenção. Foi presente a um juiz e está agora em prisão preventiva.
“Xuxas”, nos últimos anos, conquistou um acesso direto ao major Carvalho, para quem já trabalhava antes por via indireta. Isso deu-lhe uma dimensão nunca antes vista em Portugal, na gestão de importação, logística e distribuição de cocaína na Europa em articulação com um dos maiores traficantes do mundo – o major Carvalho –, além da associação aos maiores cartéis colombianos.
Sérgio Carvalho, recorde-se, era perito em fugas e dissimulação – tendo inclusive conseguido simular a própria morte em Espanha. Tinha um império imobiliário em Lisboa, que serve de placa giratória e porta de entrada para o tráfico internacional na Europa, sobretudo por via marítima. Aqui, contaria com o apoio do português Ruben Oliveira, também ele alegadamente dono de um império imobiliário colocado em nome de testas de ferro. Apesar de alguns cuidados, os sinais exteriores de riqueza são abundantes.
As prisões de Sérgio Carvalho e Ruben Oliveira, fruto da articulação entre a Judiciária e a Polícia Federal brasileira, são consideradas uma forte machadada no grande tráfico internacional de cocaína do continente americano para a Europa.