Luís Castro: «Voltar a Portugal? Já tive mais certezas»

4 dez 2022, 09:00

Treinador português em entrevista à TVI/CNN Portugal após o jogo particular com o Crystal Palace, outra equipa que tem John Textor como dono

* Por Óscar Cordeiro (TVI/CNN Portugal)

Crystal Palace-Botafogo. Em época de Mundial houve duelo particular entre dois emblemas que partilham o dono, o empresário americano John Textor. No Selhurst Park de Londres não se festejou nenhum golo, neste sábado, mas Luís Castro deu uma entrevista à TVI/CNN Portugal no final. O técnico português fez um balanço da primeira época no Botafogo, antecipou o ano de 2023 e ainda falou de Cristiano Ronaldo e da Liga portuguesa.

 

O Botafogo visita Inglaterra, uma zona de futebol, onde o jogador brasileiro também é muito valorizado. É um momento de grande honra para vocês, enquanto Botafogo?

Sim, apesar de um enquadramento difícil para nós, pois já tínhamos terminado o campeonato há algumas semanas. Prolongámos o trabalho para responder à solicitação. É um prazer visitar um país do futebol, e quem o visitou foi também um país do futebol. Se aqui há paixão, lá também sabemos que a paixão é ilimitada, e vive-se o futebol 24 horas por dia. Duas paixões que se encontraram, dois futebóis totalmente diferentes, que proporcionaram aquilo que foi possível.

O Luís tem sido associado ao futebol britânico, nos últimos tempos. Ao campeonato escocês, por exemplo. Vê-se a treinar por estas paragens, um dia?

Não sei. Prever o futuro, no futebol, é muito difícil. Há três ou quatro anos, quando estava no Vitória, estive para ingressar no futebol inglês. Não aconteceu, por vários motivos. Já esteve muito perto, mas não aconteceu. Vamos continuar a nossa caminhada, tendo o futebol inglês sempre debaixo do nosso olhar, porque é um dos campeonatos mais fortes do mundo. É um futebol que também tem uma paixão muito grande. Está sempre no radar de qualquer treinador, o futebol inglês.

A última vez que tinha estado consigo foi em Kiev, há três anos. Muita coisa mudou desde então. Como tem sido esta experiência no Brasil?

Já passámos por Doha, entretanto, e agora Brasil. Esta experiência é inesquecível. É um clube de grande prestígio, pelo qual passaram grandes ídolos do futebol mundial, como Garrincha, Didi, Amarildo, Nilton Santos. São grandes referências, e o clube transporta este prestígio pelo mundo fora. Estar ao serviço do Botafogo é uma honra grande, ainda por cima no início de um projeto proporcionado por John Textor. É um campeonato muito difícil, que nos obriga a estar sempre atentos a tudo o que se passa à nossa volta. Os adversários são de complexidade elevada. É uma experiência boa, mas que requer uma adaptação muito rápida, porque o futebol brasileiro não tem muita paciência.

Olhando para a temporada 2023… o Botafogo está de regresso às competições sul-americanas. O que se pode esperar?

O futuro não depende só de nós, no futebol. Depende também dos adversários. Isso é inquestionável. Naquilo que depender de nós, vamos dar o nossso melhor, e queremos ter sucesso. Se esse sucesso for também na competição sul-americana… é uma prova que vemos como uma oportunidade boa de ganhar, de percorrer um caminho longo que nos leve à parte final da prova.

O Botafogo alcançou alguns objetivos que não eram alcançados há muito tempo, mas o Luís é muito pragmático também na análise, e vem aí uma nova época…

Uma época não tem nada a ver com a outra. Precisamos fazer um upgrade à equipa. Sabemos que, para correr o conjunto de competições que teremos – Estadual, Copa do Brasil, Brasileirão e Copa Sul-Americana -, precisamos de ter um plantel muito bom. É esse upgrade que temos de fazer para olhar para as competições como uma boa oportunidade de andar a discutir todos os jogos, para nos levar a boas classificações. É isso que temos de fazer, um trabalho muito grande neste mês e meio, com vista ao início da nova época. Estou convencido que a administração o vai fazer.

Estamos aqui em Inglaterra, onde tem jogado o Cristiano Ronaldo, que entretanto rescindiu com o Manchester United. Gostava de o ter no Botafogo? (risos)

Quem não gosta? Na última época fez 36 ou 37 golos. Está no Mundial, com uma das melhores seleções do mundo. Um jogador com um carisma muito grande, que deve ter respeitado por tudo aquilo que viveu, por tudo o que deu ao futebol. Ficará na história do futebol, por tudo o que fez ate hoje, e pelo que fará daqui para a frente.

E tem acompanhado a Liga portuguesa? Que comentário lhe merece a primeira metade da temporada?

Uma entrada muito forte do Benfica, uma resposta boa do FC Porto, e um Sporting mais oscilante, e um Sp. Braga também bom. Vai ser a história de sempre.

Um dia vai voltar?

Um dia vou voltar, mas já tive mais certezas do que tenho hoje. Não sei, o futuro não sei. O meu país atrai muito, mas estou muito focado no Botafogo. Gosto muito do Brasil e do clube onde estou. Não consigo fazer projeções que faço, quando aparecem emoções tão grandes quanto aqueles que vivo hoje.

Fala de sentimentos… o Luís também já falou muito do conflito na Ucrânia, onde trabalhou. É um conflito que dura há demasiado tempo…

Falam em mais sete ou oito meses de guerra. Isto parece que está quase aí o fim, mas cada dia de guerra são anos intermináveis na cabeça de quem a vive. Continuo com a mesma opinião: é um problema de líderes mundiais, um défice de liderança mundial.

Desejos para 2023?

Que esses líderes se encontrem e promovam a paz no mundo, e desejo muito que Portugal seja um país prospeto, que dê condições a todos os que lá vivem, a todos os cidadãos, e que possamos olhar para Portugal como um estado democrata, cada vez mais, que oferece o melhor de si a quem o visita, com uma cultura inesquecível, um país lindo.

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