Entrevista exclusiva ao avançado emprestado pelos dragões à Académica
2015 vai acabar e Gonçalo Paciência celebra «um ano inteiro livre de lesões». Para um ponta de lança que superou graves problemas nos joelhos e teve de lidar com a suspeita de um problema cardíaco, este é um assunto extremamente sério.Em entrevista exclusiva ao Maisfutebol, o ponta de lança do FC Porto - cedido à Académica - pede um 2016 novamente perfeito no que respeita a assuntos clínicos e deixa mais dois desejos: o regresso ao clube de sempre e a chamada à Seleção Nacional e ao Campeonato da Europa de França.
Filho do grande Domingos Paciência, emérito goleado, Gonçalo fala ainda da ligação ao pai, dos dois irmãos, do ídolo de infância e do Campeonato da Europa de Sub21, onde foi vice campeão.
Gonçalo com a camisola da Seleção Nacional de Sub21
«A disposição mental torna-se desconfortável. Começamos a pensar demasiado. Quando estamos bem, pomos o pé na bola e ela entra. A grande diferença é essa. Executar por instinto, naturalmente, é o melhor».
«O Zlatan Ibrahimovic, sempre. Ele apareceu quando eu ainda era um miúdo. Comecei a vê-lo na Juventus e ainda hoje o sigo. Além dele, o meu pai, claro (risos). Tal como eles, gosto de participar no processo ofensivo da equipa, gosto que as pessoas notem que eu estou em campo».
«Ele era muito mais rápido e tinha uma técnica apurada, diferente, sempre mais em movimento. Eu controlo mais o meu espaço, mais a bola. Eu sou mais alto e forte, ele era magrinho. Agora está gordinho. Dele só queria a velocidade (risos)».
«Não é agressivo, nada disso, mas de vez em quando corrige-me. Sabe mais do que eu. Fala mais comigo depois dos jogos maus do que depois dos jogos bons. Não me dá muita moral (risos)».
«Disse que seria bom para mim. Tinha razão. Cresci, estou melhor jogador e ser humano. Queria sair da minha zona de conforto e perceber o que é o futebol longe do FC Porto».
«O João é três anos mais velho e não seguiu a carreira de futebolista. Ainda jogou no FC Porto, depois passou pelo Progresso, mas nunca teve muito jeito (risos). Licenciou-se em Desporto, está a tirar um Mestrado e está numa empresa de agenciamento de jogadores. O Vasco joga nos Sub16 do FC Porto e também é avançado. Este ano tem jogado e está a aparecer, é mais um da família a fazer golos (risos)».
«Na verdade estive quase dois anos parados. Felizmente estava no clube certo para fazer a recuperação. Se hoje em dia ainda jogo futebol é por responsabilidade dos responsáveis do FC Porto. Sempre se preocuparam comigo. Ainda hoje é assim, porque tenho um historial complicado. São impecáveis, só posso mesmo agradecer ao departamento médico e aos dirigentes do Porto. Agora estou ótimo, sinto-me a 200 por cento, não tive qualquer problema durante o ano inteiro. Precisava de me sentir assim. Em 2015 não tive nenhuma lesão».
«Sem dúvida. Tinha só seis anos. Estavam centenas de miúdos. Chamaram-se ao antigo ringue, a Constituição ainda tinha o campo pelado. No segundo treino já fomos para o campo grande, com o professor Álvaro Silva, uma figura mítica do clube. Estive um ano só a treinar, não tinha idade suficiente para jogar».
«Sempre. Completei o 12º Ano. Aliás, acho muito estranho quando vejo alguém a dizer que não consegue conciliar futebol e escola, até aos 18 anos. Dá perfeitamente. O Tozé (agora no V. Guimarães) é um grande exemplo disso, é um aluno brilhante na universidade.
«Tracei algumas metas. Espero ser chamado de volta ao FC Porto, é ali que quero jogar. Se não me deixarem, há outros clubes. Quero fazer uma grande carreira e o meu foco está no FC Porto, é no meu clube que me quero impor. E também tenho o objetivo de chegar à Seleção A e ao Euro2016».
«Tenho de fazer golos e jogar a um grande nível. Acredito que posso lá chegar, sim».
«O ambiente é fantástico, inacreditável. Foi pena a final do Europeu, ficámos arrasados. Tínhamos mais qualidade, mais opções… Quando me falam dessa final… fico doido. Custou-me muito perder esse jogo nos penáltis. Está atravessado na garganta. O mister Rui Jorge bem dizia que era a pior sensação do mundo. É verdade. Na altura fui de férias com alguns deles – Rúben Neves, Ricardo Pereira, Ricardo Horta – e falávamos muitas vezes sobre a final. Até que algum dizia