Do Chelsea à Austrália: Fábio não esquece Mourinho e Drogba

20 nov 2014, 10:28
Fábio Ferreira e Drogba

Os «bons dias» do Special One, a «máquina impressionante» chamada Didier, a transferencia do Sporting para Londres e os dias em Adelaide. Entrevista-Maisfutebol

Nove anos após ter trocado o Sporting pelo Chelsea, Fábio Ferreira recupera nos Antípodas a paixão que julgara perdida pelo futebol. O extremo português é figura central do Adelaide United - segundo classificado da liga australiana – onde está desde 2012.

O afastamento do futebol europeu foi feito, garante, «conscientemente»
. Começa assim uma entrevista ao Maisfutebol
, condicionada pelo desfasar do fuso horário australiano: mais 11 horas do que em Portugal.

«Se não tivesse tomado a decisão de vir para a Austrália, talvez já não estivesse a jogar futebol»
.

OS NÚMEROS DE FÁBIO FERREIRA


RESULTADOS E CLASSIFICAÇÃO DA A-LEAGUE


A frase não deixa margem para dúvidas. Após os quatro anos em Stamford Bridge, a carreira de Fábio entrou numa fase de indecisões. Passou pelo modesto Oldham Athletic, voltou a Portugal para jogar no Esmoriz e no Sertanense, e em 2011 arriscou tudo e partiu para Sydney.    

«Estive primeiro no Dulwich Hill e jogo no Adelaide Utd. há três anos. Estou numa liga mais forte a nível físico. Tecnicamente, o campeonato tem jogadores de muito boa qualidade. As pessoas pensam que é uma liga com pouco valor, mas está a evoluir muito»
.

Fábio junta o projeto desportivo à estabilidade pessoal. Vive «na sexta melhor cidade do mundo»
[de acordo com alguns estudos] e tem «praias incríveis, clima bom e pessoas impecáveis»
. «Estou muito contente com a minha vida em Adelaide»
.

Na equipa técnica está Guillermo Amor, antiga glória do Barcelona. Nada a que Fábio Ferreira dê especial relevância.

«Podiam ser japoneses ou treinadores de outra língua qualquer. Treino e jogo de igual forma. Antes de eles chegarem, eu já estava no clube»
.

Os golos de Fábio Ferreira no Adelaide Utd.:




«Drogba era impressionante, uma verdadeira máquina»


Fábio era um adolescente de 13 anos quando chegou ao Sporting. Trocara o Paio Pires pelos leões com a ilusão de ser alguém importante em Alvalade. Durante três anos, o atual avançado do Adelaide United partilhou o balneário com muitas caras conhecidas.

«Joguei com o André Santos e o Adrien Silva, entre outros. Foi uma grande experiência e fez-me crescer muito como jogador e pessoa. Foi no Sporting que fiz parte da minha formação e isso ajudou-me a ser o jogador que sou hoje»
.

Na transição dos juvenis para os juniores, Fábio Ferreira teve a surpresa de uma vida. O convite do Chelsea, ainda por cima quando José Mourinho já treinava com os blues, foi o cumprir de outro sonho.

O Sporting tentou bloquear a transferência – avaliada em 540 mil euros -, instalou-se a polémica entre os clubes, mas Fábio Ferreira mudou-se mesmo para Londres.

«Estava nos Sub16 da Seleção Nacional, num torneio em França. Mostrei o meu valor e o Chelsea abordou-me. Foi uma experiência incrível»
, recorda Fábio Ferreira, a partir da Austrália.

Imagens de Fábio Ferreira no Chelsea:




Fábio partiu para os Sub19 dos blues
, fez vários jogos pelas reservas e treinou regularmente com o plantel de José Mourinho. Tem na ponta da língua a sua primeira equipa num treino com os seniores do Chelsea:

«Cudicini, Ricardo Carvalho, Joe Cole, Arjen Robben, Paulo Ferreira, Glen Johnson e eu, claro»
.

O português recorda a «tranquilidade de Lampard»
e «Gallas, o mais calmo de todos»
. Os portugueses eram «dos mais brincalhões»
, juntamente com «Gudjohnsen e Terry»
.

«Foi uma experiência fantástica a todos os níveis. Conhecer estes jogadores, estar dia a dia com eles, comer ao lado de todos… Tudo que passei no Chelsea foi positivo para mim. Os portugueses ajudaram-me bastante!»


Fábio guarda no coração as conversas e conselhos com Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho e Bosingwa, mas a nível desportivo destaca outro nome: «Didier Drogba»
. «Era impressionante vê-lo a treinar, uma verdadeira máquina»
.  

«Saí do Chelsea porque não quiseram renovar o contrato»


Da equipa técnica de José Mourinho fazia parte um menino chamado André Villas-Boas. Fábio nunca privou com eles, mas por esses dias um simples aceno fazia toda a diferença.

«A conversa resumia-se a um 'bom dia, tudo bem'? Na altura isso era mais do que suficiente para me fazer feliz»
.

Quatro anos após a chegada, já em 2009, o Chelsea anunciou a não renovação do contrato de Fábio. Luiz Felipe Scolari era o treinador nessa fase.  

«Não me deram qualquer explicação. Apenas me informaram que o contrato não seria para renovar»
.

À distância de 11 fusos horários, Fábio Ferreira tem como objetivo continuar a ser feliz na Austrália. Está no último ano de contrato com o Adelaide United e a fazer tudo o que pode «para decidir bem»
o futuro.  

No baú de recordações há fotos de Fábio no Sporting, imagens dos treinos no Chelsea e a sensação de proximidade única com o mais titulado dos treinadores portugueses. «Aqueles bons dias que ele me dizia…»

















  











 

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