opinião

Paulo Portas explica como "os portugueses simplificaram a vida" a António Costa nas legislativas

6 fev 2022, 23:07

O comentador da TVI explicou os três fatores "determinantes" para a maioria absoluta do PS nestas eleições, nomeadamente a disciplina dos eleitores de esquerda, a "complicação do que poderia ser a gestão de uma geringonça às direitas" e o aumento de mobilização.

Paulo Portas analisou este domingo a "eleição histórica" do Partido Socialista (PS) nas legislativas do passado dia 30 de janeiro, em que conquistou a maioria absoluta, contrariando assim as projeções das sondagens dos dias anteriores.

No habitual espaço de comentário no Jornal das 8, da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), Paulo Portas considerou que "os portugueses simplificaram a vida do doutor António Costa". "Em certo sentido, desfizeram-se da geringonça das esquerdas e também não quiseram uma espécie de geringonça das direitas", acrescentou.

Mas, para o comentador, três fatores foram "determinantes" para a maioria absoluta do PS, desde logo a "disciplina dos eleitores de esquerda", que resolveram concentrar os votos no PS perante a possibilidade de crescimento dos partidos da direita nestas eleições e de uma consequente "geringonça das direitas".

"Os três parceiros da geringonça - que as pessoas identificam como os partidos que causaram o chumbo do orçamento e a precipitação das eleições - perderam 43% dos seus votos, e foram quase todos parar ao PS", explicou.

Paulo Portas alertou para o "risco" associado às maiorias absolutas: "Confundirem uma responsabilidade acrescida com um acréscimo de poder, que às vezes se transforma em arrogância."

Rejeitando a ideia de neste contexto o Presidente da República se torne numa "espécie da rainha de Inglaterra da maioria absoluta", Paulo Portas salientou o papel de Marcelo Rebelo de Sousa nesta que será uma legislatura "mais longa do que o habitual".

"O Presidente da República, em certo sentido, é o limite da maioria absoluta", assinalou, acrescentando que o chefe de Estado tem "como função" impedir precisamente que a responsabilidade acrescida deste Governo de maioria absoluta se transforme em arrogância.

Ainda em relação à legislatura que agora se inicia, Paulo Portas antevê "um erro" e deixou um conselho aos socialistas: "Há muitos sinais de que o PS pretende que o mandato de Carlos Moedas seja dificultado a ponto de ser breve. Eu acho que, se isso acontecer, o mais provável é os eleitores fazerem a quem o derrubar a mesma coisa que fizeram agora ao PC, ao Bloco e ao PAN por terem recusado o orçamento. Em tudo é preciso bom senso."

Paulo Portas assinalou ainda com "tristeza" a saída do CDS do Parlamento: "Faz-me tristeza ver o partido a que dediquei muitos e longos anos deixar de ter representação no Parlamento."

A polémica em torno do vice-presidente da Assembleia da República do Chega

Quanto à polémica em torno do direito do Chega, enquanto terceira força política do Parlamento, em indicar um vice-presidente da Assembleia da República, Paulo Portas lembrou que "desde que há pluralismo em Portugal, os principais partidos designam os órgãos que dirigem o Parlamento", isto é, elegem o Presidente da Assembleia da República e aqueles que na sua falta o substituem.

"O principio da representação leva a que os principais partidos indiquem pessoas que terão de ser eleitas, em todo o caso, para a mesa do Parlamento. Eu não substituiria a regra da representação pela regra da exclusão, porque isso seria abrir um precedente", salientou.

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