Ana Catarina Mendes considera inaceitável que Marcelo tenha decidido "entrar em campanha"

Agência Lusa , AG
8 mar, 20:30

A ainda ministra decidiu recordar Presidentes como Mário Soares ou Jorge Sampaio

A cabeça de lista do PS por Setúbal, Ana Catarina Mendes, considerou inaceitável que o Presidente da República tenha decidido "entrar hoje em campanha", num discurso em que Marcelo Rebelo de Sousa foi apupado pelos simpatizantes socialistas.

Na sua intervenção no comício do PS no Complexo Municipal dos Desportos Cidade de Almada, Ana Catarina Mendes manifestou a “maior perplexidade” por o Presidente da República ter decidido “entrar em campanha no último dia”, com os simpatizantes socialistas a assobiarem Marcelo Rebelo de Sousa mal o seu nome foi pronunciado.

“Em democracia não é aceitável. O Presidente da República - habituou-nos Mário Soares, Jorge Sampaio - é o garante da estabilidade democrática, é o garante de que todas as forças políticas têm os mesmos direitos em sociedades democráticas”, sustentou.

Por isso, prosseguiu a também governante, “não é admissível que o senhor Presidente da República tenha decidido convocar estas eleições mas, pior do que isso, tenha decidido entrar hoje em campanha eleitoral”.

“Os portugueses responderão, e responderão de uma forma muito clara, meu caro Pedro Nuno Santos. Responderão com uma grande, enorme vitória no PS, e o Pedro Nuno Santos primeiro-ministro de Portugal”, sublinhou, salientando que “é assim em sociedades democráticas”.

Antes, a também governante tinha defendido que o PS e o Governo não queriam nem mereciam a convocação de eleições antecipadas.

“O senhor Presidente da República decidiu que havia eleições e nós aqui estamos, a mostrar ao que vimos, que não desistimos em nenhuma das dificuldades. Estamos aqui com a nossa energia, agenda, vontade, e a acreditarmos todos os dias nos portugueses”, disse.

Ana Catarina Mendes criticou depois Manuela Ferreira Leite, salientando que é extraordinário que quem pediu aos portugueses que “suspendessem a democracia”, considere “a poucas horas do final desta campanha que, para o Governo do PS, foi uma benesse o covid-19 ou uma benesse a inflação”.

“Por respeito a todos os portugueses que perderam familiares, amigos, é de uma insensibilidade social que nós, socialistas, não podemos admitir”, frisou, salientando que o Governo respondeu à pandemia “com sensibilidade social”.

“Sim, trabalhámos e respondemos os portugueses”, defendeu, questionando como a pandemia teria sido gerido pela direita, uma vez que, “na Europa, a direita, numa Comissão Europeia liderada por Durão Barroso, defendeu o corte de 600 milhões de euros permanentes para as pensões”.

No início do seu discurso, Ana Catarina Mendes abordou o Dia Internacional da Mulher para salientar que este Governo e o PS se empenhou pela igualdade de género, tendo conseguido reduzir de 16% para 11% a diferença salarial entre homens e mulheres e garantido que há hoje “mais mulheres a frequentar o ensino superior”.

“Ao contrário de Luís Montenegro, nós não homenageamos as mulheres apenas pela sua maternidade ou pela família. Nós homenageamos as mulheres pelos seus direitos conquistados e que não queremos que voltem atrás”, afirmou.

Antes de Ana Catarina Mendes, a presidente da Câmara Municipal de Almeida, Inês de Medeiros, disse que, no próximo domingo, o PS não apela ao voto útil, mas ao “voto justo, seguro”.

“Ao voto de confiança, porque também não esquecemos quem pôs velhos contra novos, trabalhadores contra desempregados, trabalhadores do privado contra os da função pública, de quem acha que o progresso e o crescimento económico são incompatíveis com a justiça social e o sentido de redistribuição”, disse.

Neste discurso, Inês de Medeiros salientou ainda que foi hoje “assinada a portaria para o lançamento do projeto de extensão do metro até à Costa da Caparica”, deixando um apelo ao próximo executivo.

“Agora, cabe ao novo Governo, Pedro Nuno, garantir que a obra se faz depois do projeto”, disse.

O Expresso noticiou esta sexta-feira que, caso a Aliança Democrática (AD) perca as eleições, mas houver uma maioria de direita no parlamento, o Presidente da República não vai aceitar um primeiro-ministro de substituição de Luís Montenegro para um eventual Governo com o Chega.

Segundo esse mesmo artigo, o Presidente da República “já cenarizou o que pode sair do 10 de março e não antevê que quem fique em segundo nas eleições possa governar”.

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