Estudo israelita conclui que a segunda dose de reforço da vacina não evita as infeções com a variante Ómicron, embora reforce os anticorpos
Uma quarta dose da vacina contra a covid-19 aumenta os anticorpos para níveis ainda mais elevados do que a terceira dose, mas provavelmente não é suficiente para prevenir infecções por Ómicron, de acordo com um estudo preliminar realizado em Israel.
As vacinas levam a um aumento no número de anticorpos "um pouco mais alto do que o que tínhamos após a terceira dose", disse a médica Gili Regev-Yochay à Reuters, acrescentando que estes resultados são preliminares e não foram publicados.
O estudo foi realizado no Sheba Medical Center com 150 funcionários saudáveis que receberam a quarta dose da vacina da Pfizer a 27 de dezembro, quatro meses depois da primeira dose de reforço.
“Duas semanas depois da administração da vacina, vemos um aumento de anticorpos, maior do que após a terceira dose”, disse a médica ao jornal The Jerusalem Post. “No entanto, temos muitos infectados com Ómicron que receberam a quarta dose. Um pouco menos do que no grupo de controlo, mas ainda muitas infecções.” A especialista em doenças infecciosas diz que “a conclusão a tirar é que a vacina é excelente contra as variantes Alfa e Delta, mas para a Ómicron não é boa o suficiente”.
Os investigadores do Sheba também estão a realizar um estudo semelhante administrando uma quarta dose da Moderna a outro grupo de 150 funcionários saudáveis do hospital. Segundo Regev Yochay, também neste caso, uma semana após o novo reforço, o nível de anticorpos aumenta, num nível semelhante ao relatado após a vacina da Pfizer.
A médica diz que ainda é cedo para perceber qual o efeito da quarta dose na prevenção de doença grave associada ao coronavírus.
“São resultados muito preliminares, antes de qualquer publicação, mas decidimos partilhá-los porque entendemos a urgência do público em receber informações”, observou.
“Acho que a decisão de administrar uma quarta dose da vacina às populações vulneráveis está correta”, diz a médica. “Pode oferecer alguns benefícios, embora provavelmente não sejam suficientes para sustentar a ideia de administrá-la a toda a população.”
Israel foi o primeiro país a aplicar uma quarta dose da vacina, ou um segundo reforço, para os mais vulneráveis e grupos de alto risco.
Uma semana após a administração da quarta dose, já era visível nos paciente um aumento de cinco vezes no número de anticorpos na pessoa vacinada, afirmam os médicos. “Muito provavelmente a pessoa vacinada obterá um nível de proteção muito superior com a quarta vacina, quer em relação à infeção e contágio, quer em relação à morbilidade severa”, explicou na altura o primeiro-ministro israelita, Naftali Benet, para concluir ser “muito provável que a vacina funcione”.
Em duas semanas, mais de 550 mil pessoas com idades acima dos 60 anos já tinham recebido a quarta dose.