Destino Paris: Eduardo Marques, o velejador que grita com o vento a navegar para o topo

24 abr, 09:00
Eduardo Marques (Foto EURILCA)

Vai representar Portugal na classe ILCA 7, uma estreia olímpica que chega depois de um longo percurso. A exigência que lhe foi passada pelo pai, o dia em que decidiu vender tudo o que tinha em casa para fazer da vela modo de vida, os altos e baixos e as metas para o que aí vem

A caminho dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Maisfutebol lança uma série de conversas com atletas portugueses já qualificados. São 43 nesta altura, ainda com várias modalidades por definir. Estas são as suas histórias.

Eduardo Marques procura encarar a sua primeira presença em Jogos Olímpicos da forma «mais normal possível». Quer manter o foco e a exigência que, aos 29 anos, o trouxeram até aqui, depois de um percurso com muito que contar. O velejador português que um dia decidiu vender tudo o que tinha em casa para perseguir o objetivo de fazer da vela modo de vida leva-nos à boleia da sua história.

Depois de terminar no nono lugar no Troféu Princesa Sofia no início de abril, Eduardo Marques está agora a competir na Semana Olímpica de Hyères, em França, a última grande prova antes dos Jogos Olímpicos. Para já, conseguiu pelo menos uma das principais metas da preparação. «Era um objetivo terminar nos 10 primeiros numa delas pelo menos», conta, ele que falou com o Maisfutebol entre essas duas provas, a tentar projetar o que o espera no verão em Marselha, onde decorrerão as provas olímpicas de vela.

«Procuro manter a mesma rotina, é isso que eu quero levar para os Jogos Olímpicos. São os mesmos dias, com os mesmos atletas de sempre. Quero tentar encarar aquilo da forma mais normal possível, acho que esse vai ser o grande desafio», diz, sabendo que a grande diferença será a atenção mediática. «Se o primeiro ou o segundo dia correr muito bem, estamos ali nos três primeiros, de repente parece que o país todo cai em cima. Mas é preciso calma, que o campeonato não são só dois dias, é uma semana e muita coisa pode acontecer.»

A exigência que veio à boleia do pai

Eduardo Marques já coloca essa exigência sobre si próprio. Quando em agosto passado garantiu para Portugal o último lugar de apuramento olímpico em ILCA 7, a antiga classe Laser, falou no final em sentimentos contraditórios, porque achava que podia ter conseguido uma melhor classificação. O velejador português diz que essa exigência vem de longe e foi-lhe passada pelo pai. Que lhe passou também o interesse pela vela.

 

Eduardo começou por fazer natação em criança e também jogou ténis. «Acho que até jogava bem. Tenho para lá uma medalha. Foi o clássico, experimentei outros desportos e depois foi afunilando. O meu pai sempre gostou de vela. Sempre teve esse bicho, nós passávamos férias em barcos, sempre me puxou para esse lado.»

Desses primeiros tempos, Eduardo Marques recorda as viagens de carro a caminho das competições, com o pai a encher-lhe os ouvidos. «O meu pai sempre foi muito exigente comigo em tudo. Ainda nos Otimist (os barcos de iniciação), lembro-me de um campeonato em Sesimbra. O meu pai levava-me e no primeiro dia íamos a falar normalmente da vida. No caminho de volta, ele vinha-me a partir a cabeça porque eu não ia bem. ‘Tens de fazer isto, tens de ser melhor.’ E eu a pensar, ‘amanhã vai correr bem só para te calar’. No domingo de manhã, no caminho para lá, outra vez. Depois corria bem, mas não era primeiro. E lá vinha ele para casa outra vez a partir-me a cabeça: ‘Se não fosse eu puxar por ti, tu não queres saber…’»

Essa exigência não se aplicava apenas à vela, conta. «Ele tem um bar de praia em Tavira e desde miúdo punha-me lá a trabalhar. Acordava às 7 da manhã, levávamos os sumos e as cervejas para a praia, depois punha-me a enrolar bolas de Berlim para vender. Num dia eu era campeão nacional, no outro estava a apanhar lixos e a carregar coisas para a praia…»

Eduardo tentava umas escapadelas. Como o surf, outra das suas paixões. «Em Tavira, sempre que estavam ondas era o meu escape para não trabalhar. Agarrava na prancha e ficava o máximo de tempo no mar. Se visse o meu pai a chamar-me fingia que nem estava a ver», ri-se.

Um desporto caro e as primeiras dúvidas

«Mas eu sempre percebi que era bom para mim. E absorvi isso», diz, contando como transformou essa pressão em responsabilidade. «No décimo ano estava no Campeonato Europeu de juniores, aquilo não estava a correr muito bem e eu nem sequer estava a esforçar-me muito, mas depois pensei: ‘Os teus pais estão a pagar isto. Não estás aqui para te divertir.’ Pensei que se calhar fazia sentido eu realmente puxar por mim. Acho que a partir daí comecei a ver as coisas de maneira diferente. Mesmo quando passou a ser com o meu dinheiro, sempre puxei por esse lado de nunca desistir e ir sempre até ao fim. Dá para passar, dá para fazer, dá para acontecer.»

A vela é um desporto caro. Implica capacidade de investimento, mesmo com algum apoio institucional, diz Eduardo, que tem estatuto de alta competição desde 2010. Um barco custa vários milhares de euros, depois há outro material e todas as despesas de transporte, além das deslocações e alojamento. «Na altura as coisas eram mais baratas, mas estamos a falar de despesas à volta de 10 mil euros, mais ou menos. A certa altura tinha uma ajuda da Federação, tinha a carrinha, os atrelados, os transportes do barco.»

Apesar de ter percebido cedo que tinha potencial para evoluir na vela, o peso dos custos envolvidos levou-o a questionar se esse podia ser o seu caminho. «Sempre senti que era bastante bom. Nos Lasers a minha evolução também foi muito rápida, tecnicamente. Senti que tinha mesmo pernas para andar. Mas também pensava que estava aqui em Portugal, tinha de pedir muito dinheiro aos meus pais e podia ser tudo para um buraco, para não dar em nada.»

Vender «tudo o que tinha dentro do quarto»

Aos 19 anos, entrou no Troféu Princesa Sofia, um dos mais prestigiados da modalidade, e o resultado acabou com as dúvidas. «Foi o meu primeiro campeonato sénior e fiquei bem dentro da primeira metade. Acho que foi quase único para quem começa a andar de Laser sénior pela primeira vez. Então pensei: ‘Se calhar faz sentido, é mesmo possível. Se calhar precisas só de ti mesmo, de trabalhar para conseguir lá chegar.’»

Mas também precisava de se financiar, e então decidiu… esvaziar o quarto. «Olhei à minha volta e decidi vender tudo o que tinha em casa. Pranchas de surf, fatos, gameboy, playstation, roupa, foi tudo. Tudo o que tinha dentro do meu quarto que era meu - entre aspas, porque não fui eu que paguei.» Além disso, foi arranjando formas de ganhar dinheiro. Trabalhou num café, deu treinos de vela, tripulou barcos de turismo. «O dinheiro que ganhava investia em mim mesmo. Para os Airbnbs, os voos, as velas, os barcos, tudo. Comprava e vendia coisas, fiz trabalhos de promotor. Tudo o que aparecia para fazer dinheiro eu fazia.»

Começou então a participar em estágios no estrangeiro. É a forma de evoluir, explica. «Nós temos boas condições de mar e de vento. Mas as condições em Portugal não são iguais às da maior parte dos campeonatos, que são no Mediterrâneo. Temos ondas grandes, swell... Além disso, Portugal é longe para depois conectar para os outros campeonatos. Por exemplo, tivemos o Europeu na Grécia. Levar os barcos todos, conduzir, o ferry, nunca mais lá chego.»

 

A vida pelo mundo fora

Hoje, passa a maior parte do tempo fora de Portugal. Corre mundo, em estágios que lhe trazem também muita experiência de vida. «Por norma também divido casa com estrangeiros. Quando estive em Split em março estava com um húngaro que tem uns amigos especiais, que participam no Campeonato do Mundo de café, que eu nem sabia que existia. Fazem a sua mistura de grãos e vão fazendo experimentações, têm umas máquinas específicas. Ele trouxe um pouco disso e faz ótimo café de manhã.»

«Esse é um grande ganho», continua: «Eu vou para o México, tenho lá um amigo e vou dormir para casa dele. Onde quer que seja, posso ligar ou mandar mensagem a alguém. Mas a maior experiência para mim, a melhor coisa disto tudo, é conhecer-me a mim mesmo. Sei que me conheço de forma que os meus amigos normais, digamos assim, não se conhecem. Não passaram por 300 coisas que eu passo todos os dias.»

Não foi um percurso linear. «Por volta dos 20 anos levei uma granda pancada. Tinha feito aquele grande resultado, comecei a treinar com o Gustavo Lima, antigo velejador olímpico, e achei que a minha vida ia ser muito mais fácil, que ia ser sempre a subir. E levei porrada. Não correu bem e eu não percebia porquê. Era miúdo, também não tinha grande ajuda de fora, só tinha a minha visão.»

Esse foi um ponto de viragem também na forma como os pais encaravam a sua aposta na vela. «O meu pai sempre me apoiou bastante, mas a minha mãe queria que eu fosse estudar, que tivesse uma vida normal. Uma vez liguei-lhe, e não estava a chorar mas estava mesmo aflito, a dizer ‘Não percebo o que se passa’, e acho que isso fez-lhe um clique, percebeu que eu queria mesmo levar isto a sério. E começou a seguir-me muito mais. A ver os trackers das provas, a seguir no Youtube. Hoje fica mais nervosa do que eu.»

Cair para voltar a crescer

«Foi a partir desse momento muito baixo que voltei a crescer, e então a crescer bem e sustentado. Percebi que não é só treinares com este ou aquele que vai fazer com que tu chegues a ser o melhor do mundo. Dependes de ti também. E comecei a analisar os erros que fazia. O que é que correu mal na regata? Começaste muito atrasado. OK, vamos tentar fazer uma coisa diferente. De repente começo a crescer, termino o ano com 21 anos a fazer uma Gold Fleet no Europeu, e a partir daí quase nunca mais saí da Gold Fleet.»

Anos mais tarde voltou a ter de tomar uma decisão sobre o futuro, quando soube que ia ser pai. Tinha 26 anos e ponderou deixar a vela. Mas uma conversa com um amigo mais velho levou-o a repensar. «Ele disse-me para apostar em mim, se não mais tarde ia sempre pensar até onde teria chegado se não tivesse parado.» E continuou a velejar. «Não digo que estou a fazer isto pelo meu filho, é por mim na mesma, mas cresci bastante na forma de avaliar as coisas más que havia à minha volta. Naquela altura havia falta de apoio da Federação e de credibilização da classe ILCA7, não acreditavam que nós conseguíssemos apurar o país. E acho que voltei um bocado ao básico de quando tinha 21 anos: ‘OK, só dependo de mim. Não tenho a equipa X para treinar, não vou fazer 300 campeonatos, não vou treinar com os melhores do mundo, mas tenho-me a mim.’ E quase apurei o país para Tóquio, falhei por pouco em Vilamoura.»

Treinar com «o Cristiano Ronaldo da vela»

Depois, tudo se conjugou. «Eu acredito bastante no destino. E a partir daí parece que o mundo todo abriu.» Esse novo horizonte passou por um convite especial para treinar com uma lenda da modalidade, o brasileiro Robert Scheidt, cinco vezes medalhado olímpico. «De repente o Robert Scheidt, que é como se fosse o Kelly Slater ou o Cristiano Ronaldo da vela, convidou-me para treinar com ele para os últimos treinos com ele antes dos Jogos. Fui para o lago de Garda, em Itália, treinar com ele. Dei tudo o que tinha e a partir daí comecei a ser convidado para grupos muito bons e sim, houve uma evolução bastante grande. Uma evolução técnica e agora também psicológica, de estar em momentos de decisão. Estive no Europeu no top 3 até ao ultimo dia, agora em Maiorca não estava muito bem mas acabei nos 10 primeiros. No Mundial devia ter acabado também nos 10 primeiros mas tive um problema com algas. Sinto que isto tem vindo a crescer bastante.»

 

Agora, Eduardo Marques dedica-se à vela a tempo inteiro. Os estudos em que a mãe insistia foram acontecendo, mas ficaram em pausa. Começou por estudar gestão na Universidade Nova, mas abandonou. Seguiu então para ciências do desporto, de que não gostou. Agora tem em suspenso o curso de gestão do desporto. Mas um dia mais tarde, quando terminar a carreira, imagina-se a trabalhar por conta própria, a exemplo dos pais. A mãe de Eduardo, Lena Aires, é estilista, e o pai, também Eduardo Marques, é empresário na área de bares e restauração. Ele não se imagina a trabalhar doutra forma.

«Eu quero pelo menos fazer 10 anos de profissional de vela. Agora estou na vela olímpica, mas depois há a vertente de profissional de vela. A minha ideia é fazer uma espécie de pé-de-meia, para depois investir num negócio. Porque não me vejo a trabalhar para outros. Foi uma das razões também por que não consegui acabar gestão. Trabalhar para alguém nunca entrou nos meus planos, também por causa do exemplo dos meus pais.»

Eduardo Marques acredita que o seu percurso lhe deu uma capacidade de resistência que o distingue em momentos difíceis. «Atrasou-me bastante no crescimento como atleta, mas por outro fez-me ser uma pessoa muito diferente. Eu comparo com pessoas que tiveram tudo, com os ingleses, com os irlandeses, com os holandeses. Quando chegam momentos difíceis para mim não é assim tão difícil. Acho que em momentos mais difíceis eles sentem-se mais nervosos, sentem que têm de ter a performance porque lhes foi dado isto e aquilo.»

O que se consegue controlar na vela (e uns gritos para o vento)

Há muitas variáveis na vela, uma modalidade complexa, que além da técnica depende muito das condições meteorológicas. Eduardo Marques diz que aprendeu a focar-se naquilo que pode controlar. «Antes, para explicar a vela, eu dizia sempre que é uma coisa muito complicada. Não há controlo nenhum, há as ondas, as correntes, as boias, barcos, nuvens… Hoje digo que é simples. A forma que encontrei foi focar-me somente na largada. Não consigo controlar se o vento vai rodar 20 graus para a direita e eu larguei na esquerda, o que é mau para mim. O que consigo controlar é largar bem. Passei a concentrar-me só nisto. E a seguir, ok, largas bem, vais rápido, sais um pouco da frota. Mesmo que corra mal a seguir, estás sempre na cabeça daquele grupo, portanto significa que vais estar na luta. Por norma, em 10 tomo 9 boas decisões.»

Mas a dependência de tantos fatores externos é difícil de gerir, admite. «Há sempre angústia. Eu sou muito mais rápido em treino do que em regata porque em regata estou em constante avaliação. Onde é que está a boia, onde é que estão as nuvens, as ondas, os barcos à minha volta? A vela depende muito da sorte também. Podemos começar num sítio muito bem, mas de repente há uma onda maior que rebenta na proa, eu levo com a onda e a pessoa que está um metro ao meu lado não levou. Eu fico logo para trás e já larguei mal. Já estou numa regata completamente diferente do outro.»

Há diferentes mecanismos para lidar com a pressão. Eduardo, por exemplo, chega a gritar para o vento. «Há ali momentos em que preciso descarregar. Um treinador esloveno que estava comigo há um ano gozava comigo e até me filmou, porque eu ia a refilar com o vento. Mas depois lá o vento voltou e foi para o meu lado», ri-se. «Por norma, eu até sou bastante calmo dentro do barco. Tenho é alguns momentos em que preciso de mandar tudo cá para fora.»

Lida-se melhor com tudo isso à medida que se ganha experiência, diz Eduardo. «Na vela só se chega à melhor performance entre os 30 e os 35 anos. Fisicamente já não estamos na nossa melhor forma, mas eu tenho muitos melhores resultados e acabo por ser muito melhor agora. Já é tão natural para mim pôr o barco a andar rápido, sem estar concentrado a olhar para o barco. E ser frio, avaliar e pensar ‘OK, as coisas não estão bem, mas temos de minimizar estragos’.»

«Ganho 1200 euros por mês e tenho de ser dos 10 melhores do mundo»

Além de Eduardo Marques, Portugal tem já apuramento garantido para Paris também na classe 470, com Diogo Costa e Carolina João. O país tem alguma tradição olímpica na vela, com quatro medalhas conquistadas, três delas entre 1948 e 1960 e a última em 1996, com o bronze de Hugo Rocha e Nuno Barreto na classe 470. Isso não representa pressão adicional, defende Eduardo Marques, falando de contextos diferentes.

«Nós ganhámos três medalhas numa altura em que as pessoas não eram profissionais. E na altura tínhamos uma grande vantagem em Portugal, que era podermos andar à vela em qualquer altura do ano. Agora as coisas são mais profissionais. Quando se ganhou a medalha nos anos 90, a vela já era bastante profissional, mas também foi numa altura em que Portugal e a Federação tinham muito mais dinheiro do que hoje. Foram capazes de fazer equipas à séria. Eu ainda vivi isso um bocado na campanha para o Rio, em que éramos imensos. Hoje nós não temos essa base tão grande.»

A diferença não é apenas de investimento, é mais profunda do que isso, diz, considerando que tem a ver com a maneira como se olha para o desporto em Portugal. «É preocupante de modo geral. Primeiro, as crianças hoje jogam muito mais PlayStation e jogos de computador, não vivem desporto. Depois, eu não vejo Portugal como um país culturalmente desportivo.»

A conversa segue para esse tema de fundo e Eduardo Marques tem ideias sobre ele. Com investimento de longo prazo, diz, «seria possível criar mais ídolos para que as crianças passem a fazer mais desporto e no futuro tenhamos menos problemas de obesidade, problemas cardíacos». «Só que isto é um investimento que só se vê daqui a 20 ou 30 anos e percebo que os governos não pensam nesse tempo, estão a pensar para eles, a despejar dinheiro, e mesmo assim não é muito, para a saúde.»

É uma realidade desequilibrada, num país em que o futebol centra muita da atenção mediática. «Fala-se que somos muito bons no futebol, mas não vejo que sejamos assim tão bons. Se calhar no andebol, ou no futsal, somos mais fortes. Mas não tem a mesma expressão. E as pessoas são tão ou mais profissionais do que os do futebol. E fazemos por nós. Quer dizer, eu ganho 1200 euros por mês e tenho de ser dos 10 melhores do mundo. Não é que me esteja a queixar, porque sei que há pessoas que ganham muito menos. Mas tenho de ser dos 10 melhores do mundo e quando eu acabar, a bolsa acaba e eu não tenho nada. Tenho de começar de novo.»

O objetivo olímpico, longe de Paris

Eduardo Marques quer mesmo ser um dos 10 melhores do mundo, esse é o grande objetivo da sua carreira. «A minha meta foi sempre tentar perceber até onde consigo chegar. Se consigo ser dos 10 melhores do mundo. Antes de pensar em ser campeão do mundo, será que consigo chegar aos 10 melhores do mundo?»

Continua a perseguir esse objetivo e está mais perto. Para isso, a competição faz-se com os melhores e os Jogos Olímpicos não são o melhor termo de comparação, diz. «Eu prefiro ser campeão do mundo a ser campeão olímpico, apesar de saber que em termos monetários e mediáticos não tem nada a ver uma coisa com a outra. Porque no Campeonato do Mundo são 200, nos Jogos Olímpicos estamos 40. E não estão todos os melhores do mundo.»

Mas, para já, o foco serão os Jogos Olímpicos. E a pressão que eles trazem. «Eu não sei como é que vou lidar. Eu sou bom a antecipar cenários, é um exercício que fazemos na vela. Portanto, acho que vou estar preparado, mas não sei.»

Os velejadores vão estar longe de Paris e do coração dos Jogos. Eduardo Marques admite que perderá alguma da vivência olímpica, mas diz que em termos competitivos isso até pode trazer vantagens. «Se calhar até pode ajudar. Toda a gente fala da experiência de aldeias olímpicas, que é muito giro. Mas eu estou lá para competir. O meu maior foco, óbvio, é ter a melhor performance.»

E o que seria essa melhor performance? «A meta que defini com o meu treinador é fazer melhor ou igual ao que eu tenho feito, que é andar ali à volta dos 12, oito melhores países. O meu grande objetivo seria terminar nos oito primeiros, com um diploma. Fazer uma medal race, que é estar nos 10 primeiros, era um sonho», diz, com um sorriso a terminar: «Ia ficar gravado no Youtube para o resto da minha vida.»

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