De Chaves ao Porto, de Pavão a Eustáquio: viagem a quem brilhou dos dois lados

4 mai, 09:55
FC Porto-Desp. Chaves (ESTELA SILVA/LUSA)

Clubes defrontam-se pela 43.ª vez este sábado, com a luta pela manutenção e o 3.º lugar em jogo. Da história constam vários nomes que representaram os dois clubes e se notabilizaram no futebol nacional. Venha daí ao baú das memórias

O Desportivo de Chaves e o FC Porto vão voltar a encontrar-se este sábado, em jogo da 32.ª e antepenúltima jornada da Liga, num duelo em que se espera uma boa casa no Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves.

Em jogo está a luta pela manutenção e a do 3.º lugar. O Chaves, 17.º e penúltimo, com 23 pontos, está obrigado a vencer para ainda sonhar com a permanência. Está a cinco pontos do lugar de play-off e a seis dos lugares de manutenção direta e, depois dos dragões, recebe o Famalicão e acaba em Alvalade, com o Sporting. O FC Porto, 3.º com 63 pontos, defende o pódio da Liga, numa altura em que tem um ponto de vantagem para o Sp. Braga e três para o Vitória.

Historicamente, é um duelo que sorri ao FC Porto, que em 42 jogos venceu 38 e perdeu apenas um, em Chaves, onde venceu por 18 vezes em 21 ocasiões. Ora por isso, tradicionalmente, o confronto entre estas duas equipas é sempre difícil para os transmontanos, que mesmo assim tentam com que seja sempre um duelo renhido.

Frente a frente estão dois clubes cujas boas relações são de longa data e com diversas ligações: já foram muitos os flavienses repletos de talento que fizeram carreira no FC Porto. Mas também alguns talentos dos portistas vestiram a camisola dos flavienses.

Poças: do Flávia Sport Clube ao FC Porto nos anos 30

O rumar de um flaviense para a cidade Invicta remonta aos primórdios do futebol na cidade de Chaves e bem antes da criação do Desportivo de Chaves, numa altura em que existiam Atlético Clube Flaviense e Flávia Sport Clube. Só a 27 de setembro de 1949, com a fusão entre os dois clubes rivais da cidade, nasceu o Grupo Desportivo de Chaves.

Falamos e recordamos Manuel dos Anjos “Poças", um antigo jogador do Flávia SC que deu nas vistas na cidade de Chaves e jogou depois 12 anos no FC Porto, nas décadas de 30 e 40. Tornou-se mesmo no primeiro flaviense a ser campeão nacional e o primeiro a ser internacional pela seleção.

De Pavão a Eustáquio, mais ilustres nos dois clubes

Depois, já com o nome de Desportivo de Chaves, da escola do conhecido António Feliciano, foi para o Porto a estrela maior dos flavienses, em 1964: Pavão, claro está. Com idade de júnior, pegou de estaca na equipa principal portista e fez mais de 200 jogos nos dragões, foi internacional português e conquistou uma Taça de Portugal: ficou para sempre ligado ao FC Porto e morreu de forma trágica em pleno relvado do antigo Estádio das Antas a 16 de dezembro de 1973.

Uma das equipas do FC Porto, com Pavão

Pela mão de Pedroto e tal como Pavão, também Lisboa vestiu a camisola dos dois clubes. Foi uma das estrelas maiores dos flavienses e pelo FC Porto, onde esteve três temporadas, conquistou, também ele, uma Taça de Portugal.

Um dos históricos dos flavienses, sempre recordado com grande carrinho pelos transmontanos, fez o percurso inverso. Chegou a Chaves em 1984 com cinco campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça, conquistados de azul e branco. Falamos do guardião Fonseca, ligado à primeira subida dos flavienses ao principal escalão (então 1.ª Divisão, em 1985). Mais tarde, em 1988/89, chegou mesmo a ser treinador principal do Desp. Chaves. E foi precisamente consigo ao leme dos transmontanos que foi conseguida a única vitória ante o FC Porto.

Vermelhinho foi outros dos notáveis e que fez história de azul-grená. Depois de ter ganho tudo o que havia para ganhar no FC Porto, onde jogou quase seis épocas e conquistou também a Liga dos Campeões em 1987, o avançado esteve um ano nos «Valentes Transmontanos», onde marcou 11 golos em 41 jogos, um deles frente ao Universitatea Craiova, na primeira vitória do conjunto flaviense na então Taça UEFA, a 30 de setembro de 1987.

O FC Porto teve uma estrela que brilhou depois em Chaves e o contrário aconteceu, também, com Jorge Plácido. É uma das figuras ainda hoje lembradas em Chaves: vestiu a camisola das quinas ainda como flaviense, em 1987, tendo rumado no verão desse ano ao FC Porto, onde foi aposta constante durante uma época, antes de rumar ao Sporting e, mais tarde, a França.

Jorge Plácido (o segundo à esquerda, em baixo) ao serviço do Desportivo de Chaves

A partilha de jogadores marcantes nos dois clubes foi sempre - e diz a história - uma constante. Mas a baliza ganhou particular destaque: para além de Fonseca, também António Jesus, Padrão, Vítor Nóvoa e mais recentemente Paulo Ribeiro e Ricardo Nunes, foram nomes que defenderam as cores dos dois emblemas do Norte.

Este sábado, Desp. Chaves e Porto vão voltar a defrontar-se no Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira e provavelmente em campo vai estar Stephen Eustáquio, o internacional canadiano do conjunto de Sérgio Conceição que também envergou a camisola dos flavienses antes da saída para o México, que rendeu um bom encaixe financeiro aos transmontanos.

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