Controladores de tráfego aéreo vão ter de trabalhar mais dois anos para a reforma

19 set 2023, 07:01
Aeroporto de Schiphol (Peter Dejong/AP)

Segundo dados da Associação Portuguesa de Controladores de Tráfego Aéreo (APCTA), em média, todos os anos 13 controladores abandonam a profissão

Os controladores de tráfego aéreo vão ter de trabalhar mais dois anos para pedir a reforma antecipada, de acordo com o contrato coletivo assinado entre o Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo e a Navegação Aérea de Portugal (NAV), publicado no Boletim do Trabalho e Emprego. O limite de idade para o desempenho da profissão vai passar dos 58 para os 60 anos.

"O aumento da idade da reforma para os 60 anos é uma das nossas grandes preocupações. Quando temos 20 anos, precisamos de poucas horas de descanso para recuperar. Um controlador com 50 anos, a trabalhar um turno noturno, precisa de mais horas para recuperar. Cada caso é um caso, as pessoas não são números”, afirma à CNN Portugal Sérgio Capela, presidente da Associação Portuguesa de Controladores de Tráfego Aéreo (APCTA).

Segundo dados da APCTA, em média, todos os anos 13 controladores abandonam a profissão. Esta medida significa que a NAV Portugal vai conseguir “segurar” mais 26 controladores durante mais dois anos. 

A medida ainda terá de ser publicada em Diário da República para entrar em vigor.

A última vez que a idade da reforma dos controladores de tráfego aéreo foi alterada aconteceu em 2017, quando esta subiu dos 57 para os 58 anos, após o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas ter considerado que não existiam “razões humanas, técnicas ou de segurança operacional” que justificassem o anterior limite.

A profissão de controlador de tráfego aéreo é considerada uma profissão de desgaste rápido, tal como os atletas, mineiros ou pescadores. Estes profissionais estão obrigados a níveis de concentração extremos e lidam com situações de stress que podem fazer com que, em muitos casos, se sintam desgastados mais cedo.

Recorde-se que, no passado dia 26 de junho, quando a torre de controlo do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, autorizou a aterragem de um Boeing 737, da Ryanair, quando outro avião se encontrava na pista a aguardar autorização para descolar. O relatório da NAV Portugal admite que houve erro humano com "uma momentânea falha de perceção sobre a situação operacional", numa altura de “elevado volume e complexidade” do tráfego aéreo no aeroporto.

A torre de controlo do aeroporto Francisco Sá Carneiro tomou "consciencialização do erro" após o alerta do piloto do avião da Ryanair, que chamou a atenção para o facto de estar um avião na pista, e também do supervisor em turno. Depois disso, "a recuperação foi imediata, tendo sido instruído o procedimento de aproximação falhada àquela aeronave", refere o comunicado da NAV.

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