Comissário europeu da Economia mantém "total confiança" em António Costa

Agência Lusa , DCT
15 nov 2023, 15:33
Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni (EPA)

A Comissão Europeia garante estar atenta à crise de habitação em Portugal, sobretudo em Lisboa, mas destaca as medidas para amortecer o impacto das taxas de juro nos empréstimos, que a seu ver não serão afetadas pela crise política.

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, diz ter “total confiança” no primeiro-ministro, António Costa, apesar das investigações em curso em Portugal relacionadas com projetos de lítio e de hidrogénio, rejeitando impactos na aposta ecológica do país.

“Eu sinceramente não acho isso, que o caso que está a acontecer em Portugal possa afetar [a transição ‘verde’ e energética]. Vai afetar o cenário político português - já afetou aliás - e, saliento a minha total confiança no primeiro-ministro” demissionário, António Costa, afirmou Paolo Gentiloni, em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.

“Acho que não vai afetar a intenção de investir na transição 'verde', etc.”, acrescentou o responsável, nesta entrevista a propósito das previsões económicas de outono da Comissão Europeia e quando questionado pela Lusa na ocasião sobre a investigação do Ministério Público aos projetos de lítio e de hidrogénio, numa altura em que a União Europeia defende a aposta ecológica e energética.

Paolo Gentiloni destacou: “Temos grandes necessidades de controlar as nossas despesas, mas estamos a controlá-las com muita precisão”.

O responsável europeu pela tutela da Economia é antigo primeiro-ministro de Itália pelo Partido Democrático, de centro-esquerda, que juntamente com o PS faz parte do Partido dos Socialistas Europeus (PSE).

Numa altura em que se temem em Portugal atrasos na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Paolo Gentiloni apontou nesta entrevista, sem relacionar com a crise política, que a execução do PRR “é um desafio para todos os Estados-membros, mas sobretudo para aqueles que têm uma maior quantidade de objetivos, marcos e verbas, como Itália ou Espanha, Roménia ou Portugal”.

Nas previsões económicas hoje divulgadas, a Comissão Europeia estima que “o investimento público deverá continuar a expandir-se, no contexto da aplicação do PRR” em Portugal, embora assinale “riscos de deterioração das perspetivas orçamentais [que] estão relacionados, entre outros, com os pedidos de reequilíbrio financeiro das parcerias público-privadas”.

Comissão Europeia atenta à crise da habitação em Portugal sobretudo em Lisboa

A Comissão Europeia garante estar atenta à crise de habitação em Portugal, sobretudo em Lisboa, mas destaca as medidas para amortecer o impacto das taxas de juro nos empréstimos, que a seu ver não serão afetadas pela crise política.

“Eu tenho plena consciência da importância do assunto [crise da habitação] em Portugal, e em Lisboa em particular, e penso que também as iniciativas tomadas pelo Governo se justificam por essa razão”, disse o comissário europeu da Economia.

Em entrevista à agência Lusa em Bruxelas, no dia em que o executivo comunitário divulgou as previsões económicas de outono - que assinalam que os preços das casas mais do que duplicaram na última década em Portugal e continuam a subir -, Paolo Gentiloni indicou que “claro que esta é uma das componentes que é muito importante observar”.

“Sabemos que há iniciativas adotadas pelos governos, especialmente sobre as hipotecas variáveis [no crédito à habitação] para fazer face aos custos de habitação, [mas] a tendência [de subida de preços] ainda se mantém nalguns países”, acrescentou.

Em causa estão medidas adotadas pelo executivo relativas ao crédito à habitação para mitigar o impacto da subida das taxas de juros nas contas das famílias.

Questionado se a crise política em curso no país poderia afetar estas iniciativas de apoio às famílias, Paolo Gentiloni indicou “não o esperar”.

“Claro que as crises políticas afetam, em geral, os processos, mas pelo que percebi o Presidente português [Marcelo Rebelo de Sousa] também decidiu convocar as eleições tendo em consideração a necessidade de aprovar o Orçamento” do Estado para 2024, concluiu o responsável italiano.

Os preços das casas mais do que duplicaram, desde 2010, em Portugal e outros oito Estados-membros da União Europeia (UE), devendo continuar a crescer no território português, apesar do “arrefecimento” no imobiliário europeu, revelou hoje a Comissão Europeia.

Num capítulo dedicado à crise da habitação nas previsões económicas de outono, hoje divulgadas, Bruxelas assinala que “os mercados imobiliários europeus têm vindo a arrefecer desde meados de 2022, a par do abrandamento significativo dos níveis de crédito”, dada a apertada política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

Ainda assim, apesar de em vários Estados-membros os preços das casas terem já atingido o pico, logo no segundo trimestre de 2022, “o crescimento constante dos preços continua na Bulgária, Croácia, Grécia, Portugal e Eslovénia”, adianta Bruxelas.

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