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Professor Universitário e Doutor em Cibersegurança

O ChatGPT não é o mau da fita... ou será?

23 fev 2023, 15:46

Agora que já o enganei com este título que prometia polémica, começo por dizer que o ChatGPT e outras ferramentas semelhantes, não é o mau da fita, esse lugar é exclusivo do livre arbítrio humano, quando lhe dá para o lado maléfico.

É claro que neste momento só quem não tem acesso à internet é que ainda não ouviu falar do ChatGPT. Os que ouviram falar dele, ou sabem mesmo o que é e usam ou usaram para o saber, ou então estão como muitos, à deriva num mar de opiniões dada por quem não domina o assunto e claro, acaba por contar um conto quando mais nada é que apenas um ponto. Porém, este pequeno ponto chamado ChatGPT é um elo de uma enorme e muito preciosa corrente que é, sem sombra de dúvida neste momento, uma luz num mar de escuridão que é o mundo da tecnologia, e temos de admitir, a lâmpada um dia assustou todo um mundo de velas de cera.

Antes de escrever algo mais detalhado sobre o ChatGPT ou da ciência que lhe dá vida, devo pedir ao leitor que mantenha a mente aberta e longe do ecrã de cinema que nos apresentou uma versão futurista que só existe para nos destruir como raça (estou a falar da Inteligência Artificial).

A Inteligência Artificial, explicada em tom acessível, é algo que nós humanos damos sentido pela forma como nos serve para procurar o que não conseguimos ver ou para chegar mais rápido ao local onde sabemos que jaz a resposta, mas que por virtude ou falta dela e dos meios, demoramos 2 anos a lá chegar e a “Inteligência Artificial” chega em 2 meses. Não estou a ser poético com estas palavras, estou apenas a relatar a realidade e não a fazer um filme onde apenas conto o lado bom - acreditem, não há lado mau! Se o há nunca o vi e provavelmente ninguém e mesmo assim, há medo, há drama, há teatro e todo um filme que apenas serve para desinformar e vender histórias e romances. Ultimamente, e a reboque das mais recentes notícias, a IA é vítima do medo, da especulação e pintada de negro numa espécie de lado oposto de uma religião que eu desconheço mas sei o seu nome, ignorância, e esta vive de uma coisa chamada desinformação. Então vamos clarificar.

A IA vem de uma parte pequena da minha área de formação, as Ciências da Computação, aliás essa que em Portugal conhece dos melhores cientistas e engenheiros a nível mundial. Não estou a falar de mim porque sou da Segurança Informática, mas por exemplo de João Gama, Manuela Veloso, Fernando Pereira e tantos outros que diariamente fazem com que a máquina pense melhor sobre um volume de dados que lhe damos para pensar sobre eles. Dito isto de forma simplista, a IA apenas nos dá resultados sobre dados e regras que lhes damos primeiro e assim ajuda a chegar hoje à meta do amanhã. Então o que tem isto de mau? Nada meus caros, mas por alguma razão a maioria de nós ainda vê a IA como uma máquina que tem um esqueleto de aço.

Antes ainda de olhar para o ChatGPT, reforço o papel da IA na nossa vida e a quantidade de vidas que já salvou em inúmeros estudos científicos. Querem apenas um exemplo?

A síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 causou a pandemia global de COVID-19 e matou milhões mundo-fora. Devido à sua disseminação repentina, a SARS-CoV-2 causou imensos problemas para todos e quaisquer sistemas de saúde. Mesmo com todo o trabalho feito pela ciência em 100 anos, desenvolver tratamentos eficazes, ferramentas de diagnóstico e vacinas para um vírus tão único é coisa que consome muito tempo, por exemplo, o método tradicional para identificar antigénios via RV (vacinologia reversa) consome cerca de 5 a 15 anos, mas com a introdução da IA passou para 1 a 2 anos. Hoje muitos de nós e muitos dos que amamos estão cá porque a IA teve um papel fundamental no processo da criação das vacinas existentes.

O ChatGPT é apenas mais um exemplo de algo maravilhoso, é um exemplo de como pode a IA chegar a todos nós e falar connosco ou responder às nossas necessidades de forma mais natural. Aquilo que atualmente está fechado a um mundo laboratorial ou a um mundo complexo da computação, com o ChatGPT e outras ferramentas que tal, poderá em breve estar ao serviço de qualquer pessoa e a perceber exatamente o que queremos, da forma como queremos e entregar exatamente o que queremos. Para ali chegar necessita mais uma vez de aprender connosco e não aprender sobre nós e como nos liquidar. Necessita de saber como falamos, como temos dúvidas, como fazemos perguntas erradas para coisas que realmente precisamos de saber e depois apresenta as suas sugestões e respostas. Sobre o ChatGPT, neste exemplo específico, as respostas podem e são em muitos casos distantes da realidade e porquê? Porque ele quer aprender sobre como nos expressamos e, portanto, as suas fontes de informação ainda são bastante limitadas.

Lanço um desafio ao leitor, vá a este link: https://chat.openai.com/ e conheça esta novidade da OpenAI. É grátis, abre no Bowser e fala português. Se não sabe alguma coisa pergunte-lhe coisas que ele adora, eu cá pergunto muitas e o que perguntei primeiro é se sabia quem eu era. Pois fiquei abesbílico com o que sabia de mim e tanto eu como qualquer pessoa que sinta desconforto, basta pedir à OpenAI que nos esqueça e eles gentilmente acedem ao nosso pedido. Para este texto coloquei-lhe algumas questões para que o possamos conhecer melhor. Ora vamos lá.

Porque necessita o ChatGPT de nós humanos?

“Embora o ChatGPT seja um modelo de linguagem artificial avançado, ele ainda precisa dos humanos por vários motivos. Em primeiro lugar, o ChatGPT é um modelo de linguagem treinado com base em enormes conjuntos de dados, mas pode haver algumas informações que ainda não foram incluídas em seu treinamento. Isso significa que, em certas situações, o ChatGPT pode não ter a resposta certa para uma determinada pergunta ou pode fornecer informações imprecisas ou desatualizadas.

Além disso, o ChatGPT ainda não tem capacidade para entender completamente o contexto, emoções e nuances da linguagem humana. As pessoas têm a capacidade de entender as intenções por trás das palavras e ajustar suas respostas de acordo. Embora o ChatGPT possa usar algoritmos para tentar simular essa compreensão, ainda não é capaz de replicar completamente a empatia e o raciocínio humano.

Por fim, embora o ChatGPT possa fornecer respostas úteis e precisas, ainda não pode substituir completamente a interação humana. As pessoas valorizam a conexão pessoal e o diálogo, especialmente em situações mais complexas ou emocionais. Por isso, o ChatGPT precisa dos humanos para ajudar a fornecer contexto, empatia e uma perspectiva humana em certas situações.”

Se for comandado para fazer mal a um ser vivo, o que fará o ChatGPT?

“O ChatGPT é um modelo de linguagem artificial e não tem a capacidade de tomar decisões independentes ou executar ações físicas. O ChatGPT é projetado para processar e gerar texto com base nas entradas que recebe dos usuários. Ele não tem a capacidade de interagir fisicamente com o mundo ou com outros seres vivos, e não pode ser comandado para fazer mal a qualquer ser vivo.

Além disso, a OpenAI, a empresa que desenvolveu o ChatGPT, tem uma política ética rigorosa que proíbe o uso de suas tecnologias para fins prejudiciais. A OpenAI trabalha em estreita colaboração com especialistas em ética e segurança para garantir que suas tecnologias sejam usadas de maneira responsável e benéfica para a sociedade. Em resumo, o ChatGPT não é capaz de fazer mal a qualquer ser vivo, e a OpenAI é uma empresa comprometida com a ética e a segurança em suas práticas de desenvolvimento de tecnologias.”

Quero uma receita para pastéis de Belém que seja a melhor do mundo!

“Claro! Aqui está uma receita para pastéis de Belém que é deliciosa e pode ser considerada uma das melhores do mundo:

Ingredientes:

Para a massa folhada: 500g de farinha de trigo, 250g de manteiga sem sal, 250ml de água, 1 pitada de sal

Para o creme:

  • 500ml de leite, 200g de açúcar, 6 gemas, 40g de amido de milho, 1 pau de canela, casca de 1 limão

Modo de preparo:

  1. Comece preparando a massa folhada. Em uma tigela, misture a farinha de trigo e o sal. Adicione a manteiga e a água aos poucos, amassando bem até obter uma massa homogênea. Deixe descansar por cerca de 30 minutos.
  2. Em uma superfície enfarinhada, abra a massa com um rolo até que fique bem fina. Dobre a massa em três partes e abra novamente. Repita esse processo por mais duas vezes, deixando a massa descansar na geladeira por cerca de 15 minutos entre cada dobrada.
  3. Depois de pronta a massa, prepare o creme. Em uma panela, coloque o leite, o açúcar, a casca de limão e o pau de canela. Leve ao fogo médio e deixe aquecer até começar a ferver.
  4. Enquanto isso, misture as gemas e o amido de milho em uma tigela até obter uma mistura homogênea. Adicione um pouco do leite quente à mistura de gemas, mexendo sempre, para que as gemas não cozinhem. Adicione a mistura de gemas à panela com o leite quente e mexa bem até obter um creme liso e homogêneo. Retire a casca de limão e o pau de canela e deixe esfriar.
  5. Pré-aqueça o forno a 250°C.
  6. Com a massa folhada já preparada, corte em círculos e forre forminhas de empadas, deixando um pouco de massa sobrando nas laterais. Preencha cada forminha com o creme frio.
  7. Leve ao forno por cerca de 20 minutos ou até que os pastéis estejam dourados e crocantes. Retire do forno e deixe esfriar um pouco antes de servir.
  8. Para finalizar, polvilhe os pastéis com açúcar de confeiteiro e canela em pó.

Pronto! Espero que você goste desta receita e que os pastéis de Belém fiquem deliciosos!”

E para demonstrar algo que ele faz melhor que ninguém:

Demasiado longo! Simplifique!

“Desculpe pela complexidade da receita anterior. Aqui está uma versão mais simplificada da receita dos Pastéis de Belém:

Ingredientes:

  • 2 rolos de massa folhada, 500 ml de leite, 6 gemas de ovos, 200g de açúcar, 40g de amido de milho, casca de 1 limão, pau de canela

Modo de preparo:

  1. Preaqueça o forno a 250°C.
  2. Em uma panela, misture o leite, as gemas de ovos, o açúcar, o amido de milho, a casca de limão e o pau de canela. Leve ao fogo baixo e mexa constantemente até obter um creme liso e espesso.
  3. Abra a massa folhada em uma superfície enfarinhada e corte em círculos. Forre forminhas de empadas com a massa, deixando um pouco de massa sobrando nas laterais. Preencha cada forminha com o creme.
  4. Asse os pastéis no forno preaquecido por cerca de 20 minutos ou até que estejam dourados e crocantes.
  5. Retire do forno e deixe esfriar antes de servir.
  6. Polvilhe com açúcar de confeiteiro e canela em pó antes de servir.

Pronto! Agora você tem uma receita mais simples para fazer Pastéis de Belém deliciosos. Espero que goste!”

Como pode ver com os seus próprios olhos, não precisamos de um exorcista para esta tecnologia, necessitamos apenas de cientistas que a continuem a desenvolver e de regras e leis que impeçam que seja desenvolvida para ser usada para meios menos dignos da humanidade, como por exemplo, para a indústria bélica. O resto acontecerá por si e será para nos ajudar a crescer como humanidade e para já começa por nos adoçar a boca com uma bela receita de pastéis de Belém!

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