A "tristeza" de Marcenda e a "determinação" de Baltasar. Lembra-se do Memorial do Convento? Pedimos ao ChatGPT para fazer o Exame Nacional de Português e a nota final não foi assim tão má

20 jun 2023, 08:00
Resultados dos Exames Nacionais afixados numa escola secundária (Patrícia de Melo Moreira/ Getty Images)

Resolução do exame realizado pelos alunos do 12.º Ano mostra que o sistema de Inteligência Artificial ainda tem algumas deficiências, mas, ainda assim, consegue ter uma nota melhor do que a maioria dos alunos a analisar textos de José Saramago ou Luís Vaz de Camões

Se fosse um aluno, o ChatGPT conseguiria ficar com melhor classificação que mais de metade dos alunos que esta segunda-feira realizaram o Exame Nacional de Português do 12.º Ano. A avaliação é feita pelo professor de Português Mário Martins, que dá aulas na Escola Secundária de Camões, em Lisboa.

A CNN Portugal pediu ao ChatGPT para resolver o exame e o docente depois corrigiu as respostas. Mário Martins constata que o sistema de software, lançado apenas há alguns meses, teria uma classificação de "suficiente médio", entre os 12 e os 13 valores. Atendendo àquilo que têm sido os resultados dos últimos anos, isso significa que o sistema de Inteligência Artificial (IA) conseguiu uma classificação acima da média dos alunos portugueses. Em 2022, a média, que até subiu 2,5 valores, fixou-se nos 10,4 valores. A média é positiva, mas ainda fica aquém dos 12 ou 13 valores que o ChatGPT conseguiu obter num exame com textos de José Saramago ou Luís Vaz de Camões.

"De uma forma muito geral, damos conta que a resolução apresentada aproxima-se grosso modo da resolução de um aluno de nível secundário, de 12.º ano, com classificação interna de nível suficiente médio", começa por avaliar Mário Martins.

Num exame que teve vários pontos e critérios de avaliação, Mário Martins aponta as maiores debilidades do sistema de IA: "falta de fluidez textual, de organização textual coesa ou parágrafos mal redigidos e «deslocados»".

Um desses exemplos vem no Grupo III, o último do exame, em que é pedido um texto de opinião. "Os parágrafos são iniciados quase sempre através dos tópicos de orientação indicados na prova de exame", sublinha.

Existe também alguma dificuldade em certas respostas que seriam de esperar mais fáceis. Isso mesmo explica que existam respostas no Grupo II erradas e outras certas, sendo que Mário Martins sublinha que algumas das certas são de maior complexidade que algumas das erradas.

Tópicos em vez de uma "redação lógica e progressiva"

O também professor de Português António Souto, docente da mesma escola secundária de Lisboa, refere à CNN Portugal que "as respostas interpretativas se revelam pouco rigorosas", nomeadamente na análise às "narrativas saramaguianas" e à "estética poética das composições".

António Souto acrescenta que existe um seguimento "à risca" dos "tópicos de orientação indicados na prova de Exame, em detrimento de uma redação lógica e progressiva". Exemplo disso é a colocação de um parágrafo, já depois da conclusão, com um "juízo de valor pessoal, que deveria estar presente no corpo de texto".

Com uma melhoria deste nível de escrita, acrescenta Mário Martins, o ChatGPT conseguiria, sem grande dificuldade, uma prova de "nível qualitativo bom/muito bom", talvez acima dos 16 valores. Outro ponto fraco do sistema de Inteligência Artificial é o facto de algumas das respostas serem dadas em português do Brasil. António Souto concorda. "Afinados estes e um ou outro aspetos, e adaptando o registo da variante linguística brasileira para o português europeu, a prova poderia chegar a um bom nível qualitativo, sem que isso causasse espanto."

Uma prestação que ainda não está ao nível das melhores, mas que, de acordo com os professores de Português ouvidos pela CNN Portugal, deve deixar a comunidade escolar a pensar. "A chegada de aplicações e/ou dispositivos tecnológicos como o ChatGPT deve fazer-nos pensar - e muito! - para onde queremos caminhar", afirma Mário Martins.

"Como se poderá assegurar a autonomia e a confiança na qualidade de trabalhos formativos extra aula, por exemplo? Não sabemos até onde nos poderá conduzir. Certo é que, em pouco mais de meio ano, ele aí está e a 'mostrar' galopante e preocupante serviço", acrescenta, deixando um conselho também aos responsáveis políticos. "A realização das provas de Exame Nacional de 2023 talvez sejam um bom e imperativo pretexto para os responsáveis políticos pelos diferentes ministérios, e pensadores de educação e de ciência, professores e alunos, toda a sociedade pare para pensar nestes avanços tecnológicos de alta velocidade".

Pode ver em baixo o enunciado do Exame Nacional de Português realizado esta segunda-feira, bem como as respostas dadas pelo ChatGPT à CNN Portugal.

Exame Nacional de Português de 12.º Ano – Versão 1

Exame Nacional de Português do 12.º Ano - Versão 1 by CNN Portugal on Scribd

As respostas do ChatGPT

Parte A

1 - Compare, com base em dois aspetos distintos, o modo como Marcenda e Baltasar reagem à impossibilidade de usarem a mão esquerda.

Resposta: No romance "Memorial do Convento" de José Saramago, tanto Marcenda como Baltasar sofrem a perda da mão esquerda e enfrentam a impossibilidade de usá-la. No entanto, eles reagem de maneiras diferentes a essa limitação.

Reação de Marcenda: Marcenda é uma personagem que representa a fragilidade física e emocional. Após perder a mão esquerda devido a um acidente, ela fica profundamente afetada e passa a viver em isolamento, tristeza e melancolia. A perda de sua mão representa a perda de sua identidade e capacidade de realizar as tarefas que antes eram triviais para ela. Ela se torna extremamente dependente dos outros e enfrenta dificuldades em adaptar-se à sua nova condição. Sua reação é marcada por desespero e resignação, e ela se sente impotente diante da impossibilidade de usar sua mão esquerda.

Reação de Baltasar: Baltasar, por outro lado, é um personagem que representa a resiliência e a força interior. Apesar de também perder sua mão esquerda, ele não se deixa abater pela sua limitação física. Em vez disso, ele procura superar os obstáculos e encontrar maneiras criativas de se adaptar. Ele aprende a usar a mão direita para realizar tarefas que antes fazia com a esquerda e até desenvolve novas habilidades. Baltasar recusa-se a ser definido por sua incapacidade e procura manter sua independência e dignidade. Sua reação é marcada pela determinação e pela busca constante de superação

Em resumo, Marcenda e Baltasar têm reações distintas à impossibilidade de usarem suas mãos esquerdas. Marcenda se entrega à tristeza e ao isolamento, tornando-se dependente dos outros, enquanto Baltasar mostra resiliência e busca se adaptar às novas circunstâncias, superando os desafios e mantendo sua independência. Essas diferentes reações refletem suas personalidades e a forma como cada um lida com adversidades.

2 – A forma como pai e filha são tratados no hotel permite concluir que são clientes habituais. Apresente duas evidências que comprovem esta afirmação

Resposta: Com base no trecho fornecido, existem duas evidências que apontam para o fato de que pai e filha são clientes habituais do hotel:

-Conhecimento dos funcionários: O narrador menciona que o criado que veio servi-los é "sóbrio mas familiar de modos". Isso sugere que o criado já está acostumado a atender pai e filha, conhecendo seus gostos e preferências. Esse grau de familiaridade indica uma relação estabelecida e frequente entre eles e o hotel, o que reforça a ideia de que são clientes habituais.

-Pratos preparados especialmente para eles: O narrador observa que os pratos da filha vêm já arranjados da copa, com o peixe livre de espinhas, a carne cortada e a fruta descascada e aberta. Essa atenção especial aos pratos da filha indica que o hotel está ciente de suas preferências e necessidades alimentares, o que sugere que são clientes frequentes. Essa personalização no serviço gastronômico é mais comum em estabelecimentos que já têm conhecimento prévio dos hábitos alimentares de seus clientes.

Essas evidências indicam que pai e filha são hóspedes conhecidos e habituados à casa, sugerindo que são clientes habituais do hotel.

3 - Explique em que medida se pode afirmar que as expressões «Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras» (linhas 40 e 41) e «Lua onde estás, Sol aonde vais» (linha 44) evidenciam a relação que, no excerto, se estabelece entre Baltasar e Blimunda.

Resposta: No excerto mencionado, as expressões "Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras" e "Lua onde estás, Sol aonde vais" evidenciam a relação íntima e simbólica entre Baltasar e Blimunda. Essas frases capturam a dinâmica complementar e aprofundada do relacionamento entre os dois personagens.

A primeira expressão, "Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras", atribui a Blimunda a capacidade de enxergar com clareza e profundidade, tanto nas situações óbvias ("claras") quanto nas mais obscuras ("escuras"). Ao associar a visão de Blimunda aos sóis e às luas, a expressão sugere que ela tem um conhecimento aprofundado da realidade e é capaz de perceber além do superficial. Isso ressalta sua sabedoria e perspicácia, enquanto estabelece um contraste com a visão limitada das outras pessoas.

A segunda expressão, "Lua onde estás, Sol aonde vais", expressa a interdependência e a conexão inseparável entre Baltasar e Blimunda. As palavras "Lua" e "Sol" evocam a ideia de dois corpos celestes que estão eternamente ligados, mesmo quando estão separados fisicamente. Essa frase transmite a ideia de que, mesmo quando estão distantes um do outro, eles continuam interligados e têm uma conexão profunda que transcende o espaço físico. Essa relação simbólica destaca a importância de um para o outro e sugere uma ligação espiritual que vai além do simples vínculo humano.

No geral, essas expressões enfatizam a intimidade, a complementaridade e a ligação profunda entre Baltasar e Blimunda. Elas ilustram a forma como os dois personagens se completam e se apoiam mutuamente, criando uma conexão especial que vai além das relações convencionais.

Parte B

4 - Explicite, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético reage à figura feminina evocada no poema. Fundamente a sua resposta com transcrições pertinentes

Resposta: No poema apresentado, o sujeito poético reage à figura feminina evocada de maneira intensa e apaixonada. Essa reação pode ser observada através dos seguintes aspectos:

-Devoção absoluta: O sujeito poético expressa uma devoção incondicional e total em relação à figura feminina. Ele afirma: "Assi que a vida e alma e esperança / e tudo quanto tenho, tudo é vosso" e "o proveito disso eu só o levo." Essas transcrições mostram que o sujeito poético entrega completamente sua vida, alma e esperança à mulher, considerando-a a detentora de tudo o que possui. Essa reação demonstra uma entrega absoluta e uma devoção inabalável.

-Reconhecimento da superioridade: O sujeito poético reconhece a superioridade e a beleza da figura feminina, descrevendo seus olhos como "lindos" e afirmando que o lindo ser de seus olhos é claro e manifesto. Ele considera que o gesto da mulher tem um valor inestimável e afirma: "Este me parecia preço honesto." Essa transcrição revela que o sujeito poético reconhece o valor único e extraordinário da figura feminina e considera que sua presença e gestos são algo digno de admiração e veneração

Em resumo, o sujeito poético reage à figura feminina evocada no poema com uma devoção absoluta, entregando-lhe tudo o que tem e reconhecendo sua superioridade e beleza. Essa reação revela um profundo amor e adoração pelo objeto de sua paixão, refletindo uma postura emocional intensa e apaixonada

5 - Considere as afirmações seguintes sobre o soneto.

(A) O sujeito poético dirige-se à Senhora através de uma apóstrofe.

(B) A expressão «perder a vista» (verso 3) é usada com sentido metafórico.

(C) O sujeito poético arrepende-se de desejar algo cujo preço elevado o impede de saldar a dívida.

(D) O poema ilustra o estilo engenhoso do poeta, nomeadamente no último terceto, quando recorre à antítese e ao paralelismo alcançado através do jogo de palavras.

(E) Entre a Senhora e o sujeito poético existe uma relação de igualdade. Identifique as duas afirmações falsas. Escreva, na folha de respostas, o número do item e as duas letras que correspondem às afirmações selecionadas.

Resposta: As duas afirmações falsas são:(C) O sujeito poético arrepende-se de desejar algo cujo preço elevado o impede de saldar a dívida. (E) Entre a Senhora e o sujeito poético existe uma relação de igualdade.

Portanto, as respostas corretas são: Item (C) e as letras (C) e (E) - Correto

6 - Selecione a opção que completa corretamente a frase seguinte. Na segunda quadra, o sujeito poético pretende enfatizar

(A) a sua entrega incondicional, a fim de ser merecedor de admirar a beleza singular dos olhos da Senhora.

(B) o seu descontentamento por ter de pagar o «preço honesto» exigido a quem contempla a Senhora.

(C) o contraste entre o preço a pagar para contemplar a Senhora e a bem-aventurança que alcança.

(D) a ideia de que, ao dar a vida e a alma para ser merecedor da beleza da Senhora, se iguala aos outros

Resposta: (C) - Errado. Resposta correta era (A)

Parte C

7 - Escreva uma breve exposição na qual compare os poemas das partes B e C quanto às ideias expressas. A sua exposição deve incluir: • uma introdução; • um desenvolvimento no qual explicite um aspeto em que os poemas se aproximam e um aspeto em que os poemas se distinguem; • uma conclusão adequada ao desenvolvimento do texto. Considera-se o texto de Camões o Texto A e as cantigas o Texto B.

Resposta: Introdução: Os poemas das partes A e B apresentam diferentes abordagens líricas, expressando emoções e sentimentos distintos. Enquanto o Texto A, um soneto, é um elogio amoroso à figura feminina, o Texto B é um pedido ao divino para que revele a amada ao poeta. Neste texto, irei comparar os dois poemas, destacando um aspeto em que eles se aproximam e um aspeto em que eles se distinguem.

Desenvolvimento: Um aspeto em que os poemas se aproximam é o tema do amor e da devoção. Ambos os poemas retratam uma profunda entrega emocional em relação à pessoa amada. No Texto A, o sujeito poético expressa sua entrega incondicional à Senhora, oferecendo sua vida, alma e esperança por ela. Da mesma forma, no Texto B, o poeta implora a Deus para que lhe mostre a amada, afirmando que a ama e que está disposto a dar a própria vida por ela. Em ambos os poemas, há uma intensa devoção e um desejo fervoroso de estar com a pessoa amada.

No entanto, um aspeto em que os poemas se distinguem é a abordagem da figura feminina. No Texto A, a figura feminina é idealizada e exaltada, sendo descrita como possuidora de olhos belos e lindos. O sujeito poético considera o preço que paga por admirar a sua beleza como justo e nobre, e afirma que a bem-aventurança que alcança ao dar tudo de si é incomparável. Já no Texto B, a amada é mencionada como "dona" e é descrita como alguém que o poeta ama profundamente. No entanto, a descrição da figura feminina não é tão detalhada quanto no Texto A. O foco do poema está mais na intensidade do amor do poeta e no seu desejo de estar com a amada, do que na exaltação da sua beleza física.

Conclusão: Em resumo, os poemas das partes A e B compartilham o tema do amor e da devoção, revelando uma entrega emocional intensa em relação à pessoa amada. No entanto, eles se distinguem na abordagem da figura feminina, com o Texto A enfatizando a exaltação da sua beleza e o Texto B destacando a intensidade do amor do poeta. Ambos os poemas expressam emoções e sentimentos profundos de forma lírica, cada um com sua própria abordagem e estilo poético.

Grupo II

1-Segundo o autor do texto, olhar o céu estrelado constitui uma experiência

(A) que capta uma beleza imensa que, por definição, nem a luz artificial consegue impedir.

(B) que está dependente do contexto em que se encontra aquele que observa o céu.

(C) cuja plena concretização se torna impossível, qualquer que seja o local de observação.

(D) acessível a todos aqueles que se dispõem a olhar o céu das cidades numa noite escura.

Resposta: (B) - Correto

2- Através da expressão «estranho e paradoxal» (linha 7), depreende-se que

(A) o ser humano detém um conhecimento cada vez mais aprofundado, todavia não olha o céu, no qual se encontram respostas para a sua existência.

(B) a luz produzida artificialmente é compatível com a observação da Via Láctea, galáxia a que o planeta Terra pertence, se o ser humano a tal se dispuser.

(C) o ser humano constrói um conhecimento cada vez mais amplo sobre as suas origens, o que torna irrelevante a observação do céu em busca de respostas.

(D) o uso de aparelhos tecnológicos permite aceder a um vasto conhecimento sobre o Universo, sem necessidade de erguer os olhos para ver as estrelas.

Resposta: (A) - Correto

3 - De acordo com o autor do texto, os estudos levados a cabo sobre o Universo permitiram

(A) trazer a esperança de que os seres humanos possam vir a tornar-se eternos.

(B) evidenciar um elevado número de dúvidas sobre a importância da nossa origem.

(C) mostrar a desproporção entre a imensidão do Universo e a pequenez do ser humano.

(D) constatar a importância do ser humano no Universo e levar à exacerbação de egos.

Resposta: (C) - Correto

4 - A fim de pôr em destaque a intrínseca e inquebrável relação do homem com o Universo, o autor recorre a

(A) uma metáfora, presente em «manto escuro» (linha 2).

(B) uma metáfora, presente em «nossa própria casa celeste» (linhas 6 e 7).

(C) uma hipérbole, presente em «manto escuro» (linha 2).

(D) uma hipérbole, presente em «nossa própria casa celeste» (linhas 6 e 7).

Resposta: (B) - Correto

5 - O pronome pessoal «nos» desempenha a função sintática de complemento direto em todas as expressões abaixo apresentadas, exceto em

(A) «nos compõe» (linha 11).

(B) «nos tornam» (linha 16).

(C) «nos manter» (linha 26).

(D) «nos dizem» (linha 24).

Resposta: (A) - Errado. Resposta correta era (D)

6 - Tal como em «que não somos nem estamos de todo no centro do mundo, do Universo» (linhas 19 e 20), está presente uma oração subordinada substantiva completiva em

(A) «de onde vimos» (linha 9).

(B) «ainda que faltem milhares de milhões de anos» (linhas 11 e 12).

(C) «que operamos com as nossas mãos» (linha 15).

(D) «que, afinal, somos mesmo muito importantes» (linha 24)

Resposta: (D) - Correto

7 - A única expressão em que estão presentes exemplos dos três tipos de dêixis (temporal, espacial e pessoal) é

(A) «leva-nos hoje à ideia mais nítida de sempre sobre de onde vimos, como chegámos aqui» (linhas 8 e 9).

(B) «Olhar o céu é apontar em direção às nossas origens cósmicas» (linhas 12 e 13).

(C) «A nossa viagem em busca das nossas origens, olhando ou não o céu, parece ter começado muito, muito cedo» (linhas 18 e 19).

(D) «somos total e completamente insignificantes, espacial e temporalmente» (linhas 20 e 21)

Resposta: (C) - Errado. Resposta correta era (A)

Grupo III

«Nunca tantos de nós dirigiram o olhar maioritariamente para baixo. Um olhar focado em pequenos ecrãs que operamos com as nossas mãos e que nos tornam por vezes cada vez mais isolados. Num mundo que é cada vez mais global, mas por vezes tão conectadamente desconectado.» David Sobral, Qual É o Nosso Lugar no Universo?, Lisboa, Planeta, 2022, p. 21. Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a posição assumida por David Sobral quanto ao impacto da tecnologia nas relações humanas. No seu texto: − explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo; − formule uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida; − utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Resposta: Título: O Impacto da Tecnologia nas Relações Humanas

Introdução: No texto "Qual É o Nosso Lugar no Universo?", David Sobral aborda a relação entre a tecnologia e as relações humanas, destacando o fenômeno do olhar direcionado para os pequenos ecrãs. Neste texto de opinião, discutirei a perspetiva pessoal sobre essa posição, defendendo que a tecnologia tem um impacto significativo nas relações humanas.

Ponto de vista: Acredito que a posição de David Sobral é pertinente, uma vez que a tecnologia tem influenciado de forma expressiva as interações sociais. Dois argumentos fundamentam essa perspetiva:

-Isolamento social: O foco constante nos pequenos ecrãs, como smartphones e tablets, tem levado as pessoas a se desconectarem do ambiente à sua volta. Em vez de interagir com aqueles que estão presentes fisicamente, as pessoas muitas vezes se perdem em suas telas, criando barreiras para a comunicação interpessoal. Por exemplo, em encontros sociais, é comum ver grupos de pessoas imersas em seus dispositivos, em vez de se envolverem em conversas e conexões reais.

-Superficialidade das relações: A comunicação digital, embora facilite a conexão com pessoas distantes, muitas vezes resulta em interações superficiais. Em redes sociais e aplicativos de mensagens, as relações tendem a se basear em curtidas, comentários rápidos e emojis, em vez de conversas significativas e profundas. Essa falta de contato real pode levar à redução da empatia e à dificuldade em estabelecer vínculos genuínos.

Exemplo significativo: Um exemplo que ilustra essa perspetiva é o uso excessivo das redes sociais. Muitas pessoas passam horas navegando por feeds e perfis, consumindo conteúdo de forma passiva, mas sem uma verdadeira conexão com os outros. Isso resulta em uma ilusão de conexão social, enquanto, na realidade, pode aumentar a solidão e a sensação de desconexão.

Conclusão: Diante desses argumentos, fica claro que a tecnologia tem um impacto significativo nas relações humanas, afetando o modo como interagimos e nos conectamos uns com os outros. É essencial encontrar um equilíbrio saudável entre a utilização da tecnologia e a valorização das interações reais. Somente assim poderemos evitar o isolamento social e promover relações mais autênticas e significativas.

Discurso valorativo: É crucial refletirmos sobre o uso excessivo da tecnologia e seus efeitos nas relações humanas. Devemos valorizar as conexões reais e buscar momentos de interação pessoal genuína. Ao reconhecermos o impacto da tecnologia, estaremos mais preparados para estabelecer relações saudáveis, profundas e enriquecedoras em um mundo cada vez mais conectado, porém, muitas vezes, desconectado.

Relacionados

Educação

Mais Educação

Mais Lidas

Patrocinados