Cientistas britânicos descobrem capacidade de evolução “quase infinita” do cancro

CNN Portugal , DCT
15 abr 2023, 22:00
Cancro (Unsplash)

Para os investigadores da Cancer Research UK, que se focaram no cancro do pulmão, é improvável que seja encontrada uma cura universal para a doença

A capacidade que os tumores cancerígenos têm de fintar os tratamentos e as tentativas de diagnóstico precoce não é uma novidade para a comunidade científica, mas um recente estudo da Cancer Research UK vem mostrar que o cenário é bem mais complexo do que o esperado: a evolução do cancro pode mesmo ser “quase infinita”.

Ao longo de sete estudos publicados nas revistas Nature e Nature Medicine, os investigadores britânicos analisaram biópsias de diferentes partes do cancro que afetou o pulmão a 421 pessoas e concluíram que as células altamente agressivas do tumor inicial são as que acabam por se espalhar pelo corpo, dando origem a metástases e complicando o combate à doença.

Mas não só: os tumores com maiores níveis de danos genéticos são mais propensos a recidivar noutras partes do corpo após cirurgia, dando também azo a metástases. A metástase acontece quando a célula cancerígena se ‘descola’ do tumor e se ‘desloca’ para outras partes do corpo, podendo afetar vários órgãos.

Embora se tenham focado no cancro do pulmão, os cientistas britânicos dizem que as descobertas podem ser aplicadas ao cancro de uma forma geral, independentemente da zona do corpo onde se aloja.

Para os autores do estudo, ter feito estas descobertas traz mais conhecimento sobre a doença, mas também mais desafios quanto ao seu combate, seja a nível de diagnóstico como de tratamento.

“Não quero parecer muito deprimente sobre isso, mas acho que - dadas as possibilidades quase infinitas em que um tumor pode evoluir e o grande número de células num tumor em estadio avançado, que pode ser várias centenas de triliões de células - alcançar a cura em todos os pacientes com doença em estadio avançado é uma tarefa tremenda”, disse à BBC Charles Swanton, do Instituto Francis Crick e da University College London e um dos autores da investigação.

No entanto, o estudo, intitulado TracerX, não apresenta apenas cenários negativos - consegue também desvendar o que a ciência pode ser capaz de fazer para evitar o caos e até mesmo a doença. Sugerem os autores que analisar o sangue para procurar fragmentos do ADN do tumor pode antecipar a deteção de metástases até 200 dias antes de estas serem visíveis numa tomografia computadorizada (raio-X).

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