Nos próximos dias, a pluma deverá espalhar-se por toda a Europa, mas é pouco provável que as pessoas sintam o cheiro
O fumo de centenas de incêndios florestais que ardem no Canadá, já cobriu partes dos Estados Unidos e colocou cerca de 75 milhões de pessoas sob alerta de qualidade do ar, chegou à Europa, segundo cientistas da Noruega.
Nos últimos dias, nuvens de fumo estenderam-se do Canadá até à Gronelândia e à Islândia e chegaram à Noruega.
Os cientistas do Instituto de Investigação Climática e Ambiental da Noruega (NILU) conseguiram detetar o aumento do fumo utilizando instrumentos muito sensíveis e confirmar a sua origem através de modelos de previsão.
Os noruegueses poderão sentir o cheiro e até notar o fumo sob a forma de uma ligeira neblina, mas, ao contrário de algumas zonas dos EUA onde se registaram níveis de poluição perigosos, não deverão ter qualquer impacto na saúde, afirmou Nikolaos Evangeliou, cientista sénior do NILU. "Os incêndios que se deslocam de tão longas distâncias chegam muito diluídos", explicou à CNN.
Nos próximos dias, a pluma deverá espalhar-se por toda a Europa, mas é pouco provável que as pessoas sintam o cheiro ou se apercebam do fumo, indicou Evangeliou.
Updated calculations carried out by @Nick_Evangeliou, @EckhardtSabine & colleagues at @NILU_now show that smoke from the forest fires 🔥 in Canada is still drifting in over Norway. It will also reach other parts of Europe over the next few days:https://t.co/7EpkRNPT5Z
— NILU (@NILU_now) June 9, 2023
Não é invulgar que o fumo dos incêndios florestais percorra longas distâncias. "O fumo de incêndios florestais, como os do Canadá, é injetado a grandes altitudes, permanecendo assim na atmosfera durante mais tempo e podendo percorrer grandes distâncias", esclareceu.
Em 2020, o fumo dos incêndios florestais recordistas da Califórnia foi detetado em Svalbard, um arquipélago norueguês situado no interior do Círculo Polar Ártico.
O fumo tem impactos climáticos negativos. O fumo dos incêndios florestais que se deslocam sobre o Ártico deposita fuligem na neve e no gelo, escurecendo a superfície branca, o que lhe permite absorver mais calor. Isto, por sua vez, acelera o aquecimento do Ártico.
#ImageOfTheDay
— 🇪🇺 DG DEFIS #StrongerTogether (@defis_eu) June 9, 2023
The #wildfires 🔥 ongoing in #Quebec, #Canada🇨🇦, have generated a smoke cloud which heavily degraded the #AirQuality in many US states on 7 June
The smoke cloud was visible in the #Sentinel3 🇪🇺🛰️ image acquired on the same day #CanadaFires #QuebecWildfires pic.twitter.com/RNyJBtm4X3
O Ártico já está a aquecer cerca de quatro vezes mais depressa do que o resto do mundo, o que tem consequências globais, incluindo a influência de fenómenos meteorológicos extremos, como ondas de calor, incêndios florestais e inundações.
Não se espera que os níveis de fuligem provenientes dos incêndios florestais canadianos tenham um impacto direto no degelo do Ártico, porque são demasiado diluídos, observou Evangeliou. Mas a preocupação é que, se os incêndios nas altas latitudes aumentarem, como aconteceu nas últimas décadas e se prevê que continue a acontecer, mais fuligem se depositará, acrescentou.
À medida que a crise climática se intensifica, prevê-se que as épocas de incêndios florestais aumentem de gravidade, especialmente à medida que as secas e o calor se tornam mais comuns e mais graves.