A ameaça que se esconde no mar de Portugal: sabotagem dos cabos submarinos "seria uma catástrofe"

19 jun 2023, 07:00
Trabalhadores instalam o cabo submarino de alta velocidade SEA-ME-WE 5, em França (Boris Horvat/Getty Images)

Vários navios russos têm sido vistos a rondar a costa portuguesa, por onde passam 10% a 15% das comunicações de todo o mundo. O próprio chefe do Estado Maior da Armada já admitiu que parte da intenção russa é espiar os cabos submarinos, mas continua a falhar uma estratégia conjunta para responder ao problema

Casas sem Internet, telemóveis sem redes sociais, hospitais sem conseguirem operar e economias com crises brutais. Parece um cenário de apocalipse, mas as ameaças constantemente feitas pela Rússia tornam este cenário algo a imaginar. "Se comprovarmos a cumplicidade do Ocidente na sabotagem dos gasodutos Nord Stream, então não teremos constrangimentos - nem mesmo morais - que nos previnam de destruir os cabos de comunicação dos inimigos." O aviso é do vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, um dos mais próximos aliados de Vladimir Putin.

Esta é uma das ameaças presentes na costa portuguesa, por onde têm passado inúmeros navios com bandeira da Rússia, grande parte deles para recolher informações - o próprio chefe do Estado Maior da Armada, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, confirmou a espionagem sobre os cabos a 16 de março. Um cenário que coloca em alerta não só as autoridades portuguesas, mas as de todo o mundo: a Portugal estão (ou vão estar) ligados 14 cabos submarinos, incluindo o maior do mundo.

Uma tecnologia que é responsável por quase 100% das comunicações feitas em todo o mundo. Isso significa que as redes que utilizamos para trabalhar, em casa ou no escritório, muitas das comunicações via WhatsApp ou outras redes sociais e grandes transações financeiras estão dependentes do que passa por estes cabos. E grande parte dessas comunicações passam pela nossa Zona Económica Exclusiva: cerca de 10% a 15% dos cabos de todo o planeta passam por esta área. Em paralelo, a ANACOM explica que são os cabos submarinos que asseguram praticamente 100% das ligações de Portugal ao resto do mundo, numa relação que deverá intensificar-se com a chegada do 5G (e depois do 6G), segundo a Autoridade Reguladora das Comunicações.

Os cabos submarinos que chegam a Portugal (Submarine Cable Map)

A especialista em Relações Internacionais Sabrina Medeiros, que elaborou o relatório "Cabos submarinos e segurança cibernética no Atlântico" para o Ministério da Defesa, explica à CNN Portugal que esta é uma questão que tem emergido nos últimos tempos, sendo que Portugal aparece como um parceiro estratégico crucial para todo o mundo. Não só tem os cabos que lhe chegam, como pela Zona Económica Exclusiva passam ainda vários outros que ligam a Europa aos Estados Unidos. "Os cabos sempre foram uma infraestrutura crítica, mas não havia uma grande atenção até à digitalização", nota, explicando a dimensão de um ataque: "Um ataque a uma plataforma de petróleo atinge apenas a plataforma ou a base de produção. O ataque a uma infraestrutura crítica como um cabo submarino pode atingir outras infraestruturas em cadeia. Há um efeito dominó, que existe por causa da digitalização."

Isso significa uma eventual rotura de ligações como a Internet, mas também as suas consequências. Atualmente, circulam pelos cabos submarinos triliões de euros todos os dias. No limite, uma interrupção destas ligações pode provocar uma grave crise económica, corrompendo milhares de transações que são feitas todos os minutos.

O diretor de Cibersegurança da agap2IT, empresa portuguesa que opera na área dos Sistemas de Informação, garante à CNN Portugal que o rompimento de um cabo não significa automaticamente um corte de ligação à Internet. Marcelo Nascimento refere que existem mecanismos de segurança que podem ser ativados neste cenário, permitindo que as ligações continuem, desde que o problema no cabo não seja demasiado grave. "Não ficamos totalmente sem Internet, existem contingências. O plano parte da premissa que existem outras formas de obter a informação, e os satélites são uma dessas formas. A informação do Waze, por exemplo, não chega por cabo submarino", explica o engenheiro informático. E o mesmo acontece quando utilizamos os dados móveis dos nossos telemóveis.

Ainda assim, se o corte de cabos for mais generalizado, não há volta a dar: "Pode deixar de ter Internet e afeta gravemente os serviços, porque o grande volume de informação vem dos cabos submarinos. Um ataque deste género seria uma catástrofe, teríamos uma forma muito rápida de tornar uma nação surda e muda, porque não poderia receber ou enviar dados", acrescenta Marcelo Nascimento, lembrando que há empresas que operam com uma grande dimensão digital, incluindo nas transações.

"Se essa empresa não tem uma contingência fica completamente sem valia", conclui o especialista da agap2IT, que trabalha precisamente no mercado de auxílio informático e cibernético a empresas.

Trabalhadores instalam o cabo submarino de alta velocidade SEA-ME-WE 5, em França (Boris Horvat/Getty Images)

Que dados estão exatamente em causa?

Grandes empresas mundiais são responsáveis pelos quase 400 cabos submarinos existentes em todo o mundo. Em Portugal os operadores mais comuns são a Altice e a Vodafone, mas aqui também chegam conexões da Google ou da Meta. É através destas duas últimas que chegam, quase instantaneamente, muitas das comunicações de email ou de aplicações como o WhatsApp ou o Facebook.

"Um corte de cabos que sejam da Meta corta a operação básica e até o serviço de televisão que chega através de fibra ótica", explica Marcelo Nascimento, acrescentando que é preciso "coragem" para se avançar com uma sabotagem em larga escala, uma vez que as repercussões poderiam ser demasiado difíceis de controlar numa economia global.

Todas estas informações são operadas por "portos de dados", normalmente associados à instalação de centros de dados ou hubs de conexão. Em conjunto fazem plataformas de dados para os processar e tratar. Em Portugal esse tipo de estações está presente em locais como Sines ou Carcavelos.

Europa conhece o problema mas não avança com a solução

A questão da proteção territorial dos cabos submarinos que chegam a Portugal está a cargo de Portugal, mas o problema é europeu. Sabrina Medeiros lembra que a discussão para a criação de um sistema que possa defender e atuar em caso de roturas é discutido no Parlamento Europeu há vários anos, mas que nada foi feito.

"Há uma diretiva de 2008 que estabelece um compromisso sobre as infraestruturas críticas de energia e transporte. Pensa-se no transporte como bens e pessoas, mas não se tem o entendimento sobre o transporte de dados", alerta a também professora da Universidade Lusófona. Entretanto foram aprovadas novas regras para a proteção das infraestruturas críticas do espaço comunitário, mas o termo "cabos submarinos" não aparece uma única vez.

E esses dados incluem dinheiro, muito, mas também os dados de milhões de pessoas. São "centenas de gigabytes por segundo em cada cabo submarino", assinala Sabrina Medeiros. Dados de WhatsApp, do Facebook, do nosso email, de tudo.

A Portugal esses dados chegam por várias vias, como Carcavelos ou Sines. É lá que estão os centros que vão processar os dados recebidos. "São locais com vigilância, uma grande estrutura de segurança, com arame farpado no muro e bem protegidos", nota a especialista, que já visitou alguns destes sítios em Portugal.

A Alcatel Submarine Networks é a maior fábrica de cabos submarinos do mundo (Denis Charlet/Getty Images)

Mas a prova de que este era um assunto no qual já se pensava está num relatório de 2021, ainda antes da guerra. O especialista em Segurança Marítima Christian Bueger alertava que "os cabos submarinos de comunicação são a infraestrutura crítica da era digital". O dinamarquês lembrava que "99% da comunicação transacionada" era realizada por aquela via, incluindo transações financeiras, emails ou mensagens de voz, que são transportados por fibra ótica.

"A rede global de cabos submarinos é uma infraestrutura crítica que não está a receber a atenção que merece. Defendemos que a segurança dos cabos é uma matéria governativa de segurança internacional atualmente e no futuro", pode ler-se no documento.

O mesmo Christian Bueger voltou a publicar um relatório, desta vez já com o selo da Comissão Europeia, e com a guerra a decorrer. É aí que o especialista destaca Portugal entre os países que devem ter "preocupações acrescidas" nesta matéria, devendo rever as suas estratégias de segurança. "Em países como França e Portugal a segurança dos cabos submarinos é um tema essencial para as forças navais", refere, assinalando que os dois países documentaram um "alto estado de alerta" para o cenário.

A CNN Portugal contactou o Ministério da Defesa para perceber que tipo de medidas foram tomadas para corresponder aos avisos que chegaram de Bruxelas, mas não obteve qualquer resposta até à publicação deste artigo.

A nível internacional, e como sublinhou Sabrina Medeiros no seu trabalho para o Ministério da Defesa, existem vários acordos e convenções que podem englobar a proteção dos cabos submarinos, mas há como que um vazio legal sobre o que fazer. A Convenção para a Proteção de Cabos Submarinos data do século XIX, não respondendo aos problemas atuais, enquanto o Manual de Tallinn, documento académico que regula a lei internacional na resolução de conflitos cibernéticos, não aborda especificamente esta questão.

E Portugal, está preparado?

Desde logo há uma questão. Portugal, que é um país relativamente pequeno, mesmo à escala europeia, tem de defender um dos maiores territórios marítimos da zona. Sabrina Medeiros destaca que é preciso perceber qual a "dimensão e o caráter jurídico da responsabilidade portuguesa" nesta matéria, até porque o Brexit trouxe maiores responsabilidades à Península Ibérica.

"É um território pequeno, mas com um nível de responsabilidade em relação a todo o tráfego de dados e de fluxos de dinheiro na Europa que é totalmente desproporcional", reitera a especialista, explicando que na frente atlântica passou a haver uma grande dependência de Portugal e Espanha.

Daí que seja importante a criação de interoperabilidade entre os Estados-membros da União Europeia, para que possa haver uma atuação eficaz na fiscalização e, se necessário, na reparação de eventuais danos. Isto porque "Portugal sozinho talvez não seja capaz de atuar", acrescenta Sabrina Medeiros, que ressalva que a responsabilidade nunca poderá ser apenas do Ministério da Defesa de Portugal, mas de todas as autoridades europeias.

Parte de um cabo submarino (Stefan Sauer/Getty Images)

Apesar da ausência de uma coordenação total, existem autoridades responsáveis para lidar com um eventual caso de sabotagem, e que também fazem uma vigilância permanente da costa, bem como dos dados. Por um lado está a Marinha, que já relatou várias situações de navios russos presentes na costa portuguesa, incluindo aquele episódio com o NRP Mondego, em que os marinheiros se recusaram a realizar a missão. Do lado dos dados está o Centro Nacional de Cibersegurança, que tem a responsabilidade de gerir o que se passa com as empresas e com todos os utilizadores.

Sabrina Medeiros lembra que existe uma Estratégia Nacional de Cibersegurança, mas também lamenta que as referências a cabos submarinos sejam praticamente inexistentes. De acordo com o documento que prevê as ações entre 2019 e 2023, apenas uma vez é referido este tipo de infraestrutura. "Existe um compromisso comum em relação às respostas da cibersegurança, mas não está previsto nada quanto ao mercado submarino", avisa a especialista, alertando que seria positivo que a próxima estratégia já englobasse mais informação sobre esta matéria.

É que navios estrangeiros podem navegar nas águas portuguesas, mas devem pedir autorização para o fazer. Sabrina Medeiros não tem dúvidas: "A presença de navios russos implica uma posição política de risco e de ameaça", até porque Portugal apoia a Ucrânia. "Temos de nos lembrar que o problema dos cabos submarinos é transnacional", vinca.

"Quando falamos numa infraestrutura de nove mil quilómetros não há condições de atribuir responsabilidade de um modo simples. E isto ganha toda outra relevância num contexto de guerra. Não consigo lembrar-me de nenhum outro instrumento tão crítico que esteja sob ameaça direta, não há outro meio de infraestrutura tão vulnerável, tão suscetível a sabotagem", sublinha a professora universitária, relembrando os triliões de euros e os muitos dados que passam pelos cabos submarinos todos os dias.

E se essa sabotagem existir em larga escala? "Se for o cabo todo seria uma tragédia em todos os parâmetros. Uma tragédia que implica, inclusive, tragédias secundárias e humanas", afirma Sabrina Medeiros, explicando que, no limite, estamos a falar em impactos em infraestruturas hospitalares e outras, que precisam da transação de dados cruciais para manterem o regular funcionamento.

Marcelo Nascimento diz que para resolver o problema existe uma dificuldade inicial: identificar o ponto de rotura no cabo. É que uma coisa é um dos vários filamentos do cabo ser danificado - aí a reparação pode ser feita com relativa facilidade, mas um corte total do cabo é muito diferente. "A primeira dificuldade é encontrar a rotura. Depois, através de uma operação de águas profundas, tem de se fazer a manutenção e voltar a ligar a fibra. É um processo sempre delicado, imagine-se em alto mar e águas profundas", aponta.

Num caso mais grave, o especialista fala mesmo na necessidade de "dias para restabelecer a conexão total", até porque aqui existe um efeito novidade, uma vez que, até aqui, as autoridades não estavam habituadas a lidar com roturas totais nos cabos.

Trabalhadores celebram a instalação do cabo submarino 2Africa, o maior do mundo, em Barcelona (David Olle/Getty Images)

E este é um tema que também tem merecido atenção interna. O Expresso escreveu que o motivo da intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) no caso do computador levado por Frederico Pinheiro do Ministério das Infraestruturas se deveu precisamente à possibilidade de o aparelho ter informações sensíveis sobre este assunto.

"Julgámos inicialmente que as informações classificadas contidas no computador de Frederico Pinheiro pudessem estar ligadas aos cabos de fibra ótica, que são infraestruturas críticas e alvo recorrente de sabotagem e espionagem. E ficámos com receio que mais dados da TAP pudessem ser expostos", referiu fonte ligada ao processo em declarações ao semanário.

Em vez de destruição, roubo?

O cenário mais óbvio de uma ação inimiga é a destruição dos cabos submarinos. Será mais fácil e provoca grandes danos imediatos nos países afetados. Mas e se quem quiser atacar os cabos tiver outra intenção? E se pretenderem roubar os dados que por ali passam?

Para já ainda não houve indicações de qualquer sabotagem aos cabos submarinos que passam em Portugal, mas Sabrina Medeiros lembra que a espionagem é uma das armas que podem ser utilizadas em contexto de guerra. "Mesmo que não se consigam tirar os dados, é perigoso na mesma", avisa. Para já ficamos pelas ameaças e pelo receio, mas a especialista em Relações Internacionais alerta que casos como a destruição do gasoduto Nord Stream são sinais para a atenção que se deve ter ao que se passa no fundo do oceano.

De resto, pela mesma altura aconteceram dois episódios que colocaram as autoridades em alerta: cabos submarinos foram cortados perto das Ilhas Faroé, deixando o arquipélago sem acesso à Internet. O mesmo aconteceu no sul de França, onde cabos submarinos que ligavam Marselha a Lyon, Milão e Barcelona foram cortados. A operadora responsável pela gestão da rede falou imediatamente em "atos maliciosos" que demoraram horas a ser resolvidos.

É que acidentes acontecem. Na Indonésia, já por mais de uma vez, tubarões foram vistos a roer cabos submarinos, o que até levou a Google a colocar aramida [fibra sintética muito resistente, usada, por exemplo, no fabrico de coletes à prova de bala]. Em Taiwan, em fevereiro deste ano, um acidente danificou dois cabos, deixando a ilha com velocidade de Internet reduzida por mais de dois meses.

Apesar dos riscos inerentes, Marcelo Nascimento destaca que não conhece qualquer tecnologia que seja capaz de roubar dados através dos cabos submarinos, ainda que uma "interferência direta na conexão possa fazer algum tipo de interceção da informação que circula".

Os cabos que chegam a Portugal

Se a tecnologia hoje é de ponta, os cabos submarinos são bem mais antigos do que se possa pensar. Em 1855 foi quando se falou do primeiro projeto para Portugal, com os Estados Unidos a proporem a criação de um cabo telegráfico entre Portugal Continental e o seu território, com passagem pelo arquipélago dos Açores, como conta o trabalho "Datas e Factos do Cabo Submarino em Portugal", da Fundação Portuguesa das Comunicações.

Atualmente, há 12 cabos ativos com ligação a Portugal, estando dois outros a caminho, um deles com operação a iniciar em 2024. É por Carcavelos que vai passar o 2Africa, o maior cabo submarino do mundo, com 45 mil quilómetros e passagem por 33 países, a maioria dos quais em África, cuja conclusão está prevista para o fim deste ano. Este cabo será operado pela Meta, Vodafone e outros operadores, servindo, em grande parte, como base para as comunicações de WhatsApp, Facebook ou Instagram dos países onde está instalado.

António Costa no anúncio do cabo submarino Equiano, que liga a Europa a África (Horacio Villalobos/Getty Images)

Mas se por aqui passa o maior cabo do mundo, também é aqui que passa um dos mais pequenos. O BUGIO tem apenas 73 quilómetros e liga Carcavelos a Sesimbra, tendo sido construído em 1996. A cargo da Altice, deve estar perto do fim da sua operação, uma vez que estas infraestruturas têm um tempo de vida útil que ronda os 25 anos.

Em maio de 2022 foi a vez de chegar a Portugal um cabo da Google. O Equiano, com cerca de 15 mil quilómetros, é um investimento da empresa norte-americana para ligar Europa e África. Tem uma capacidade de 144 terabytes por segundo, 20 vezes mais do que o cabo que estava disponível na costa ocidental africana.

Cabos submarinos com ligação a Portugal

Nome

Ano

Comprimento

Operadores

Países

Entrada em Portugal

2Africa

2023

45 mil quilómetros

Meta, Vodafone e outros

33 países em três continentes

Carcavelos

Africa Coast to Europe (ACE)

2012

17 mil quilómetros

Orange e outros

19 países em dois continentes

Carcavelos

Azores Fiber Optic System (AFOS)

1998

1.100 quilómetros

Altice

Um

Grupos Ocidental e Central dos Açores

BUGIO

1996

73 quilómetros

Altice

Um

Carcavelos e Sesimbra

CAM Ring

2003

1.120 quilómetros

Altice

Um

Porto Santo, Funchal e Ponta Delgada

Columbus-III Azores Portugal

1999

Sem informação

Altice

Um

Carcavelos e Ponta Delgada

Continente-Madeira

2000

1.179 quilómetros

Altice

Um

Carcavelos e Funchal

EllaLink

2021

6.200 quilómetros

EllaLink

Quatro

Funchal e Sines

Equiano

2023

15 mil quilómetros

Google

Seis em dois continentes

Sesimbra

Europe India Gateway (EIG)

2011

15 mil quilómetros

Altice, Vodafone e outros

Dez em três continentes

Sesimbra

Flores-Corvo Cable System

2014

685 quilómetros

Viatel

Um

Corvo, Faial, Flores e Graciosa

Main One

2010

7.000 quilómetros

MainOne

Cinco em dois continentes

Seixal

Medusa Submarine Cable System

2024

8.760 quilómetros

AFRIX Telecom

Dez em dois continentes

Carcavelos e Sines

Olisipo

2024

110 quilómetros

EllaLink

Um

Carcavelos e Sines

Sagres

1998

302 quilómetros

Altice

Um

Burgau e Sesimbra

SAT-3/WASC

2022

14.350

Altice, Vodafone e outros

Onze em dois continentes

Sesimbra

SeaMeWe-3

1999

39 mil quilómetros

Altice, Vodafone e outros

30 países em quatro continentes

Sesimbra

Tata TGN-Western Europe

2002

3.578 quilómetros

Tata Communications

Três

Seixal

West Africa Cable Systems (WACS)

2012

14.530 quilómetros

Altice, Vodafone e outros

12 em dois continentes

Seixal

Fonte: Submarine Cable Map

Voltando no tempo, o primeiro cabo submarino em Portugal foi inaugurado em 1870. Servia então para a troca de telegramas entre o rei D. Luís e a rainha Vitória, de Inglaterra, mas também permitia ligar Portugal a países como a Índia.

Amostra de um cabo submarino que ligava o Reino Unido à Alemanha em 1866 (Getty Images)

Quando as linhas romperam

Foi em 2008 que um descuido de um navio que tentou navegar com mau tempo deixou 75 milhões de pessoas com acesso limitado ou mesmo sem Internet, impactando os negócios e as comunicações (telefónicas e eletrónicas) em todo o Médio Oriente e em grande parte da Ásia, incluindo na Índia ou no Dubai.

“As pessoas que descarregam músicas e filmes vão afetar os negócios que têm coisas mais importantes para fazer”, afirmou, na altura, o governo do Egito.

Hoje, e passados 15 anos, os cabos submarinos têm ainda mais importância, pelo que uma sabotagem ou um acidente de grandes dimensões poderiam colocar em cheque muito mais comunicações.

É que a comunicação digital é completamente diferente: circula incomparavelmente mais dinheiro e informação.

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