Benfica na Vila que também idolatra ex-leões e dragões

7 out 2016, 10:32
A festa de Emerson na Vila Belmiro

Histórias encarnadas no Brasil e as outras referências do Santos

Vila Belmiro.

O próximo destino do Benfica é o berço da realeza do futebol brasileiro. Ali nasceu Pelé, o Rei. E só isso bastaria para tornar o estádio Urbano Caldeira num dos locais míticos do maior país lusófono.

O Benfica vai a Santos celebrar os cem anos do estádio e, consequentemente, homenagear todos os que por lá criaram história. Entre esses, há Léo, o guerreiro baixinho do Peixe que passou na Luz, figura santista ligada ao universo encarnado e o principal motivo do voo da águia. Mas há mais entre os principais ídolos que passaram em Portugal, inclusive um Menino da Vila que até deu uma Taça dos Campeões ao FC Porto e um avançado que, nas décadas de 70 e 80, foi um visionário prático do UFC.

Histórias de viagens e jogos no Brasil

A águia voou para o Brasil várias vezes entre 1955 e 1997, ou seja, já não vai àquele país há 19 anos (última partida a 7 de agosto de 1997).

Foi no Brasil, por exemplo, que primeiro se viu Mário Coluna fora de território nacional, no Torneio Internacional Charles Miller, em junho de 1955, disputado no Rio de Janeiro e São Paulo.

«No primeiro encontro, com o Flamengo, perdemos 1-0, mas fomos elogiados pela imprensa brasileira, a qual me chamou de Didi português. Ao Costa Pereira puseram-lhe a alcunha de Goleiro do Maracanã, porque nunca tinham visto um guarda-redes jogar fora da área e de cabeça», Mário Coluna, in Almanaque do Benfica

Já última digressão aconteceu numa temporada em que os encarnados viriam a ter três técnicos: Manuel José, Mário Wilson e Graeme Sounness. Três jogos em Belo Horizonte, duas derrotas (1-4 e 2-5) e um empate (0-0) com Cruzeiro, Flamengo e Olímpia respetivamente.

Na primeira daquelas goleadas sofridas, andava por lá um tal Giovani, Soneca…

O Benfica também já jogou na Vila Belmiro. Em 1956/57, perdeu lá um particular por 3-2. Os jogos com o Santos mais famosos são outros, claro: a Taça Intercontinental disputou-se no Maracanã e na Luz e naquela que foi considerada como a vingança pelo Mundial de 1966, o Peixe também goleou o Benfica por 4-0, em Nova Iorque, palco também do único empate e resultado positivo que as águias conseguiram em sete jogos com os santistas.

Os encarnados fizeram 35 jogos no Brasil, 31 deles frente a equipas do país. Os outros quatro com Peñarol (2), Audax Italiano e Olimpia. 

Após o 25 de abril de 1974, o Brasil foi um dos primeiros destinos dos encarnados. Na pré-temporada de 74/75, em setembro, conseguiram a última vitória frente a uma equipa brasileira no Brasil: 1-0 ao At. Mineiro. O encontro deste sábado não é competitivo, mas fica o registo: em solo brasileiro, os encarnados conseguiram 10 vitórias, 9 empates e 16 derrotas.  

Naquele país lusófono, o Benfica já jogou nas seguintes cidades: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador da Bahia, Santos e São Paulo.

Histórias e ídolos da Vila: Pelé e o avançado brutal que veio para o Marítimo

Pelé é o maior da Vila. Depois dele, Neymar. Por isso, são os únicos ex-jogadores com direito a camarote no Urbano Caldeira (antigo guarda-redes, dirigente e treinador do clube). Aliás, o jogador do Barcelona até tem dois, mas o do Rei tem WC.

Se o Rei é o património humano mais valioso, a taça Bola de Ouro é o troféu mais bem guardado do futebol brasileiro: feita de ouro e rubis, raramente saiu do cofre de Vila Belmiro.

Obviamente, Pelé é o maior artilheiro do recinto. Aliás, na era do Rei, o estádio ficou conhecido por Alçapão da Vila. Porquê? Porque quem lá ia, caía. Muitas vezes com estrondo. O Botafogo, por exemplo, sofreu oito golos do Rei e 11 do Santos em 1964.

As citações do vídeo são atribuídas a Juninho Paulista, Raí, Vanderlei Luxemburgo, Rogério Ceni e Canera.

Léo é o 10º jogador com mais jogos pelo clube e um dos maiores ídolos do Peixe. É, provavelmente, a maior ligação santista ao futebol português. Mas não é a única e até há ex-leões e dragões na lista de maiores ídolos do Santos.

Na baliza, uma das principais referências do Santos é um ex-guarda-redes do Sporting. Rodolfo Rodriguez mudou-se, precisamente, do clube paulista para Alvalade na década de 80.

Há ainda Diego, que chegou ao FC Porto em 2004 depois de ter brilhado na Vila Belmiro. Ainda nos dragões, o inevitável Juary.

O autor do 2-1 ao Bayern, que deu a primeira Taça dos Campeões Europeus ao clube azul e branco, é elemento da equipa santista de 1978, campeã estadual e que ficou conhecida como Meninos da Vila.

Entre os maiores dos maiores do Santos, Pepe foi o Canhão da Vila e treinador do Boavista depois. Já o Marítimo recebeu, em 1987, um avançado...brutal.

Serginho Chulapa, o ponta de lança do Brasil de 1982 (sim, essa equipa) merecia um parágrafo só para ele. Mas pelo feitio que tem, é melhor deixarmos o antigo avançado falar por ele próprio.

O Benfica é convidado de honra numa homenagem a Léo, mas o encontro de Vila Belmiro tem muito mais História para além disso e marca o regresso dos encarnados a um destino que era habitual nas décadas de 50, 60 e 70, mas que ainda não visitou no século XXI.

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