Oposição da Bielorrússia 'hackeia' televisão estatal para transmitir discurso da líder exilada

25 fev, 13:00
“Ainda tenho síndrome de impostor”: entrevista a Sviatlana Tsikhanouskaia, a principal opositora de Lukashenko na Bielorrússia

The campaign "Human Rights Defenders for Free Elections" formed an expert mission which monitored all stages of the election campaign based on the open sources and information from people in Belarus (with no observers on the ground due to security reasons). The overall conclusion about the elections: they did not meet international standards for democratic and free elections, and were accompanied by numerous violations of the electoral legislation of the Republic of Belarus. All stages of the electoral process were not just administratively controlled by the authorities, but were organized by them to retain power, to imitate popular support and social consensus. Among the most problematic specific aspects of the elections are:
- non-transparent formation of election commissions;
- lists of people nominated as candidates and registered candidates are apparently approved by the power vertical;
- candidates’ campaigning was an imitation of the political activity; they conducted some canvassing activities, but these events and their media coverage were built around general appeals to come to vote;
- continuation of the practice of forcing voters to participate in early voting (this year’s early voting turnout was the largest ever (41.7%);
- elections where conducted against an atmosphere of intimidation with bans on photographing (which was a powerful instrument of proving election fraud during presidential elections 2020) and taking out ballots, rhetoric about "extremists' plans" and police officers at all polling stations.

Ciberataque foi executado por um grupo de ex-agentes das forças de segurança exilados, no dia em que os bielorrussos são chamados às urnas para eleições municipais. É o primeiro sufrágio no país desde que mais de 35 mil opositores foram detidos no rescaldo das presidenciais de 2020

Em dia de eleições municipais na Bielorrússia, a oposição conseguiu ‘hackear’ 2 mil ecrãs públicos em todo o país para transmitir um discurso da líder da oposição exilada na Lituânia.

Durante cerca de duas horas, o discurso de Sviatlana Tsikhanouskaya, no qual pede um boicote às eleições deste domingo e o apoio total à Ucrânia contra a Rússia de Putin, foi transmitido na televisão estatal.

O ciberataque foi levado a cabo por um grupo de ex-agentes das forças de segurança exilados, indica a britânica Sky News.

As eleições na Bielorrússia marcam a primeira ida às urnas no país desde as contestadas presidenciais de 2020, que levaram à detenção de mais de 35 mil críticos ao regime de Aleksander Lukashenko após acusações de fraude eleitoral.

Como indicam analistas e políticos que acompanham a situação na Bielorrússia, como a eurodeputada portuguesa Isabel Santos, o sufrágio deste domingo não tem quaisquer garantias de transparência e independência.

Também em entrevista à CNN, a campanha "Defensores dos Direitos Humanos por Eleições Livres" do grupo de direitos humanos Viasna indica que "a conclusão geral desta ida às urnas é que não cumpriu os padrões de eleições livres e democráticas, e foi acompanhada de numerosas violações da legislação eleitoral da República da Bielorrússia".

"Todos os níveis do processo eleitoral não foram controlados pelas autoridades apenas administrativamente, mas organizados para a retenção do poder, para fingir apoio popular e consenso social", adianta a campanha de ativistas bielorrussos, que cita como "aspetos mais problemáticos" a formação de comissões eleitorais não-transparentes e a "continuação da prática de forçar os eleitores a votar antecipadamente", que este ano "atingiu o valor mais elevado de sempre, de 41,7%".

"As eleições foram conduzidas numa atmosfera de intimidação com a proibição de fotografias (um instrumento poderoso que ajudou a provar a fraude eleitoral em 2020), retórica sobre 'planos extremistas' e agentes da polícia em todas as estações de voto", adianta a campanha da Viasna, criada para compensar a ausência de observadores eleitorais no terreno por "razões de segurança".

A votação para eleger 110 deputados para a câmara baixa do parlamento e cerca de 12 mil representantes em conselhos municipais, indicam os analistas, tem como único propósito cimentar o autoritarismo de Lukashenko, que está no poder desde 1994 e que tem em Vladimir Putin, o presidente da Rússia, o seu único aliado.

Esta manhã, no arranque da votação, Lukashenko fez saber que, após 30 anos na presidência, vai recandidatar-se ao cargo de chefe de Estado da Bielorrússia nas eleições presidenciais do próximo ano.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados