Rui Costa: «Houve desavença com Jesus e jogadores ficaram do lado de Pizzi»

12 jan 2022, 22:52

Presidente do Benfica em entrevista

O presidente do Benfica, Rui Costa, passou os temas da atualidade do clube em entrevista à BTV. No canal dos encarnados, o dirigente falou sobre a saída de Jorge Jesus do comando técnico e explicou a opção por Nélson Veríssimo, convencido que está que o atual treinador não ficará apenas seis meses no cargo.

Numa longa explicação sobre o que levou à rescisão com Jesus, Rui Costa começou por garantir que o técnico «não foi despedido pelos jogadores», apesar de, à frente, ter admitido um desentendimento com Pizzi que viria a envolver todo o plantel.

«Jorge Jesus, como homem do futebol e após o episódio que irei explicar, eu e ele chegámos à conclusão de que as coisas iam ser difíceis para nós. O mês de dezembro é penoso. Tivemos três derrotas pesadíssimas com os rivais. O que chocou mais não foram as derrotas em si, mas o modo como perdemos, uma delas em casa. A derrota com o Sporting criou um ambiente que não era favorável», começou por dizer o dirigente. 

«Com a história do Flamengo e com um treinador que também é mediático, e aí por mérito dele, fez com que o ambiente à volta da equipa e treinador tivesse ficado bastante pesado. Acabou por finalizar naquele episódio com a equipa toda. Eu se calhar devia ter explicado e falado nessa altura. Explico agora por que é que não o fiz. Foi para não criar mais atrito e deixar a equipa o mais tranquila possível. Não queria tirar o foco ao novo treinador. Não foram os jogadores que despediram o treinador, foi uma sequência de episódios», disse Rui Costa.

Questionado sobre um alegado episódio entre Pizzi e Jesus, o líder dos encarnados confirmou-o.

«É verdade algumas coisas ditas na comunicação social, outras empoladas. Houve uma desavença entre jogador e treinador, que se deram sempre bem. Não há grupo nenhum, há um grupo de 27 jogadores que luta por um objetivo. Criam-se mitos, o Pizzi merece o nosso respeito. Houve um desentendimento no qual a equipa manifestou apoio a Pizzi e quando se diz que interpelei a favor de Pizzi, quem diz isto não conhece Jorge Jesus. Não me conhece a mim, mas não conhece Jorge Jesus. Houve jogadores que foram afastados no planeamento da época e se Jesus tivesse decidido assim, eu não me punha na posição de ir contra o treinador. Após o incidente, o que fiz foi em coordenação com Jorge Jesus. Jesus não o excluiu até final da época. Eu estava no Seixal e nesse preciso momento decidimos acabar a história. O que depois leva Jesus e a mim a pensar não é a questão Pizzi. Essa é resolvida entre conversa com treinador e jogador. O que pesa é que os jogadores ficaram do lado de lá e não do lado de cá. O incidente acontece numa altura em que Jesus não estava no balneário. Esse mal-estar dele foi após perceber que  equipa não ficou do lado dele. Este episódio vem na sequência de outros.»

Ora, antes deste caso no seio do grupo encarnado, Jorge Jesus recebeu em casa dirigentes do Flamengo, clube que queria contratar o técnico de volta.

«Uma das preocupações que tínhamos era o massacre do "Jesus vai para o Flamengo". As pessoas estavam cá. Não é preciso ter autorizações. Eu falava com Jesus todos os dias, discutíamos muito o tema ao ponto de perguntar-lhe qual era o interesse dele. A vontade de Jesus era de continuar até final do contrato. Isso foi-me dito por Jesus. A famosa autorização foi, "então faz-me um favor e diz-lhes que não"», contou Rui Costa. 

«A razão de falar diretamente com o próprio clube era libertá-lo desse peso e esse compromisso foi cumprido à regra. Tanto assim é que João de Deus disse tal e qual o que disse. Esse compromisso foi feito entre os dois e respeitado pelos dois. Tanto assim é que quando Jesus é despedido, o Flamengo já tem outro treinador. O nosso abraço é genuíno», acrescentou o presidente das águias, em referência ao momento final da conferência em que foi anunciada a rescisão com Jorge Jesus.

«Estou convencido que Veríssimo não será para seis meses»

Rui Costa foi questionado sobre mais dois nomes. O diretor-geral Rui Pedro Braz e Nélson Veríssimo. Sobre o primeiro frisou o facto de ser «um benfiquista ferrenho» e elogiou-lhe o trabalho:  «O Rui teve um papel importante no mercado de transferências do clube, tem-se empenhado ao máximo e tem todas as condições para ser um extraordinário diretor.»

Por fim, o presidente das águias justificou a escolha por Nélson Veríssimo

«É um homem da casa. Era preciso dar um choque no paradigma. O trabalho na equipa B é demonstrativo da qualidade dele. É um benfiquista ferrenho, com ambição enorme, conhecia o plantel, era mudança, mas com conhecimento e acredito nas capacidades dele. Sei o que sofre pelo clube. Vai ser mais um que ao mínimo resultado que não seja positivo vai sofrer a dobrar. Tem feito trabalho fantástico na formação. Estou convencido que Veríssimo não será para seis meses, mas vamos ser cautos, tanto eu como o Nélson», rematou.

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