Demissões voltam ao Banco de Fomento

ECO - Parceiro CNN Portugal , Mónica Silvares
31 ago 2023, 08:36
Ana Carvalho, presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento (António Cotrim/Lusa)

Pedro Magalhães e Ana Oliveira foram os responsáveis pelo desenho de muitos dos produtos oferecidos pelo Banco de Fomento. Cansaço ditou as saídas.

O Banco de Fomento está numa nova fase de mudanças. O diretor de dívida, capital e desenvolvimento de negócio, tido como um dos mais importantes da instituição, bateu com a porta e levou consigo a sua número dois.

Pedro Magalhães, que entrou no Banco de Fomento através da integração da IFD (Instituição Financeira de Desenvolvimento), uma das duas instituições que foram fundidas na SPGM para dar origem do Banco de Fomento, apresentou a demissão no final de junho e termina funções no final deste mês de agosto. Em causa, ao que o ECO apurou junto de várias fontes, está uma sensação de cansaço e de falta de evolução significativa na instituição. O ECO tentou contactar Pedro Magalhães, mas este declinou fazer declarações.

Pedro Magalhães e Ana Oliveira, equity manager, foram os responsáveis pelo desenho de muitos dos produtos oferecidos pelo Banco de Fomento, apesar de a instituição ter feito três contratos consecutivos com a Oliver Wyman para a ajudar na “definição de estratégia e produtos, elementos financeiros, governance, organização e recursos humanos, processos, ferramentas e infraestruturas”. E é por isso que são estas são consideradas baixas de peso.

O Banco de Fomento tem vivido tempos conturbados desde a sua criação – a começar porque nasceu em plena pandemia, mas também nunca ganhou a tração desejada junto do tecido empresarial, nem apresenta o mesmo “poder de fogo” das instituições congéneres (KfW, ICO ou BPI France) – o que já lhe custou vários ativos ao longo dos tempos: a administradora que tutelava o pelouro do Risco e Conformidade, Susana Bernardo; o diretor de compliance, João Martins; no verão de 2022, além de vários elementos das equipas que levaram a instituição a lançar um amplo processo de recrutamento.

O recrutamento que teve momentos polémicos como a escolha de Manuel Queiroz Ribeiro, ex-adjunto do ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, contratado por ajuste direto para prestar serviços de jurídicos, consultoria estratégica e relações institucionais, mas que agora já ocupa um cargo de diretor. A própria presidente executiva, Beatriz Freitas, foi afastada do cargo pelo atual ministro da Economia, que não estava satisfeito com o desempenho do BPF. E, mais recentemente, em março, já sob a batuta de Ana Carvalho e Celeste Hagatong, o administrador executivo Tiago Simões de Almeida e o presidente da comissão de auditoria António Joaquim Andrade Gonçalves também apresentaram a demissão.

Ana Carvalho e Celeste Hagatong têm tentado marcar a diferença face à administração anterior, imprimindo novas dinâmicas, como o “Roadshow Fomento”, para promover “cultura de gestão e boas práticas de governança corporativa”. Mas, o banco parece não conseguir descolar das críticas de não corresponder às expectativas com que foi criado. A demora na chegada ao terreno (beneficiários finais) de Programas como o de Recapitalização Estratégica ou o Consolidar é apenas um exemplo.

O ECO sabe que o banco está a levar a cabo um amplo programa de contrações, apesar da equipa ter sido reforçada com 25 pessoas em 2022, um aumento “aquém do necessário para o desempenho da sua missão”, de acordo com o relatório e contas que revelou um aumento de 1,5 milhões de euros em gastos com pessoal.

Em curso está uma alteração no organigrama do banco, com a criação e novos departamentos. O ECO questionou o banco sobre todas estas matérias, mas não obteve respostas até à publicação deste artigo.

O ECO sabe também que há mais saídas na calha.

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