Brisa prepara-se para desistir do TGV - mas tem outros investimentos na forja

20 jun 2023, 11:16

Pires de Lima afirma que o concurso da alta velocidade ferroviária privilegia o financiamento e a construção da operação por privados, mas não a gestão, que ficará entregue a uma empresa pública. “Não somos um banco nem uma empresa de construção”, diz Pires de Lima, que acrescenta que a principal mais-valia da Brisa estaria na gestão. A empresa renova outros interesses para investir em Portugal

O presidente executivo da Brisa, António Pires de Lima, avançou esta terça-feira de manhã que a concessionária portuguesa, que chegou a admitir a possibilidade de uma parceria com o Estado português para estudar e avaliar o projeto TGV, prepara-se para desistir dessa ideia. 

Em causa está o facto de o concurso privilegiar o financiamento privado da operação mas não a gestão privada, que deverá ficar entregue a uma empresa pública. “Não somos um banco”, diz Pires de Lima, que acrescenta que a principal mais valia da Brisa estaria na gestão.

"Nós analisámos o modelo que está em cima da mesa e chegámos a conclusão que ele não encaixa naquilo que são as competências da Brisa", afirmou o presidente executivo da companhia.

A decisão formal será tomada em breve, até porque "estamos a rever o nosso plano estratégico", mas o sentido parece certo: "É altamente provável que a Brisa não se venha a interessar por este concurso porque ele deixa, basicamente, a gestão da operação para o operador público. E é nisso que a Brisa tem vantagens competitivas, é isso que a Brisa sabe fazer, achamos nós, melhor do que outros." Ora, o modelo aponta sobretudo para necessidades de financiamento e de construção privadas. "Nós não somos um banco, nós não somos uma empresa de construção", a competência-chave da Brisa é sim "a gestão da manutenção e da operação".  

A revelação aconteceu durante a CNN Summit, no painel que olhava para o futuro das concessões rodoviárias em Portugal, que juntou também Miguel Cruz, presidente das Infraestruturas de Portugal, e Luís Barroso da MOBI.E.

António Pires de Lima acrescentou, no entanto, que o desinteresse na alta velocidade ferroviária não põe em causa a disponibilidade e vontade de a Brisa investir em Portugal, listando outras áreas de interesse para a empresa.

"Estamos interessadíssimos em continuar a investir em Portugal"

"Dentro do espaço daquilo que é a mobilidade rodoviária, não só nas concessões das autoestradas, podemos também falar de investimentos daquilo a que se chama o last mile [última milha] de ligações das autoestradas a uma série de autarquias que têm vindo a pretender facilitar o acesso de vilas ou cidades principais às autoestradas", exemplifica António Pires de Lima. 

Já "naquilo que são os sistemas de mobilidade mais ligeiros, nomeadamente o ecossistema de Via Verde, onde temos investido muito, com novos serviços, nomeadamente aquele que lançámos há cerca de ano e meio de Via Verde Elétrica, ou através do desenvolvimento de tecnologia para a gestão de infraestruturas, nós temos vindo a investir no nosso país e estamos interessadíssimos em continuar a investir em Portugal", conclui. 

Notícia atualizada às 20h11 de 20 de junho com desenvolvimento das declarações. 

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